A ALQUIMIA NO FUNDO BIBLIOGRÁFICO
DA ESCOLA  POLITÉCNICA
PILAR PEREIRA
ALQUIMISTAS DA IDADE MÉDIA
Torna-se impossível aos historiadores da ciência enumerar todos os alquimistas que durante os primeiros quinhentos/seiscentos anos do segundo milénio da Era Cristã declararam ter atingido o objectivo do estudo das mutações, isto é, da fabricação do ouro.

Deste modo enumeramos alguns destes alquimistas:

O egípcio Hermes Trimegistus foi venerado pelos alquimistas como o pai da sua Arte que, por essa razão, é sinonimicamente chamada Filosofia Hermética. Hermes é aqui representado na sua tradicional aparência indicando os dois princípios da Obra, Enxofre e Mercúrio (do erudito), cujo pai e mãe são o Sol e a Lua, articulados pelo impetuoso amplexo dos dois componentes do Fogo Secreto. Viveu no Egipto, onde se tornou rei. Escreveu um certo número de livros sobre alquimia.

A primeira personagem árabe a ocupar-se da alquimia foi o príncipe Khalid ibn Yazid, morto por volta do ano 704. Apaixonado pela ciência, estaria particularmente interessado em Alquimia. Mandou traduzir do grego e do copta vários tratados de alquimia. São-lhe atribuídas várias obras sobre este tema.

Passemos a Jabir ibn Hayyan, cujo nome latinizado é Geber. Nascido em Tus em 721 ou 722. Foi enviado à Arábia onde estudou o Corão, as matemáticas e outras ciências; depois de regressar a Kufa montou um laboratório, encontrado dois séculos depois da sua morte, onde tinha um morteiro em ouro que pesava duas libras e meia.. Geber admite a teoria aristotélica da composição da matéria – terra, água, ar e fogo -, mas desenvolve-a numa linha diferente. Afirmava que, através das manipulações do mercúrio com o enxofre e outras substâncias era realmente possível transmutar os metais em ouro; para atingir este fim, o meio principal era uma substância “muito enxuta”, por consequência próxima do fogo (enxuto e quente). Enxuto em árabe dizia-se al-icsir, que na Europa foi traduzido por elixir.

Elabora a teoria da balança apoiada no equilíbrio de “naturezas”.

Geber inova e introduz o uso dos produtos vegetais e animais no arsenal alquímico; não era somente um teórico, pois conhecia perfeitamente as manipulações de laboratório e dá indicações muito claras para a fabricação de certos produtos.

Escreveu muitos tratados sobre alquimia. Foi também chamado o Hipócrates da Química. Foi o primeiro a destilar o vinagre e a obter ácido acético concentrado e a sintetizar, pela primeira vez, o cloreto de amónio. 

 

 

Avicena foi o nome latino do famoso doutor persa, nascido perto de Buhkara em 980. Alcunhado pelo Príncipe dos Físicos, foi um dos mais notáveis homens do seu tempo, cujo génio e conhecimentos abrangiam um extraordinário alcance.

Segundo ele, a Volatização do Estável e a Estabilização do Volátil, constituem a essência de toda a Obra.

Morienus de Roma foi um eremita cristão do séc. VII; é famoso na erudição alquimista como professor do príncipe Khalid ibn Yazid ibn Mu’awijah (673-705. As dificuldades do investigador não preparado são comparadas, por Morienus como um homem a ser apunhalado pela desarrumação do seu próprio pensamento, ou como um homem tentando ascender a uma torre sem uma escada : inevitavelmente cai. Morienus aponta para a necessidade de lembrar que a terra partilhada com a Terra Filosófica formam um único símbolo espagírico.

Roger Bacon nasceu em Ilchester, em Somerset, em 1214.

Parece ter sido membro de uma abastada família, arruinada nas lutas entre Henrique III e os seus subditos. Foi então convencido a entrar na Ordem Franciscana, o que se efectivou em 1247. De 1234 a 1250 estudou e foi leitor em Paris, sob a orientação de Petrus Peregrinus, autor do primeiro tratado sobre o magnete.
Dedicou-se ao estudo das ciências, alquimia, astronomia e matemática. Coleccionou livros proibidos em várias línguas e conduziu muitas experiências. Roger Bacon teve uma acuidade extraordinária, por meio da qual lhe foi fácil rejeitar muitas das especulações absurdas dos alquimistas, enquanto retém o que na prática é essencial. Viveu, por muitos anos em Oxford, onde morreu, em 1292.

Ramón Lull, conhecido como Doutor Iluminado, nasceu em Palma de Maiorca cerca de 1235. 

Depois de uma mocidade desregrada, voltou à religião e depressa se convenceu que a sua missão seria a conversão do muçulmano ao cristianismo. 

Demorou nove anos a preparar-se, estudando filosofia, teologia e árabe e entrou na Ordem Franciscana. Fundou a Escola de Estudos Árabes e escreveu muitos tratados. De acordo com a tradição alquimista, conquistou o segredo da Arte Hermética de Arnold de Villa Nova, de quem alegadamente se tornou discípulo. Contudo a sua obsessão pela missão levou-o por três vezes a Tunes ; duas vezes foi preso e a terceira foi apedrejado. Recolhido por um mercador genovês, foi levado para o seu barco, mas morreu antes de chegar a Palma, em 1315.

 
 
II Colóquio Internacional Discursos e Práticas Alquímicas (1999)

IN: Discursos e Práticas Alquímicas. Volume II (2002) - Org. de José Manuel Anes, Maria Estela Guedes & Nuno Marques Peiriço. Hugin Editores, Lisboa, 330 pp. hugin@esoterica.pt

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