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RECUSA GLOBAL
Paul-Émile Borduas

Tradução de Virna Teixeira

Rejeitamos as modestas famílias franco-canadenses, operárias ou pequeno burguesas, que da sua chegada ao país aos dias de hoje permanecem francesas e católicas por resistência ao vencedor, por adesão, arbitrárias ao passado, por prazer e orgulho sentimental e outras necessidades.

Colônia precipitada desde 1760 dentro dos muros lisos do poder, refúgio habitual dos perdedores; ali uma primeira vez abandonada. A elite recaptura o mar ou se vende ao mais forte. Ela não se eximirá mais de fazê-lo cada vez que uma ocasião seja propícia.

Um povinho entrelaçado de perto às túnicas remanescentes como únicas depositárias da fé, do saber, da verdade e da riqueza nacional. Mantida à distância da evolução universal do pensamento pleno de riscos e perigos, educado sem maldade voluntária, mas sem controle, no falso julgamento dos grande feitos da história quando a ignorância completa é impraticável.

Povinho resultante de uma colônia jansenista, isolada, perdedora, sem defesa contra a invasão, de todas as congregações de França e Navarra, em mal de perpetuar nesses lugares benignos do poder (é-o-começo-da-sagacidade!) o prestígio e os benefícios do catolicismo maltratado na Europa. Herdeiros da autoridade papal, mecânica, sem resposta, grandes donos dos métodos obscurantistas em nossas casas de ensino que desde então possuem os meios de organizar em monopólio o reino da memória exploradora, da razão imóvel, da intenção nefasta.

Povinho que à despeito de tudo se multiplica dentro da generosidade da carne ou senão daquela do espírito, ao norte da imensa América ao corpo vigoroso da juventude de coração de ouro, mais à moral simiesca, envolvida pelo prestígio aniquilador da recordação das obras-primas da Europa, desdenhosa das autênticas criações de suas classes oprimidas.

Nosso destino parece duramente fixo.

Das revoluções, das guerras exteriores que quebram enquanto a impermeabilidade do charme, a eficácia do bloco espiritual.

Das pérolas incontroláveis ressumadas do lado de fora dos muros.

As lutas políticas tornam-se rispidamente partidárias. Contra toda esperança, o clero comete as imprudências.

Das revoltas seguintes, seguem-se algumas execuções capitais. Acontecem de forma passional as primeiras rupturas entre o clero e alguns fiéis. Lentamente a brecha se alarga, se retrai, se alarga ainda.

As viagens ao estrangeiro se multiplicam. Paris exerce toda a atração. Estendida demais no tempo e no espaço, móvel demais para nossas almas pusilânimes, não é sempre que surge a ocasião de um lugar usado para aperfeiçoar uma educação sexual retardatária e à adquirir, por ocasião de uma estadia na França, a autoridade fácil em vista da exploração melhorada da multidão em volta. Com poucas exceções próximas, nossos médicos, por exemplo, (quer eles tenham ou não viajado) adotam uma conduta escandalosa (é-preciso-bem-não-é-pagar-por-estes-longos-anos-de-estudos!)

As obras revolucionárias, quando por acaso elas chagam à mão, parecem as frutas amargas de um grupo de excêntricos. A atividade acadêmica tem um outro prestígio à nossa falta de julgamento.

Estas viagens são também, em quantidade, a ocasião excepcional de um despertar. O inviável se infiltra por tudo. As leituras defendidas se espalham. Elas trazem um pouco de bálsamo e de esperança.

As consciências se esclarecem ao contato vivificador dos poetas malditos: estes homens que, sem ser monstros, ousam exprimir alto e claro isto tudo que os mais desgraçados entre nós sufocam debaixo na vergonha de nós mesmos e no terror de sermos engolidos vivos. Um pouco de clareza se faz presente no exemplo destes homens que estão entre os primeiros e aceitar as inquietudes presentes, tão dolorosas, tão desgarradas. As respostas que eles trazem têm um outro valor de problema, de precisão, de frescor que os sempiternos repetitivos propostos ao país de Québec e em todos os seminários do globo.

As fronteiras de nossos sonhos não são mais as mesmas.

Das vertigens que levamos à queda das vestes dos horizontes há pouco sobrecarregados. A vergonha da servidão sem esperança dá lugar ao orgulho de uma liberdade possível de conquistar com luta elevada.

Ao diabo o aspersório e o barrete. Eles extorquem mil vezes isto que fizeram uma vez.

Para além do cristianismo nós tocamos a ardente fraternidade humana à qual ele fechou a porta.

O reino do poder multiforme está terminado.

Na fé e a esperança de nela apagar a lembrança eu as enumero:

Poder dos prejudicados – poder da opinião pública - das perseguições - da reprovação geral

Poder de ser só sem Deus e a sociedade que isola infalivelmente

poder de si - de seu irmão - da pobreza

poder da ordem estabelecida – da justiça ridícula

poder das novas relações

poder do surreacional

poder das necessidades

poder das grandes represas abertas sobre a fé no homem – na sociedade futura

poder de todas as formas susceptíveis de acionar um amor transformador

poder azul – poder vermelho – poder branco: elo da nossa corrente.

Do reino do poder subtrativo nós passamos àquele da angústia.

Ele faltava ser de bronze para ficarmos indiferentes à dor dos partidos - tomados de alegria fingida, dos reflexos psicológicos das extravagâncias mais cruéis: maiô de celofane do lancinante desespero presente (como não chorar à leitura da novidade daquela horrível coleção de abajures feitos de tatuagens tiradas sobre os capturados desgraçados à pedido de uma mulher elegante; não gemer ao enunciado interminável dos suplícios dos campos de concentração; não ter frio nos ossos à descrição das solitárias espanholas, das represálias injustificadas, das vinganças à frio). Como não tremer diante da lucidez cruel da ciência.

à este reino de angústia todo poder segue-se àquele da náusea.

Nós estávamos desgostosos diante da inaptidão aparente do homem à corrigir o mal. Diante da inutilidade de nossos esforços, diante da vaidade de nossas esperanças passadas.

Depois de séculos os objetos generosos da atividade poética são devotados ao fracasso fatal sobre o plano social, rejeitados violentamente dos presentes da sociedade com a tentativa seguinte de utilização dentro do esquerdismo irrevocável da integração, da assimilação falsa.

Depois de séculos as revoluções esplêndidas no seio regorjeante da seiva são esmagadas até a morte após um curto momento de esperança delirante, no deslizamento quase não interrompido do irremediável descente:

As revoluções francesas

a revolução russa

a revolução espanhola

abortada em uma formação internacional à despeito dos votos impotentes de tantas almas simples do mundo.

Ali ainda, a fatalidade foi mais forte que a generosidade.

Não sentir náusea diante das recompensas concedidas às crueldades grosseiras, aos mentirosos, aos falsários, aos fabricantes de objetos morto-vivos, aos afiadores, aos inteiramente interessados, aos calculadores, aos falsos guias da humanidade, aos envenenadores de fontes vivas.

Não sentir náusea diante de nossa própria covardia, nossa impotência, nossa fragilidade, nossa incompreensão.

Diante dos desastres do nosso amor...

Em face da preferência constante concedidas às caras ilusões contra os mistérios objetivos.

Onde está o segredo da eficácia daquela desgraça imposta ao homem e para o homem somente, senão na nossa obstinação em defender a civilização que preside aos destinos das nações dominantes.

Os Estados Unidos, a Rússia, a Inglaterra, a França, a Alemanha, a Itália e a Espanha: herdeiros de um dente pontiagudo de um só decálogo, de um mesmo evangelho.

A religião do Cristo dominou o universo. Vejam o que se tem feito nele: às vezes as irmãs passaram às explorações irmanadas.

Suprimam as forças precisas da concorrência das matérias-primas, do prestígio, da autoridade e elas estarão perfeitamente de acordo. Façam a supremacia que os agrada, e vocês terão no fundo os mesmos resultados, senão com os mesmos arranjos de detalhes.

Todos estão ao termo da civilização cretense.

Na próxima guerra mundial veremos o colapso dentro da supressão de possibilidades da concorrência internacional.

Seu estado cadavérico agitará os olhos ainda fechados.

A decomposição começada no século XIV causará náusea nos mais sensíveis.

Sua exploração execrável, mantida tanto de século na eficácia ao preço das qualidades mais preciosas da vida, se revelará enfim à uma multidão de suas vítimas: dóceis escravos tanto mais obstinados à defendê-la quer eles estejam mais miseráveis.

O esquartejamento terá um fim.

A decadência cretense terá arrastado na sua queda todos os povos, todas as classes que ela irá tocar, na ordem do primeira à última, de cima para baixo.

Ela esperará na vergonha o equivalente reverso dos cimos do século XIII.

Ao século XIII, os limites permitidos à evolução da formação moral das relações englobalizantes do começo de fora, a intuição cede o primeiro lugar à razão. Gradualmente o ato de fé dá lugar ao ato calculado. A exploração começa no seio da religião pela utilização interessada dos sentimentos existentes imobilizados; pelo estudo racional dos textos gloriosos ornados ao lucro da manutenção da supremacia espontaneamente obtida.

A exploração racional estende-se lentamente à todas as atividades sociais: um rendimento máximo é exigido.

A fé refugia-se no coração da multidão, torna-se a última esperança de uma vingança, a última compensação. Mas lá também, as esperanças se amortecem.

Nos meios elevados, os matemáticos seguem-se às especulações metafísicas que se tornaram inúteis.

O espírito de observação segue-se àquele de transfiguração.

O método introduziu os progressos iminentes dentro do limitado. A decadência se faz amável e necessária: ela favorece o nascimento de nossas máquinas flexíveis ao deslocamento vertiginoso, ela permite passar a camisola de força aos nossos rios tumultuosos que aguardam a desintegração à vontade do planeta. Nossos instrumentos científicos nos trazem extraordinários meios de investigação, de controle dos pequenos demais, rápidos demais, vibrantes demais, lentos demais ou grandes demais para nós. Nossa razão permite a invasão do mundo, mais onde nós temos perdido nossa unidade.

O espaço que separa os poderes psíquicos dos poderes racionais está perto do paroxismo.

Os progressos materiais, destinados às classes possuidoras, metodicamente freados, têm permitido a evolução política com a ajuda dos poderes religiosos (em seguida sem eles) mas sem renovar os fundamentos da nossa sensibilidade, do nosso subconsciente, sem permitir a plena evolução emotiva da única multidão que poderá nos tirar da profunda rotina cretense.

A sociedade nascida dentro da fé perecerá pela arma da razão: A INTENÇÃO.

A regressão fatal do poder moral coletivo em poder estritamente individual e sentimental, elaborou do dublê do ecrã já prestigiado do saber abstrato sob o qual a sociedade se dissimula para devorar comodamente os frutos das suas perversidades.

As duas guerras foram necessárias à realização daquele estado absurdo. O pavor da terceira será decisivo. A hora H do sacrifício total nos ronda.

Os ratos europeus de antemão tentam uma ponte de fuga avassaladora sobre o Atlântico. Os acontecimentos recairão sobre os vorazes, os saciados, os luxuosos, os calmos, os cegos, os surdos.

Eles serão revirados sem agradecimento.

Uma nova esperança coletiva nascerá.

Ela já exige o ardor das lucidezes excepcionais, a união anônima dentro da fé reencontrada no futuro, na coletividade futura.

O mágico magicamente conquista rumo ao desconhecido esperado próximo à casa que se constrói.

Ele foi reunido por todos os verdadeiros poetas. Seu poder transformador se mede à violência exercida contra ele, a sua resistência em seguida às tentativas de utilização (após mais de dois séculos, Sade permanece ainda não encontrável na biblioteca), Isidore Ducasse, após mais de um século após sua morte, depois de revoluções, de carnificinas, à despeito do hábito da cloaca atual, permanece bastante viril para as apáticas consciências contemporâneas).

Todos os objetos do tesouro se revelam invioláveis pela nossa sociedade. Eles residem na incorruptível reserva sensível do amanhã. Eles foram ordenados espontaneamente de fora e contra a civilização. Eles aguardam para tornar ativa (sobre o plano social) a desobstrução das necessidades atuais.

Daqui até lá nosso dever é simples.

Romper definitivamente com todos os hábitos da sociedade, se dessolidarizar de seu espírito utilitário. Recusa de estar conscientemente abaixo de nossas possibilidades psíquicas. Recusa de fechar os olhos sobre os vícios, as decepções perpetuadas sob as cobertas do saber, do serviço restituído, do reconhecimento devido. Recusa de uma limitação de uma única cidadela plástica, lugar fortificado, mas fácil de evitar. Recusa de se calar - façam de nós o que bem quiserem, mas devem nos entender - recusa da glória, das honras: estigmas do aborrecimento, da inconsciência, do servilismo. Recusa de servir, de sermos utilizados para tais fins. Recusa de toda INTENÇÃO, arma nefasta da RAZÃO. Abaixo todas as duas, à segunda fileira!

Lugar para a magia! Lugar para os mistérios objetivos!

Lugar para o amor!

Lugar para as necessidades!

Na recusa global nós nos opomos à toda responsabilidade.

A ação interessada resta unida ao seu autor, ela é natimorta.

Os atos passionais nos fogem em razão de seu próprio dinamismo.

Nós aceitamos alegremente a inteira responsabilidade do amanhã. O esforço racional, uma vez que retorne para trás, acaba por voltar a libertá-lo no presente dos membros do passado.

Nossas paixões instruem espontaneamente, imprevisivelmente, necessariamente o futuro.

O passado deveu ser aceito com os nascimentos ele não saberia ser sagrado. Nós somos sempre quites para com ele.

Ë ingênuo e insano considerar os homens e as coisas no ângulo amplificador da fama que lhes atribui qualidades inacessíveis ao homem presente. Certamente, estas qualidades estão de fora de alcance às hábeis caricaturas acadêmicas, mas automaticamente não estão cada vez que um homem obedece às necessidades profundas do seu ser; cada vez que um homem consente a ser um homem novo num novo tempo. Definição de todo homem, de todo tempo.

Fim do assassinato massivo do presente e do futuro à um corte redobrado do passado.

Chega de desobstruir, do ontem as necessidades de hoje. No melhor o amanhã não será mais conseqüência imprevisível do presente.

Nós não temos que nos preocupar diante do que não seja.

 

REGULAMENTO FINAL DAS CONTAS

 

As forças organizadas da sociedade reprovam nosso ardor ao aberto, o transbordamento de nossas inquietudes, nossos excessos como um insulto à sua apatia, à sua quietude, ao seu bom gosto por aquilo que é da vida (generosa, plena de esperança e de amor por hábito perdido).

Tão delicadamente dito que isto seja, nós acreditamos compreender.

Trata-se de classe.

Temos a intenção ingênua de querer « transformar » a sociedade em substituir os homens no poder por outros análogos. Então, por que não eles, evidentemente!

Mas é que eles não são da mesma classe! Como se a mudança de classe implicasse mudança de civilização, mudança de desejos, mudança de esperança!

Eles se sacrificam ao salário fixo, além de bônus da vida cara, à organização do proletariado; eles têm mil vezes razão. O tédio é que uma vez que a vitória esteja assegurada, além dos pequenos salários vigentes, eles exigirão o reverso do mesmo proletariado, sempre, e sempre da mesma maneira, uma regra de gastos suplementares e uma renovação a longo prazo, sem discussão possível.

Nós reconhecemos mesmo quando eles sejam da linhagem histórica. A saúde não poderá vir senão após o maior excesso da exploração.

Eles serão este excesso.

Eles o serão em toda fatalidade sem que haja necessidade de quem quer que seja em particular. O banquete será abundante. De antemão nós recusamos a partilha.

Eis nossa "abstenção culpável".

À vocês a cura racionalmente ordenada (como tudo aquele que está que no seio afetuoso da decadência), à nossa paixão imprevisível; à nós o risco total na recusa global.

É fora de vontade que as classes sociais se sigam ao governo dos povos sem possuir outra coisa que perseguir a decadência irrevogável. Fora de vontade que nosso conhecimento histórico nos assegure que só um completo desabrochar de nossas faculdades de início, e em seguida, uma perfeita renovação das fontes emotivas possam nos tirar do impasse e nosso meio na via de uma civilização impaciente de nascer. Todos, pessoas no seu lugar, aspirantes no seu lugar, querem bem nos estragar, se somente consentimos à poupar suas possibilidades de esquerdismo por uma dose instruída de nossas atividades.

A fortuna vem à nós se aplainamos nossas viseiras, voltamos à calçar as botas e ousadamente abrimos caminho pelo montes, à esquerda e à direita.

Nós preferimos ser cínicos espontaneamente, sem malícia.

As pessoas amáveis sorriem ao pouco de sucesso monetário de nossas exposições coletivas, eles têm assim a impressão charmosa de serem os primeiros a descobrir seu pequeno valor de mercado.

Se nós realizamos exposição após a outra, não é na esperança ingênua de fazer fortuna. Nós sabemos quais os que têm à sua disposição os antípodas de onde estamos. Eles não saberiam arriscar impunemente estes contatos incendiários.

No passado, os mal-entendidos involuntários têm permitido tais vendas.

Nós cremos nesse texto de forma à dispersar todos aqueles do que virá.

Se nossas atividades se fazem de forma apressadas, é que nós ressentimos violentamente a urgência necessária de união.

Lá, o sucesso rebenta!

Ontem, nós estávamos sozinhos e indecisos.

Hoje um grupo existe em ramificações profundas e corajosas; elas já transbordam as fronteiras.

Um dever magnífico assim nos incumbe: conservar o tesouro precioso que chegou à nós. Ele também está na linha da história.

Objetos tangíveis, eles requerem uma relação constantemente renovada, confrontada, remetida em questão. Relação impalpável, exigente que demanda as forças vivas da ação.

Este tesouro é a reserva poética, a renovação emotiva onde pulsarão os séculos por vir. Ele não pode ser transmitido sem que TRANSFORME, sem o qual é o esquerdismo.

Que aqueles tentados pela aventura se unam a nós.

Ao termo imaginável, nós entrevemos o homem libertado de suas correntes inúteis, realizado na ordem imprevista, necessária de espontaneidade, da anarquia resplandecente, a plenitude de seus dons individuais.

Daqui até lá, sem descanso nem parada, em comunhão de sentimento com os sedentos de um ser melhor, sem crer nos longos prazos finais, no encorajamento ou perseguição, nós perseguiremos na alegria da nossa selvagem necessidade de liberação.

 

Paul-Emile Borduas

Magdeleine ARBOUR, Marcel BARBEAU, Bruno CORMIER, Claude GAUVREAU, Pierre GAUVREAU, Muriel GUILBAULT, Marcelle FERRON-HAMELIN, Fernand LEDUC, Thérèse LEDUC, Jean-Paul MOUSSEAU, Maurice PERRON, Louis RENAUD, Françoise RIOPELLE, Jean-Paul RIOPELLE, Françoise SULLIVAN.