:::::::::::::::::::::LUÍS COSTA::::::::::::
NIHIL

A meio da noite

Ergo-me,

Ferido pelas adagas

Do vazio.

Os templos cheiram

A nada ,

Os deuses

Abandonaram-nos,

Fugiram pela

Calada das quelhas.

Vejo como as estrelas

Caiem,

Num mergulho

Vertical

escorregam

Pelos precipícios negros...

As romãs de Salomão

Desfeitas,

Os satélites já mal

Brilham

Sob as lágrimas

Coalhadas dos teus olhos,

Agora dilacerados,

Tomados pela raiva

Do escárnio,

Outrora tão cheios de

De verde mar!

Tão cheios de seiva

E aventuras!

Caio sobre mim...

E vejo-me perante

As portas do

Inatingível,

Como um trovão

de terra,

como um relâmpago

sorvendo

todos os mares possíveis.