O METEORITO BENDEGÓ (2)
WILTON CARVALHO

A data da queda do meteorito Bendegó ainda é um mistério. Novos estudos serão feitos este ano pelo Museu Geológico da Bahia a fim de testar as datações existentes e chegar a uma conclusão mais acurada.

Verdadeiro mesmo é o ano de sua descoberta: 1784. Os relatos dizem que um jovem vaqueiro encontrou aquela massa de ferro quando buscava uma novilha desgarrada. O fato chegou ao conhecimento do Governador Geral D. Rodrigo José de Menezes, provavelmente em maio do mesmo ano.

 

CARTA 1 DO GOVERNADOR PARA MARTINHO MELO FOLHA 1; CARTA 1 DO GOVERNADOR PARA MARTINHO MELO FOLHA 2; CARTA 1 DO GOVERNADOR PARA MARTINHO MELO FOLHA 3


O ministro Martinho de Melo e Castro tomou conhecimento do fato através de carta de D. Rodrigo datada de 12 de setembro de 1784. A certidão de nascimento do meteorito Bendegó.

O Capitão-mór Bernardo Carvalho da Cunha foi designado pelo Governador para transportar a massa de ferro para Salvador.

Ele fez o que pôde para cumprir as ordens do Governador, mas não conseguiu. Na sua primeira viagem ao local onde jazia a "pedra de ferro" ele fez o reconhecimento do terreno e conseguiu retirar a massa de 5.360 quilos do local onde repousava, dando-se conta do enorme desafio que tinha pela frente.

Numa segunda tentativa ele colocou a massa de ferro sobre um carro de bois reforçado que mandara construir para aquela finalidade.

Prudente, o capitão-mor não tentou atravessar o leito seco do rio Bendegó. As margens do rio eram muito íngremes e não havia como construir uma ponte ou rebaixá-las com os recursos que dispunha naquele momento. Deixou para outra oportunidade empreender a marcha definitiva a caminho da Bahia, distante uma boas 60 léguas ( 360 km).

Um ano depois chegou outra expedição às margens do riacho Bendegó. Bernardo Carvalho da Cunha não pôde ir. Estava adoentado. Mandou o capitão-mor João Correa de Figueiredo Bittencourt fazer o serviço.

Constrangido, o Capitão Carvalho da Cunha comunicou ao Governador em 9 de outubro de 1785 que seu companheiro de patente não fora bem sucedido na empreitada. Nas suas palavras.

"o dito capitão mor tomou a resolução e empreendeu de fazer uma estiva no dito rio para passar a carreta com mais facilidade e se havia de fazê-la de madeira, como devia ser, pois tinha lá carro que de cá mandei para conduzir o material necessário, a fez de folhas, mandando cortar muitas ramadas com toda a sua folhagem, ia arrumando-as dentro do rio até quase emparelhar as ribanceiras, depois mandou arrastar terra de uma e outra parte das ribanceiras para cobrir a folhagem, supondo que a carreta passaria felizmente e sem trabalho algum, porque passaram todos para uma e outra parte, como também alguns cavaleiros e bois mansos, sem se descobrir o menor risco, não advertindo que o peso da dita barra é muito diferente, extraordinário, cujo engano não conheceu senão depois que a carreta chegou no meio da estiva e se enterrou de tal sorte que nunca mais houve remédio para a tirarem daquele lugar, porque cada vez se enterrava mais para [......] a terra que talvez não estava bem pilada e por essa razão se retirou o dito capitão mor com os bois mansos que eu tinha mandado para a dita condução."

   

CARTA 2 DO GOVERNADOR PARA MARTINHO DE MELO


Constrangido, também o Governador D. Rodrigo Menezes deu conta do fracasso à corte em carta de 16 de fevereiro de 1787.

E assim a pedra do Bendegó ficou esquecida no árido sertão por mais de 100 anos. É certo que houve outras tentativas de remoção, mas nenhuma.deu certo.

 

 
CONTINUA