REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 51 | abril-maio | 2015

 
 

 

 

RUTE MARTINHO

Mandela e outras figuras


Rute Elisa de Matos Martinho (Portugal). Poeta e ficcionista.

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Contacto: revista@triplov.com  
Dir. Maria Estela Guedes  
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Mandela  

Contigo, dia a dia, o perdão aprendi.

Anjo Pastor guia-me os passos que dou.  

21 de Dezembro de 2013

 
 

Sisa  

À minha casa hoje regresso,

Iluminado por dunas e mar.

Aqui ao Mundo me uno.  

18 de Novembro de 2014

 
 

Platão em demanda de Bach

Subindo da Caverna ao mundo da música,

Em Bach eu contemplei a Ideia de Bem Supremo.

Se na minha Academia quiseres entrar,

A Harmonia composta por Bach terás que amar.

 

14 de Janeiro de 2015

 
  Demoras

 

A demora. As baleias, esperámos que passassem.

 

3 de Março de 2015

 
 

Colibri  

Alegra-te Tétis, teu filho de pés velozes eterno vive,

Escondido no meio da floresta tropical da Amazónia,

Voa veloz, de flor em flor, quase que a beijá-las.

Revelou-se o equívoco: Colibri vemos, Aquiles devíamos ver.  

 

21 de Dezembro de 2012  

 
  Baleia

 

Jorros de água: e ela respira.

O seu corpo docemente enorme deixa que a veja,

O meu pequeno bote vacila na onda nascida.

Depois, imerge, e o Pacífico voltou a sê-lo.

14 de maio de 2014

 
 

António  

Lisboa, Pádua, o Mundo inteiro habitas,

Mas nós, simples humanos, tão pequenos,

Insistimos em querer-te apenas nosso.

 

No delírio que reconheço ser tão meu,

Vejo apenas a imagem que coloquei na estante cá de casa,

Vejo a figurinha de barro feita, tão humana,

Pés tão grandes, feitos para melhor percorrer o Mundo,

Ao teu colo, sobre um livro aberto, será a Bíblia?

Um menino Jesus com o rosto igual ao teu, nada infantil

Tão Humano és de tão tosco ser o modo de te representarem.

 

Essa autenticidade amo nessa imagem, não quero outra.

Teu espírito habita aqui, em minha casa, na tua imagem.

Sinto o teu sorriso a cada momento, a cada dia, Bem-hajas.

Aqui, para mim, és o meu Santo António dos pés grandes.

Protector, guardião da minha tão enorme fragilidade humana.

 

30 de Julho de 2012

 
 

Bach to África

Em África na festa me deleito,

Músicos, Cantatas e trabalho;

E Albert Schweitzer a orquestrar.

 

15 de Janeiro de 2015

 
 

De Verona ao México  

Estão de retorno Píramo e Tisbe,

A jóvem Julieta, Seu amado Romeu.

Para todos iludir, por conselho da Fortuna,

Nos amantes gregos se metamorfosearam,

E numa fonte de Verona se encontraram.

Mas para a fuga ser completa,

Em duas borboletas monarcas,

De um novo Mundo acabado de descobrir,

Se transfiguraram os amantes, e voaram, voaram.

 

21 de Setembro de 2012

 
 

Sousa Carvalho na Maia de Cima 

Sentada no muro branco

Deste pequeno monte alentejano,

Vislumbro o eco inaudível

De uma pauta que apenas vejo.

 

Ecoa a peça  na minh’alma,

E, subitamente, vislumbro-a:

A suite que embala o chorão;

Dir-me-ão que dança com o vento,

Mas, na minh’alma, delirante,

O chorão dança ao som da suite,

Desta suite que até eu agora ouço.

 

Será Mozart, será Bach ? Não,

É de Sousa Carvalho, a sonata,

Que pelas andorinhas foi desenhada.

E, em Estremoz, na minha Maia,

As andorinhas escreveram, sem sabê-lo,

Esta sonata inédita que, como ao chorão,

Embala os meus sentidos e a minha alma.

 

7 de Novembro de2000

 
 

Concerto de Cravo

Toca, no Cravo, Gustav Leonhardt;  

E a meu lado, o maestro: Bach.

 

16 de Janeiro de 2015

 
 

© Maria Estela Guedes
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