RENATO SUTTANA
Frutos

III - Laranjas, de áurea cor que o olho medita

 

Laranjas, de áurea cor que o olho medita,
que seriam sem vós a minha sede
e este desejo em mim, que o tempo mede,
de uma coisa mais própria, mais finita?

Se esta ânsia de encontrar, enorme e aflita,
que se ergue contra mim, como uma rede
(ou como contra um vento uma parede),
não descobrisse em vós o que a limita,

que seria este arder da noite à aurora,
este ignorar que em nada se melhora,
senão no vosso sumo ardente e estivo?

Em vós o meu orgulho se modera,
minha velha impaciência aprende a espera,
e eu sou somente aquilo de que vivo.

FRUTOS

I - Estes frutos que o dia me oferece
II - Maçãs: não vos cantei como devia
III - Laranjas, de áurea cor que o olho medita
IV - Carne suave da pêra, que eu desvendo
V - Dorme – rugoso e espesso – o coração
VI - Apresento-vos, pois: eis a banana
VII - Uma festa de mangas em dezembro
VIII - Teus segredos não foram revelados
IX - O dia em vós se anima, em vossa chama
X - Abacate: entre tons de verde e escuro

 
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