esfacelo-me
como o sal
que ao mar se recompõe
esfacelo-me
mais no brilho
do que na prata
esfacelo-me em
congruências
de ordem quase mundial
(todas as esquinas
amontoam olhos)
esfacelar-se
nos fantasmas que me povoam
como os antigos
que explodem
atrás
da casa velha
como esses espaços
mais insondáveis ainda
onde a carne e o espírito
bebem da mesma sede
mais do que sede
é o que sinto
pois esse esfacelar-se
é a sede de uma vida
que em mim bebe
o esfacelamento. |