Viajantes e relatos: a representação dos trópicos
Paulo de Assunção (1)

Comunicação apresentada ao colóquio internacional "Da concepção e construção cultural dos jardins". Biblioteca Pública de Évora, 2 e 3 de Maio de 2007

No decorrer do século XVIII, surge o denominado “grand tour”, do qual posteriormente deriva o termo “turismo”. O “grand tour” favoreceu o crescimento da literatura de viagens. Os jovens aristocratas ingleses, que visitaram a Europa Continental, passaram a relatar com detalhes as suas viagens, e um número crescente de guias e relatos de viagem começaram a ser publicado, para atender a necessidade daqueles que procuravam referências sobre os locais a serem visitados.

Os relatos de viagem acompanharam este movimento e ganharam amplitude. Uma série de livros e artigos de jornais foi publicada. A literatura de viagem popularizou-se no seio da sociedade letrada, que passou a consumir avidamente as memórias dos viajantes. O gênero literário ganhou contornos definidos, sendo marcado pelo registro e caracterização da beleza natural, do patrimônio histórico e cultural, pelas tradições e costumes, pelos hábitos alimentares dos povos (2).

Este novo momento gerou mudanças irreversíveis. Havia uma nova atmosfera econômica, política, cultural e tecnológica. Os viajantes científicos do século XVIII valiam-se da descrição das rotas e itinerários, das paisagens exóticas, dos tipos humanos, dos usos e costumes desconhecidos. Suas narrativas eram ilustradas com representações gráficas dos itinerários, reconstituindo a geografia dos países, detalhando flora e fauna, permitindo aos leitores a exata compreensão de animais e plantas desconhecidas.

A literatura de viagem, ao ser complementada pelas pranchas de ilustração (mapas e gravuras), enriquecia descrições de regiões, além de fornecer aos leitores a possibilidade de inferir sobre locais, tipos humanos, paisagens e animais. No decorrer do século XIX, as imagens foram aperfeiçoadas, constituindo, então,  elementos decorativos importantes das obras ilustradas. As gravuras passaram a constar dos registros como informações geográficas e históricas permitindo aos leitores compreenderem os itinerários descritos com maior precisão.

Desta forma, a narrativa de viagem tornou-se uma literatura agradável e acessível ao público letrado. Além disso, constituía a base de conhecimento para as ciências ou para o enriquecimento da formação cultural dos indivíduos, embora numa visão sentimental, tornando-se amplamente difundida no período seguinte (3).

Na primeira metade do século XIX, observa-se uma grande movimentação de comerciantes, artistas, imigrantes que circulam pelos continentes. Estes viajantes deixam o Velho Mundo em direção à América, a fim de descobrir os segredos das terras do outro lado do Atlântico. Entretanto, a difícil viagem exigia preparação e motivações pessoais diversas, como, por exemplo, o cumprimento de funções públicas. A novidade fazia que cada particularidade fosse devidamente anotada; em relatos detalhados ou simples constatações, o discurso sobre as terras e os homens emergia vibrante; seu interlocutor era o público leitor do Velho Mundo. A viagem constituía por si mesma uma verdadeira aventura àquele que desejasse enfrentar os perigos do mar, dos rios, das matas e florestas, além do ar exótico das desconhecidas terras tropicais (4).

Contudo, se o perigo era iminente, o desejo de aventura, de novas descobertas, da pesquisa e dos desafios determinaram os motivos que levaram muitos a se lançarem neste movimento. No Brasil, muitos viajantes visitaram as terras tropicais, recolhendo os mais diversos tipos de informações sobre a natureza, os homens e a cultura. As cidades do Rio de Janeiro, Ouro Preto, Salvador, Recife e São Paulo foram delineadas pelas penas destes estudiosos, cada qual registrando o que aos seus olhos lhe chamavam a atenção, identificando semelhanças e diferenças.

A cidade de São Paulo acolheu de forma hospitaleira estes viajantes, permitindo-lhes registrar a sua estada na cidade que, paulatinamente, se transformava. No decorrer do século XIX, a cidade de São Paulo passou por intensas transformações econômicas e sociais, advindas do crescimento agrícola da região, gerado pela expansão da lavoura cafeeira e pelo início da industrialização. É esta cidade em transformação e cada vez mais próspera que recebe os mais variados tipos de visitantes.  Moradores de outras partes do Brasil e viajantes vindos de outras nações passam pela cidade no percurso de suas andanças. Alguns, movidos por interesses e negócios próprios, outros, pelos estudos, outros, ainda, simplesmente para conhecer a cidade.

Muitos incógnitos, outros com fama reconhecida na Europa e nos Estados Unidos da América, outros aventureiros em busca de uma melhor sorte. Cada um deles, com olhar atento para as terras brasileiras, tentaram compreender e descrever as singularidades da cidade de São Paulo, sua exuberância, suas deficiências e suas particularidades. Os relatos deixados por eles, referentes a esta época, são ricos no que diz respeito à descrição e analise da cidade e da sociedade paulistana do período imperial.

Estes visitantes depararam-se com uma natureza exuberante e rica, uma cidade diferente daquelas que pontuavam o litoral, em especial o Rio de Janeiro e Salvador, uma sociedade peculiar que tentaram compreender, descrevendo em seus registros o cotidiano e a vida da cidade. Analisando a seqüência de alguns registros, é possível observar como a cidade se transformava, de forma lenta e gradativa, na primeira metade do século XIX, ganhando impulso na segunda metade, fato observado pelos próprios moradores que acompanhavam as transformações. Esta cidade que crescia e que se transformava no decorrer do século XIX é que apresentamos nos relatos de viajantes.

O inglês John Mawe veio para o Brasil a fim de conhecer as curiosidades da terra, sem ocultar que buscava um fácil enriquecimento, na medida em que tentava reunir pedras preciosas para serem vendidas posteriormente em Londres. Chegou ao Brasil em 1807 e regressou a Londres em 1811. John Mawe, ao visitar São Paulo, informa que a localização da cidade no planalto o agradara sensivelmente, pois encontrava nela um clima com temperatura mais baixa do que as do litoral:

As ruas de São Paulo, devido à sua altitude (cerca de cinqüenta pés acima da planície), e a água, que quase a circunda, são, em geral extraordinariamente limpas; pavimentadas com grés, cimentado com óxido de ferro, contendo grandes seixos de quartzo redondo, aproximando-se do conglomerado (5).

O clima ameno de São Paulo, segundo ele, não era sobrepujado por nenhum outro das terras tropicais, em especial o do Rio de Janeiro e da Bahia. A temperatura era baixa, quando chegou em 1807. Na primeira noite que passou na cidade, acendeu o fogareiro de carvão no quarto e fechou as portas e janelas do cômodo. O frio não o impedira de apreciar a cidade (6).

A localização das terras paulistas, próxima ao Trópico de Capricórnio, garantia uma temperatura mais agradável, em especial para aqueles vindos das terras européias. O clima de São Paulo era tido como muito salubre. Os ventos que cruzavam as colinas varriam os ares corrompidos, impedindo a proliferação de doenças (7). Saint-Hilaire, ao visitar a cidade em 1819, traça de forma precisa o cenário que os habitantes e viajantes podiam desfrutar da região central:

 ... ao norte o seu horizonte é limitado de leste a oeste por uma cadeia de pequenas montanhas, distinguindo-se no meio destas o pico do Jaraguá, que dá nome a toda a cadeia. Esse pico é mais alto do que os morros vizinhos, e em um de seus flancos é separado deles por uma razoável distância. Visto de longe parece ter um cume amplo e arredondado, na extremidade do qual há uma pequena proeminência. Do lado leste, o terreno, mais baixo do que a cidade, é inteiramente regular e se estende até o arraial de Nossa Senhora da Penha, que se avista na linha do horizonte. Em outras partes mostra-se mais ou menos irregular, e para os lados do sul e do oeste se projeta acima da cidade. A região apresenta ora encantadores grupos de árvores, ora pastos de capim rasteiro (8).

No verão, os dias quentes e o calor excessivo convidavam para o descanso e a indolência na rede. A vida tropical permitia uma interação com a natureza, diferente da européia, extremamente prazerosa para os viajantes.
O botânico Von Martius, durante a sua estada na cidade, registrou que o clima era ameno; segundo ele, a posição abaixo do trópico de Capricórnio e a altitude favoreciam para que o calor fosse menos elevado do que em partes das terras tropicais. Contudo, o frio não era comparável àquele que existia na Europa, nem no que dizia respeito ao rigor ou à sua persistência, o que sem dúvida agradava imensamente a estes viajantes habituados a temperaturas baixas (9). Desta forma, era conveniente viver na cidade de São Paulo, pelo conforto do clima.

Os arredores de São Paulo atraíram a atenção dos viajantes, pela sua beleza. As propriedades gozavam de um aspecto aprazível, densamente arborizado e apreciado por aqueles que vagavam pela área campestre. Sem dúvida, estes locais contrastavam profundamente com a cidade de ruas estreitas e sujas, onde animais e transeuntes compartilhavam o mesmo espaço.

O zoólogo Spix e o botânico Martius, que visitaram o Brasil entre 1817 e 1820, coletaram diversas espécies da fauna e da flora brasileira para as suas pesquisas. Por ocasião da estada em São Paulo, Spix ressaltou que, ao andar pelos campos, era possível ter uma extensa vista sobre a região, cujos alternados outeiros e vales, matos ralos e suaves prados verdejantes, oferecem todos os encantos da amável natureza.(10) Um relevo ondulando e verdejante preenchia os olhos dos que passavam pelos campos e subiam as elevações que davam acesso à área central.

John Mawe teve um olhar mais aguçado para a natureza, pela sua intenção de realizar pesquisas geológicas. Na sua visita ao Pico do Jaraguá, antigo local de exploração de ouro, seguiu em direção ao Sul, cruzando o rio Tietê. Segundo ele, o rio, neste ponto, é de considerável largura e mais profundo que nos arredores de São Paulo; possui excelente ponte de madeira, isenta de portagem.(11)

Daniel Parish Kidder, pastor americano da Igreja Metodista que visitou o Brasil entre 1837 e 1840, com o intuito de distribuir as Escrituras Sagradas, também visitou o Pico do Jaraguá, alguns anos mais tarde. Na sua passagem observou, dentre outros aspectos, que o pico de Jaraguá era considerado pela população o barômetro de São Paulo, porque, quando o seu cume está límpido, é sinal de bom tempo, mas quando está envolto em nuvens, é mau o prognóstico. (12)

 A região de Santo Amaro era uma das freguesias pobres do entorno de São Paulo que contava com a presença de uma quantidade significativa de alemães (13). Robert Avé-Lallemant, visitando a região sul da cidade e provavelmente informado sobre o local, passou pela ponte do Rio Pinheiros, na altura de Santo Amaro, indo em direção à fazenda Morumbi, de propriedade do senhor Rudge, parente do proprietário da conhecida Casa Mackwell (Maxwell), do Rio de Janeiro. A localização da fazenda permitia uma vista encantadora da paisagem circundante. Possuía um amplo bananal, uma extensa plantação de chá e vastas terras para pasto e cultivo que se encontravam incultas. A propriedade estava isolada, segundo Robert Avé-Lallemant, em parte alguma pude descobrir sinal de vida, de alegre atividade humana; nenhum grito, nenhuma voz ressoava. (14). Esta descrição idílica compunha a maioria dos registros daqueles que visitavam os arredores da cidade para espairecer ou conhecer a região. A natureza pródiga, a alimentação farta e a sensação de liberdade estimulavam a reflexão que o silêncio dos campos entoava.

Emílio Zaluar, ao visitar São Paulo entre 1860 e 1861 e antevendo as transformações que a linha férrea causaria à cidade, já dizia que os futuros visitantes não gastariam o tempo que ele levara do Rio de Janeiro a São Paulo, por via terrestre. Fariam o trajeto em poucas horas e de forma confortável, por meio de trens. Segundo ele, o trem, ao encurtar o tempo de viagem, também impediria o viajante de vislumbrar as belezas do trajeto e o relevo desconhecido (15).

A descrição dos paulistas foi feita de forma distinta, por aqueles que visitaram a cidade. Para alguns, era gente simples, desconfiada, violenta; para outros, gente hospitaleira, resoluta, orgulhosa, vingativa, traços que foram sendo forjados no decorrer dos séculos em parte por influência das dificuldades dos primeiros anos de ocupação e pela ação dos bandeirantes. Mas, afinal, quem eram os paulistanos do século XIX?

John Mawe, durante sua estada nas terras brasileiras, passou por São Paulo que pouco oferecia quanto a pedras preciosas, o principal objetivo de sua viagem. Porém, os costumes e o caráter dos habitantes reluziram, merecendo que fossem registrados por ele. Ao deixar a cidade, com a mais grata das emoções, registrava de forma especial que a sua estada tinha sido a das mais agradáveis, ao contrário do que imaginara. Conforme as narrativas de outros viajantes e os registros deixados por alguns jesuítas, a cidade era descrita como um local onde reinava o barbarismo e a falta de hospitalidade; onde se reunia um bando de refugiados, composto de espanhóis, portugueses, mestiços, mulatos e outros. Sua experiência demonstra que os registros eram inconsistentes e não correspondiam à realidade. Segundo ele, os paulistas não tinham herdado a infâmia, vínculo natural de descendentes de velhacos e vagabundos, se tornaram conhecidos, em todo o Brasil, pela sua probidade indústria e afabilidade de maneiras. (16)   Sem dúvida, Mawe tivera contato com registros que apontavam os dois primeiros séculos de ocupação, delineados por muitos escritores de forma intensa, para revelar as dificuldades da ocupação.

Segundo Spix, que visitou a cidade pouco tempo depois de John Mawe, os paulistas ainda mostravam o mesmo arrojo e a resistência de outrora para vencer os perigos e as fadigas contínuas. Para ele, o caráter do paulista era melancólico, possuindo um gênio forte. Tais características eram explicáveis, segundo ele, pela região que habitavam, pois, quanto mais próximo do equador, tanto mais pronunciado se encontra o gênio suscetível de cólera e irritável. (17)

Para Saint-Hilaire era muito fácil distinguir os habitantes da cidade daqueles que moravam na zona rural. Quando estes iam à cidade vestiam sempre uma calça de algodão e usavam um enorme chapéu cinzento, portando o seu inseparável poncho, por mais forte que fosse o calor. Era possível observar nas feições deles os traços de influência indígena e um caminhar desajeitado, com um passo pesado e rústico.

Segundo Saint-Hilaire, os habitantes da cidade tinham pouca consideração por eles, designando-os pelo injurioso apelido de caipiras. O termo teria origem da palavra curupira, designação utilizada pelos indígenas para se referirem aos demônios malfazejos que habitavam as matas. Pelas suas investigações, o termo curupira era utilizado de forma comum, sempre com significado injurioso, na região do Alto Paraguai. Prova disto era que um dos pequenos guaranis, originários dessa região que, lamentavelmente, havia levado para a França, quando queria ofender alguém empregavam aquela palavra.

O Barão Von Tschudi, num breve histórico da fundação da cidade e dos paulistas nos séculos XVII e XVIII, explicava que os paulistas haviam passado por fases de cruéis caçadores de índios, no século XVIII, cavadores de ouro, no seguinte, pacatos agricultores e criadores. O paulista no início da segunda metade do século XIX não se assemelhava aos seus ancestrais. Segundo o viajante:

Não possui mais a convicção do valor próprio, o amor ardente da liberdade; tudo cedeu lugar a mesquinhas intrigas políticas, bajulações, caça a sinecuras rendosas e duelos retóricos, cheios de palavras, mas ocos de sentido, e insultos trocados na Câmara do Congresso provincial. Os mineiros, descendentes em parte dos velhos paulistanos, os excedem em força, capacidade de trabalho, espírito justiceiro e amor à liberdade.(18)

Sem dúvida, Tschudi referia-se ao efervescente momento político que a cidade atravessava. A disputa, no âmbito político entre os liberais e os conservadores, era alimentada pelo fervor estudantil e dava à cidade um ânimo especial.

Para Emílio Zaluar, que visitou São Paulo entre 1860 e 1861, a cidade era triste, monótona e quase desanimada. (19). Para um jovem que vivera em Lisboa e na corte do Rio de Janeiro, o cotidiano de São Paulo deveria apresentar-se extremamente comum e sem atrativos. Se Zaluar visitasse a cidade no começo do século, com certeza, acentuaria a monotonia que marcava o ritmo da vida dos moradores da cidade. A vida no planalto caminhava numa sonolência despertada em parte pela efervescência política do período que antecede e sucede a Proclamação da Independência do Brasil, em sete de setembro de 1822. O Brasil tornava-se independente e, sob a égide do Império, tinha que criar os mecanismos necessários para que um Estado autônomo se consolidasse.

O crescimento da circulação de pessoas e animais pela cidade causou o aumento da poluição sonora. Era o despertar da pacata cidade isolada no planalto. O som dos guizos das mulas, que circulavam pelo centro, intensificou-se, bem como a confusão de vozes pelas ruas, muitas delas oferecendo seus produtos aos moradores. O ruído do trem anunciava o progresso. As práticas de comércio ambulante, com a transformação da cidade, pouco a pouco eram reprimidas, ganhando espaço o comércio das lojas com vitrinas decoradas. Contudo, o ambiente religioso mantinha-se extremamente católico e o sino da igreja ainda ecoava no ritmo da cidade.

Muitos dos viajantes que passaram por São Paulo eram protestantes (anglicanos, luteranos, calvinistas, presbiterianos e metodistas). As igrejas reformadas da Europa e América do Norte possuíam um caráter mais individualista e introspectivo, expresso na relação direta do indivíduo com Deus. Para eles, as manifestações religiosas católicas tendiam a um exagero.

Daniel Parish Kidder, ao registrar o número de igrejas da cidade, afirmava que havia 12 igrejas, aí incluídas as capelas dos conventos. Permanecendo na cidade, o visitante teve oportunidade de assistir a uma celebração na Igreja da Sé. Segundo ele, era bastante ampla, e, por ocasião de nossa visita cerca de vinte clérigos cantavam a missa. Era grande a assistência, com acentuada predominância de mulheres. Segundo o pastor americano, O púlpito fica de lado, e o fundo da igreja é invariavelmente ocupado pelo altar-mor. A assistência não tem onde sentar a não ser o piso de terra, de madeira ou de mármore conforme a suntuosidade do templo.(20) Na igreja, o sermão era o recurso mais fácil e eficaz para comunicar às pessoas as novidades e divulgar posições políticas. O sermão funcionava como um instrumento de ataque e defesa no âmbito político.

Aos domingos a população ia à igreja, com suas melhores roupas; aqueles que podiam trajavam pano de algodão tingido, com capa ou manto. Muitos que assistiam ao culto levavam cadeiras para melhor se acomodarem. Salienta Daniel P. Kidder, parte das músicas tocadas, durante as cerimônias, eram conhecidas em França como peças licenciosas e profanas.(21)

Nos cultos religiosos as mulheres compareciam ornadas com jóias, como forma de demonstrar a sua posição social. O cuidado estendia-se também aos escravos e em especial às escravas, fato que despertava o interesse dos viajantes.  Kidder observou que o ouro e a pedraria, adquiridos para refulgir nos salões, eram vistos cintilando pelas ruas, em curioso contraste com a pele negra das domésticas, efêmeras e humildes representantes da abastança da família.(22)

John Mawe, salientou que as diversas ordens religiosas ofereciam bons membros para a sociedade, pois eles estavam livres da carolice e da falta de liberdade,  uma características das colônias espanholas da América que visitara. A cidade era aclamada pela tolerância, assegurando o viajante que nenhum estrangeiro será molestado, enquanto se portar como cavalheiro, e não insultar a religião estabelecida. (22)

Nas ocasiões festivas, como as procissões, a população manifestava a sua religiosidade dando mostras de felicidade pela celebração. Estes momentos de sociabilidade eram uma das poucas ocasiões em que a população se reunia.

Para que as celebrações ocorressem de maneira adequada, os camaristas determinavam que os caminhos e a frente das moradias fossem limpos para passar as procissões no decorrer do ano. A câmara também zelava para que a população comparecesse à celebração, obrigando os moradores locais a participarem ou exigindo que eles justificassem a ausência. Caso contrário, ficavam sujeitos ao pagamento de multa. Desde os primeiros anos da vila, o comparecimento às procissões era obrigatório, ficando o faltoso, naqueles idos, passível de ser penalizado.

Auguste de Saint-Hilaire, que visitou a cidade de São Paulo durante a Semana Santa de 1822, surpreendeu-se com pouca atenção dos fiéis durante os serviços religiosos, pois Ninguém se compenetra do espírito das solenidades. Segundo o autor, os homens mais distintos delas participavam apenas por hábito. O povo comparecia como se tratasse de um folguedo. Causava estranheza ao viajante o fato de  os fiéis não respeitarem o espaço da igreja e do culto. No ofício de Endoenças, a maioria dos presentes recebia a comunhão da mão do bispo, sem maior atenção. Olhavam à direita e à esquerda, conversavam antes desse momento solene e recomeçavam a conversar logo depois. O número de pessoas que circulavam pelas ruas nem sempre era sinal de devoção: viviam apinhadas de gente, que corria de igreja a igreja, mas somente para vê-las, sem o menor sinal de fervor.

As festas da igreja eram efetivamente um espaço religioso que mesclava o mundo em sagrado e profano. Nestas comemorações procurava-se dar sentido à vida, reorganizando e consolando as relações humanas. Neste momento a sociedade reafirmava os laços de solidariedade, ao mesmo tempo em que utilizava sua força questionadora, para avaliar a ordem estabelecida.

O dia de São Paulo Apóstolo, padroeiro da cidade, era festejado com intensidade. Em edital, o bispo dava as ordens para a comemoração. A solenidade era marcada por missa, sermão, procissão e exposição de relíquias. O pastor metodista, Daniel Parish Kidder, ao presenciar a solenidade de comemoração do santo padroeiro da cidade, assistiu à missa na Igreja da Sé. Nesta ocasião, ouviu o sermão que exaltava o caráter de São Paulo. Extremamente crítico ao ritual católico, afirmou que o orador não primara nem pela elegância na dicção, nem pelo entusiasmo, necessários nestes casos. Segundo ele, o padre recitou um sermão decorado; pelo que pudera observar, o sacerdote não tivera tempo de se preparar bem ou então, era dotado de muito má memória, porquanto atrás dele havia outro, com o manuscrito na mão. Entre o orador e o ‘ponto’ havia uma cortina que escondia do público. Quando, porém, seus serviços se tornaram necessários, precisou de mais luz e, pondo de lado a cortina, apareceu em toda a importância de suas funções.(23)

No dia de comemoração de São Paulo, saiu a procissão da catedral às cinco horas da tarde e desfilou pelas principais ruas, acompanhada pelo repicar dos sinos. A população, em massa, acorreu à cerimônia e acompanhou o cortejo, especialmente as irmandades. Pelas ruas muitos assistiam à procissão das sacadas, devidamente paramentadas com tecidos finos, em homenagem ao santo padroeiro.

As imagens da Virgem Maria com o Menino Jesus, São Pedro e São Paulo eram conduzidas pelos fiéis; em seguida, vinha o turíbulo com incenso que precedia o bispo, o qual era acompanhado por sacerdotes. A distinção do bispo poderia ser observada nos seus paramentos. A mitra era ornada com fios de ouro e diamantes. O pálio era de seda, e o religioso conduzia um pequeno crucifixo contendo a hóstia. Por último, vinha a banda militar com cerca de cem homens da Guarda Nacional.(24)

Os hábitos alimentares ocuparam uma parte importante dos registros; eles explicavam a culinária exótica das terras tropicais, especialmente de São Paulo. A ausência de recursos fez que a base da alimentação no planalto, nos primeiros anos, fosse baseada na culinária indígena, formada pela canjica, angu de farinha de milho e de mandioca. O principal alimento da terra, naqueles idos, era a farinha de pau, que se fazia de certas raízes da mandioca, que provocavam morte se ingeridas cruas, assadas ou cozidas. Para obter a farinha de pau era necessário deitar a mandioca na água até apodrecer. Estando diluída, era torrada e guardada  em grandes vasos de barro, para ser consumida.

A alimentação era composta ainda de legumes, favas, abóboras e outras espécies que podiam ser colhidas na terra, bem como a mostarda e outras ervas que podiam ser consumidas cozidas. Para beber, além da água, ingeriam água de cozedura de milho, à qual acrescentavam mel.

Com a ocupação do planalto, a população da vila passou a cultivar em pequenas porções de terra algumas espécies de vegetais que auxiliavam no sustento. Nos séculos XVII e XVIII, nas chácaras e fazendas próximas à cidade de São Paulo, uma região fértil, era praticado o cultivo de vegetais e cereais e a criação de animais. No entorno da sede das fazendas havia numerosas construções necessárias para garantir a produção e o comércio dos produtos. Armazéns, engenhos alambiques, outros maquinários e a senzala compunham o complexo produtivo.

O cultivo da mandioca, milho, feijão, ervilhas, banana, goiaba, pinha e marmelo era feito em quase todas as propriedades. Ao lado das plantações eram criadas aves e porcos, sendo o excedente comercializado em áreas públicas na região central da cidade.

John Mawe notou que as quitandas e o mercado, no início do século XIX, eram bem abastecidos e a oferta de legumes e de animais era ampla. O que mais o impressionou foi o baixo preço do frango e da carne de porco.(25) Se a oferta de legumes e de carne de frango e de porco era significativa, o mesmo não se poderia dizer da criação do gado e da carne bovina. Segundo ele: As vacas não são ordenhadas com regularidade; consideram-nas mais como ônus do que como fonte de renda (...) A indústria do leite, se assim podemos qualificar, é conduzida com tão pouco asseio, que a pequena quantidade de manteiga fabricada fica rançosa em poucos dias, e o queijo nada vale. (26)

A cidade, aos olhos dos visitantes, destacava-se pela produção de farinha de mandioca ou pelo processo de preparação ou pelas características particulares do fabrico. O preparo da farinha de mandioca que, para os moradores, fazia parte do cotidiano apreendido pelos seus ancestrais, na interação com os índios que a produziam primeiramente, era considerado perigoso. Segundo Daniel P. Kidder, os escravos dela encarregados usavam na comida flores de ‘nhambi’ e raiz de ‘urucu’ a fim de tonificar o coração e o estômago. O método de preparação da farinha de mandioca consistia em raspá-la por meio de conchas de ostras ou de um aparelho feito de pedra pontiagudas fincadas numa casca de árvore de maneira a constituir uma espécie de ralo primitivo. A polpa era então ralada ou moída com uma pedra, sendo o caldo cuidadosamente espremido e a umidade restante evaporado pelo fogo.  Nos lagares onde se produzia a farinha, era possível encontrar um inseto alvacento, venenoso, gerado pelo mortífero suco, com os quais as índias pondo-os na comida envenenavam seus maridos e os escravos aos seus senhores. (27)

Spix, alguns anos depois, observou que o plantio de mandioca era pequeno, enquanto a plantação de milho era maior. Segundo o zoólogo, os habitantes locais dizem que a farinha de mandioca é pouco saudável, tal como os habitantes do Norte dizem da farinha de milho. (28)

A população consumia bananas, goiabas, pinhas e marmelos. Normalmente, o almoço era servido cedo e consistia em verduras fervidas, com carne de porco gorda, ou bife, uma raiz da espécie da batata e uma galinha recheada, com excelente salada, seguida por grande variedade de deliciosas conservas e doces. (29) John Mawe, durante a sua permanência na cidade, degustou com prazer uma variedade de ervilhas, muito gostosa, denominada feijão, cozida ou misturada com farinha de mandioca. (30) O prato típico das terras brasileiras era destacado por aqueles que viajavam pelas terras tropicais.

A paisagem, a fauna, a flora, os habitantes, a cultura, os sabores encantavam os viajante no “grand tour” tropical, registrando suas experiências em anotações, rapidamente davam forma ao texto e o publicavam. A viagem pelo Brasil e por São Paulo passava a constar da literatura de viagem do final do século XIX.

A transformação de São Paulo foi fruto do processo que a cidade trilhara em direção ao capitalismo. O crescimento da lavoura cafeeira, o final da escravidão e a chegada de imigrantes forçaram as mudanças.  O transporte ferroviário e as crescentes inovações do sistema de navegação criaram as condições para que a cidade desenvolvesse estruturas produtivas. A mão-de-obra e as matérias-primas deram condições para o desenvolvimento da indústria. Movimento iniciado lentamente, ampliando-se no final do século XIX e observado pelos viajantes. A emergência de uma cidade fazia que a natureza dos arredores se transformasse. Lentamente as áreas suburbanas eram incorporadas ao tecido urbano, sem haver uma preocupação com a preservação das belezas naturais. A cidade ofuscava o brilho da natureza, que os viajantes procuraram delinear, não escondendo o prazer em contemplar paisagens que permitiam um deleite estético. Paisagens que construíram uma representação dos trópicos exuberante, pródiga e inesquecível.

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ZALUAR, Augusto Emílio. Peregrinação pela Província de São Paulo (1860-1861). Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1975.

Notas

(1) Pós-Doutorando pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS-Paris), Doutor em História Econômica e Social Moderna pela Universidade Nova de Lisboa, Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo, Membro do CLEPUL, Professor do Centro Universitário Assunção - UNIFAI, Centro Universitário Capital - UNICAPITAL e da Universidade São Judas em São Paulo (Brasil).

(2) Sobre literatura de viagem ver: BARRETO, Luís Filipe. Descobrimento e Renascimento. Lisboa: Imprensa Nacional, 1983 e Os descobrimentos e a Ordem do Saber – uma análise sociocultural. Lisboa: Gradiva, 1987;  PINTO, João Rocha. A Viagem, Memória e Espaço. Lisboa: Sá Costa, 1989; RICHARD, Jean. Les récits de voyages et de pèlerinages. Turnhout: Brepols. 1981; WOLFZETTEL, Friederich. Le discours du Voyageur. Paris: PUF, 1996; LAURANT, Jean-Pierre. Le voyage – les symboles. Paris: Philippe Lebaud, 1995; CRISTÓVÃO, Fernando. “Do tema da Viagem na Literatura ao subgénero Literatura de Viagens” e  “A Literatura de Viagens e a História Natural” In: CRISTÓVÃO, Fernando (org.) Condicionantes da Literatura de Viagens. Lisboa: Almedina/Clepul, 2002, p. 15-52 e 185-218.

(3) Sobre a literatura de viagem no Brasil ver: LEITE, Miriam L. Moreira. Viajantes naturalistas – caracterizacao. São Paulo, CAPH, mimeo., 1990, da mesma autora: Naturalistas viajantes. In: Manguinhos. Rio de Janeiro I (2): 7-19, nov. 1994 – fev. 1995 e  Livros de Viagem (1803-1900). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997; MENDES, Elisabeth. Os viajantes no Brasil (1808-1822). São Paulo: USP, mimeo., 1981; SÜSSEKIND, Flora. O Brasil não é longe daqui. São Paulo: Companhia das Letras, 1991; OBERACKER, Karl H. “Viajantes, naturalistas e artista estrangeiros”. In: HOLANDA, Sérgio Buarque (org.) História Geral da Civilização Brasileira. O Brasil Monárquico – o processo da civilizacao. São Paulo: Difel, 1976. Tomo II, vol. 1, cap. V.

(4) Sobre o assunto ver: COLLINGWOOD, R. G. Ciência e Filosofia – a idéia de natureza. Lisboa: Presença, 1986.

(5) MAWE, John. Viagens ao interior do Brasil. p. 63.

(6) MAWE, John. Op. cit., p. 78.

(7) SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem à província de S. Paulo e resumos das viagens ao Brasil, província Cisplatina e Missões do Paraguai. p. 134

(8) SAINT-HILAIRE, Auguste de. Op. cit., p. 127.

(9) SPIX E MARTIUS. Viagem pelo Brasil – 1817-1820. p. 241-5. Sobre a viagem de Spix e Martius há uma vasta obra, dentre elas destacamos: SOMMER, Frederico. A vida do botânico Martius. São Paulo: Melhoramento, s.d.; RAMBO, Balduíno. Martius. São Paulo: Instituto Hans Staden, 1952; BALDUS, Herbert. “A viagem pelo Brasil de Spix e Martius”. Revista do Arquivo Municipal. São Paulo, VI(69):131-46, agosto de 1940 e LISBOA, Karen Macknow. A nova atlântida de Spix e Martius – natureza e civilização na Viagem pelo Brasil (1817-1820). São Paulo: Hucitec, 1997.

(10) SPIX E MARTIUS. Op. cit., p. 144.

(11) MAWE, John. Op. cit., p. 69.

(12) Daniel P. Kidder nasceu em Nova Yorque em 18 de outubro de 1815. Estudou em Wesleyan University e formou-se em 1836. Faleceu em 29 de julho de 1891. Dentre suas obras, destacam-se: Reminiscências, publicada pela primeira vez em 1845 em Londres e Filadéfia. KIDDER, Daniel P. Reminiscências de Viagens e Permanências nas Províncias do Sul do Brasil. p. 214.

(13) AVÉ-LALLEMANT, Robert. Viagens pelas províncias de Santa Catarina, Paraná e São Paulo (1858), p. 335.

(14) AVÉ-LALLEMANT, Robert. Op. cit., p. 336.

(15) ZALUAR, Augusto Emílio. Peregrinações pela Província de São Paulo (1860-1861), p. 122.

(16) MAWE, John. Op. cit., p. 74.

(17) SPIX E MARTIUS. Op. cit., p. 139.

(18) TSCHUDI, J. J. Von. Viagem às Províncias do Rio de Janeiro e São Paulo. p. 216.

(19) ZALUAR, Augusto Emílio. Op. cit., p. 123.

(20) KIDDER, Daniel P. Op. cit., p.  209-210.

(21) KIDDER, Daniel P. Op. cit., p. 211.

(22) KIDDER, Daniel P. Op. cit., p. 211.

(23) MAWE, John. Op. cit., p. 64.

(24) KIDDER, Daniel P. Op. cit., p.  210.

(25) KIDDER, Daniel P. Op. cit., p.  212.

(26) MAWE, John. Op. cit., p. 65.

(27) MAWE, John. Op. cit., p. 67

(28) KIDDER, Daniel P. Op. cit., p.  216.

(29) SPIX E MARTIUS. Op. cit., p.  142.

(30) MAWE, John. Op. cit., p. 73.

(31) MAWE, John. Op. cit., p. 72.