Tarde serena numa manhã de V’rão.
Macias, as águas correm.
Pios de graciosidade no interior da floresta.
Sentado junto a este ribeiro, relembro
As horas antigas. Ah doces tempos
Em que os deuses ainda andavam pela terra!
Como tudo era plácido!
Passava os dias guardando rebanhos.
O meu olhar lembrava o cristal.
- uma flor era só uma flor, um seixo era
só um seixo, nada mais.
No entanto,
Os anos passaram e as cãs embranqueceram.
O cajado caiu-me das mãos, trementes.
Os rebanhos, esses tresmalharam-se.
Os meus olhos azuis como o azul do arco-celeste
Perderam a lucidez – comecei a ver tudo
Com a alma.
Agora,
que perdi os meus rebanhos
que manchei a pureza das coisas
que me traí a mim mesmo,
Pergunto-me: Valeu a pena?
O meu velho amigo Fernando , esse diria
Que sim, que “ tudo vale a pena se a alma não for pequena “
Mas será assim?
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