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JOÃO RASTEIRO

SOB AS ÁRVORES

Esplendor obsessivo

Há um sopro como um cutelo

entre as mãos e a água.O único

espaço onde os músculos desengolfam

as feridas do amor.Aí se juntam

todos os animais com sede.A loucura

ilumina-se nas labaredas com que a

terra arde.Os corpos excitados no

movimento hirto da luz inquietam

a morte como uma primavera.É o

diálogo da boca álgida e gloriosa

por um esplendor obsessivo.Na distância

das palavras a fêmea cinge o fogo.