MARIA ESTELA GUEDES
Foto: Ed. Guimarães
Música: http://triplov.com/letras/mario_montaut/Estela/index.htm

Se eu fosse o Pai Natal
Se eu fosse o Pai Natal, saberia resolver os problemas que me afligem a mim, os vossos, os de Portugal e Europa, os do resto do mundo?

Pode ser que lá no País das Renas, onde ele nasceu, as escolas e as universidades tenham melhores programas, professores e alunos, portanto ponham na rua pessoas competentes para acabarem com a miséria e tudo o que a seguir conste no rol das desgraças planetárias. Porém em meu entender nada disso basta se as pessoas não forem honestas. E ninguém nasce bom ou mau, a bondade e a maldade aprendem-se, como o ABC. Aprendem-se na primeira de todas as escolas, juntamente com a língua, o seio materno, a família.

Se eu fosse o Pai Natal, dava-vos a melhor das prendas, uma nova estrutura social, e com ela um novo paradigma e com este um mundo novinho em folha.

Novo mundo: um mundo sem discriminações, em que ao menos as pessoas, os políticos, os militares, as instituições importantes como os bancos, em que todos ao menos cumpríssemos a Constituição e as leis, que são sempre mais avançadas do que a nossa capacidade de as compreender e aceitar.

Temos leis democráticas. Sim, mas em casa, quem manda? A Constituição garante que são iguais em direitos todos os cidadãos, sem olhar a sexo, género, etnia, religião ou cor política. Sim, sim, as leis são avançadíssimas, mas quem as cumpre porque as compreende?

Temos aí um surto de novos fascistas, com mentalidade esclavagista, temos aí gente corrupta porque discrimina os que toma por parvos, temos aí gente racista que pergunta, dos António Costa, "O que é que ele é?", temos aí tipos machistas, que ameçam, mostrando os tomates: "Ai de quem não faz o que eu quero!", temos aí energúmenos de um narcisismo que destrói tudo à sua volta para se manterem de pé, temos aí um Natal igual aos outros, com um boneco a distribuir bonecos, com bonecos a mexerem os membros segundo a vontade de quem lhes puxa os cordéis.

Se eu fosse o Pai Natal...

Não sou o Pai Natal nem o Pai Natal, verdadeiro que fosse, conseguiria mais do que distribuir bonecos às crianças.

Agradeço a vossa adesão à causa TriploV.  Tudo o que o Triplov pode é o que faz: publica, divulga, dá suporte às falas. É uma liberdade que nos pertence e cultivamos, desde o mais extraordinário ao mais circunstancial dos discursos, como este de agora, que consiste em desejar-vos

Boas Festas e um excelente 2016

Maria Estela Guedes
 
 
 
Índice antigo

Maria Estela Guedes (1947, Britiande / Portugal). Diretora do Triplov

Membro da Associação Portuguesa de Escritores, da Sociedade Portuguesa de Autores, do Centro Interdisciplinar da Universidade de Lisboa e do Instituto São Tomás de Aquino. Directora do TriploV.

LIVROS

“Herberto Helder, Poeta Obscuro”. Moraes Editores, Lisboa, 1979;  “SO2” . Guimarães Editores, Lisboa, 1980; “Eco, Pedras Rolantes”, Ler Editora, Lisboa, 1983; “Crime no Museu de Philosophia Natural”, Guimarães Editores, Lisboa, 1984; “Mário de Sá Carneiro”. Editorial Presença, Lisboa, 1985; “O Lagarto do Âmbar”. Rolim Editora, Lisboa, 1987; “Ernesto de Sousa – Itinerário dos Itinerários”. Galeria Almada Negreiros, Lisboa, 1987 (colaboração e co-organização); “À Sombra de Orpheu”. Guimarães Editores e Associação Portuguesa de Escritores, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”. Lisboa. Museu Nacional de História Natural-Museu Bocage, 1993; “Carbonários : Operação Salamandra: Chioglossa lusitanica Bocage, 1864”. Em colaboração com Nuno Marques Peiriço. Palmela, Contraponto Editora, 1998; “Lápis de Carvão”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2005; “A_maar_gato”. Lisboa, Editorial Minerva, 2005; “À la Carbonara”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2007. Em co-autoria com J.-C. Cabanel & Silvio Luis Benítez Lopez; “A Boba”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2007; “Tríptico a solo”. São Paulo, Editora Escrituras, 2007; “A poesia na Óptica da Óptica”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2008; “Chão de papel”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2009; “Geisers”. Bembibre, Ed. Incomunidade, 2009; “Quem, às portas de Tebas? – Três artistas modernos em Portugal”. Editora Arte-Livros, São Paulo, 2010. “Tango Sebastião”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2010. «A obra ao rubro de Herberto Helder», São Paulo, Editora Escrituras, 1010; "Arboreto». São Paulo, Arte-Livros, 2011; "Risco da terra", Lisboa, Apenas Livros, 2011; "Brasil", São Paulo, Arte-Livros, 2012; "Um bilhete para o Teatro do Céu", Lisboa, Apenas Livros, 2013; Folhas de Flandres,  Lisboa, Apenas Livros, 2014.

ALGUNS COLECTIVOS

"Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte. “O reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual. Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”. Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009. Entrada sobre a Carbonária no Dicionário Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal, Lisboa, Gradiva Editora, 2010; «A minha vida vista do papel», in Ana Maria Haddad Baptista & Rosemary Roggero, Tempo-Memória na Educação. São Paulo, 2014.

TEATRO

Multimedia “O Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, Fundação Calouste Gulbenkian, com direcção de Alberto Lopes e interpretação de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José Camecelha, e cenografia de Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no Teatro Experimental de Cascais, com encenação de Carlos Avilez, cenografia de Fernando Alvarez  e interpretação de Maria Vieira.