:::::::::::::::::::::LUÍS COSTA::::::::::::
DESPERTAR

Ergo-me dos nevoeiros de um sonho.

Inteiro como um precipício o Sol

Poisa-me sobre o rosto e os olhos

Abrem-se-me, secretos ainda, ungidos

Ainda, como um gorgolejante regato.

 

Visto-me. E enquanto me barbeio, visito

Os barcos que repousam sobre os terraços

Do meu pensamento. Um café traz-me de

Volta ao mundo. desço a escadaria. A cidade

espraia-se, ainda pura, à minha frente...

 

Ao fundo da rua choupos e plátanos

Iluminam-se, filigrana . E dedos de cristal

Tocam-me a alma. E um acorde de cítara

Fá- la vibrar - como um pasmo em Deus

Como um vento, como um nada.