venda das raparigas . britiande . portugal . abertura: 2006
 

TRABALHOS DE UMA LENHADORA
PRIMEIRA PARTE

Primeiro Dia

No dia 10 de Agosto de 2010 esta Mestre Lenhadora iniciou os trabalhos de desbravar um caminho intransitável, até chegar a um campo abandonado,
para tentar recuperar as árvores de fruto.
A entrada estava cheia de silvas e o portão, bloqueado por elas, por pedras e por folhas mortas, não se movia. Ao fim de uma hora de trabalho,
o portão foi desobstruído e a lenhadora até pôde fechá-lo.
Veremos, nos próximos episódios, que novos obstáculos se vão levantar,
além das silvas e dos indizíveis.

As silvas e os detritos, no chão, impedem a entrada, e o portão está bloqueado.

Ao fim de uma hora de trabalho, com a foice, a maior parte das silvas e dos detritos no chão foram removidos e vê-se um belo tapete de heras no chão. Além dele, está o desconhecido.

Desobstruído o portão, já pode ser fechado, e nota-se que as silvas foram removidas.
No próximo episódio veremos se a Mestre Lenhadora consegue ou não um companheiro para a ajudar na tarefa de abrir um caminho para as árvores.

2º Dia

 

3º Dia
13 de Agosto de 2010, sexta-feira

Não foi dia de azar, sim de sorte. Conseguiu-se de manhã a ajuda de um companheiro, a quem se pagou pela tabela em vigor: 5 euros/hora de trabalho.
Deviam ser três horas, ele trabalhou só duas, mas abriu uma boa clareira
no bosque de silvas. Pergunta a lenhadora, depois de pagar e de louvar o serviço:
- Amanhã, mais duas horas?
Rapaz do boné, torcendo o nariz: - Amanhã não posso, vou apanhar lenha para o Chico.
Lenhadora: - Depois de amanhã?
Rapaz do boné: - Eu vou ver, eu vou ver...
À tarde apareceu uma prima disposta a ajudar, e com esse apoio em empenho e tesoura de poda desbravámos o caminho até à fronteira do campo a tratar, que tem uma nogueira, um marmeleiro, uma mina e um poço, mas disso não há fotografias. Haverá amanhã.
Amanhã é outro dia. Os três que passaram, recordaram a tomada de posse de África, no século XIX: os exploradores, como eram chamados esses bravos Serpa Pinto, Capelo, Ivens, e até Francisco Newton, para avançarem no conhecimento científico do continente negro, tinham de superar os obstáculos levantados pela floresta, pelo deserto, pela malária, pelos animais venenosos, pela falta de mantimentos, pela falta de água, pelas cataratas, pelas torrentes, pelos rios, pelos desfiladeiros...
E eram as colunas armadas que iam entrando pela terra dentro, à força de catana, machado e outras ferramentas, umas mais próprias dos lenhadores, outras dos pedreiros, outras dos engenheiros do exército.
Tanto trabalho, tanto trabalho.... Para nada?
Às vezes, cortar mato à superfície equivale, simbolicamente, a descer às zonas ínferas.
Falta pouco para, em vez de FIM, rematarmos os trabalhos com uma palavra que lembra kriol...
SC.'.

4º Dia
14 de Agosto, sábado

Para trás fica uma senda de alguns 200 metros de silvado abatido.

A prima Leta deu uma boa ajuda. A notícia de tanto trabalho florestal correu a terra, por isso ficámos a saber que um agricultor, o Carlos, já tinha ido ver as obras, que aprovou. Aurora, a irmã, igualmente agricultora, com a melhor das vontades ofereceu entrada pelo seu campo para o tractor que há de ir abater as silvas dos lados do caminho, e pulverizá-las para não voltarem a nascer.

 

Tomada de posse oficial, ou outra versão de "A terra a quem a trabalhar".

A prima Leta, em trabalhos de aperfeiçoamento silvícola, corta com a tesoura as más silvas, deixando algumas com amoras, para depois as comermos.

Ora aí está a Mestre Lenhadora, finda a primeira parte da Grande Obra, que era
abrir o caminho para o pomar.

5º Dia
Pré-inauguração oficial da Nanoquinta da Azenha

 

Errata à solene tomada de posse da Nanoquinta da Azenha

Verdadeiramente aquela tomada de posse foi algo abusiva, se bem que feita sem má-fé, pois a convicção existia de se ter alcançado a terra desejada apesar de não prometida. Foi um engano, e destes enganos está o mundo cheio. Até Colombo se enganou!

Então, vê-se nas imagens seguintes que as primas se banqueteiam com uma bela bôla de Lamego, a pretexto de uma inauguração oficial que terá de ser adiada uns dias, até se alcançar o verdadeiro extremo de uma Nanoquinta que ainda está afastada de nós uns centímetros.

Desbravados mais uns centímetros de mato cerrado, vislumbra-se a parede de uma choupana sem telhado, que pode ser a dos Laranjo. Se for, é só a partir de agora que entramos
na terra da Nanoquinta da Azenha.

Posto isso, as primas abancam para a merecida merenda domingueira.

A Mestre Lenhadora entre as primas Isaura, atrás, e Anita, em primeiro plano.

Para lá do arco e do túnel aberto nas silvas ficam as ruínas da choupana dos Laranjo.

De regresso a casa, um pequeno acidente ou bate-cu, sempre dentro das expectativas.

Uma bela casa de prima, na fronteira com a Nanoquinta da Azenha.

Antes da bela casa, cheia de civilização, esta bela choupana, relíquia de tempos que já não existem.

Formas de comunicação pós-modernas, impensáveis no tempo da anterior choupana, em que a mensagem seria até ininteligível.

6º a 8º Dia

 

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