O CARBONARISMO
ITALIANO
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AS CAUSAS DO CRESCIMENTO DO
CARBONARISMO ITALIANO DE 1815 ATÉ 1830

Alguns autores apresentam a cifra colossal de 642.000 (seiscentos e quarenta e dois mil) filiados da Carbonária italiana em 1819. Qual fenômeno social italiano de primeira importância teria podido provocar um tal movimento de massa? Apesar de esta cifra nos parecer pouco verificável, estaremos de todo modo inclinados a considerá-la com respeito, porque naquela data o Carbonarismo italiano foi considerada uma sociedade secreta, na qual se reagrupavam e reuniam todos os descontentes de todos os Estados italianos, e a convergência de correntes nacionalistas da Península e do Piemonte: portanto, os anti-austríacos, os anti-bonapartistas, os anti-ingleses e os anti-papistas.

Assim, os membros desta sociedade eram recrutados tanto no povo, quanto entre os burgueses e os nobres. Tinha até mesmo um certo número de padres e algum bispo em rompimento com o Vaticano e a sua política filo-austríaca apoiada na Santa Aliança. A tentativa de Murat de retomar o trono napolitano em 1815 falhou. O Bourbon de Nápoles, Ferdinando, depois do exílio na Sicília, retornou ao poder sob a alta proteção da frota inglesa. A Áustria fazia pesar um verdadeiro e peculiar jogo militar sobre todos os reinos italianos aliados, ou muito fracos para tentar estabelecer ou manter posições mais autônomas: Nápoles, Veneza, Turim, Genova, tinham caído sob sua influência. Malgrado os erros de Gioacchino Murat nos confrontos das Vendas Carbonárias, sentiam saudade "dos outros Franceses" e dos seus valores revolucionários e republicanos. O Arqueduque Hereditário da Áustria havia se elevado a cardeal: os italianos temiam que quizesse se tornar manu militari o futuro Pontifice e que, consolidado definitivamente o imperialismo austriaco, os Estados Pontíficios e o Vaticano corressem o perigo de cair em mãos estrangeiras.

A Itália estava novamente fragmentada, dividida, espoliada e dominada por uma potência reacionária, a Áustria, a qual cancelava todas as esperanças legítimas de liberdade das populações que assistiam silenciosas aos progressos pré-democráticos do país mais ao norte. Deste estado de fato nasceram, ou se reforçaram, numerosos movimentos nacionalistas tanto no norte como no sul da península italiana. Nápoles, Turim, Genova, Veneza, mas também Roma, foram os berços principais. O Carbonarismo italiano como movimento político, progressista e revolucionário, saiu deste contexto: e os 642.000 filiados em 1819, não são mais um dado incompreensível ou duvidoso, mas o reflexo popular das federações dos citados nacionalismos no seio da Carbonária.

Com efeito, não é preciso esquecer que os Carbonários, quaisquer fossem os meios diplomáticos ou revolucionários - por vezes terroristas - que empregavam, e suas características regionais, tinham todos em comum o desejo declarado de fazer a unidade da Itália em um quadro habitual republicano. Esta é a pedra angular do seu edificio comum.

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>A posição religiosa da Carbonária Italiana
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