A meio da noite
Ergo-me,
Ferido pelas adagas
Do vazio.
Os templos cheiram
A nada ,
Os deuses
Abandonaram-nos,
Fugiram pela
Calada das quelhas.
Vejo como as estrelas
Caiem,
Num mergulho
Vertical
escorregam
Pelos precipícios negros...
As romãs de Salomão
Desfeitas,
Os satélites já mal
Brilham
Sob as lágrimas
Coalhadas dos teus olhos,
Agora dilacerados,
Tomados pela raiva
Do escárnio,
Outrora tão cheios de
De verde mar!
Tão cheios de seiva
E aventuras!
Caio sobre mim...
E vejo-me perante
As portas do
Inatingível,
Como um trovão
de terra,
como um relâmpago
sorvendo
todos os mares possíveis.
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