venda das raparigas . britiande . portugal . abertura: 2006
PELO DIA DA MULHER
Francisco Coimbra
“E pelo Dia da Mulher não vai, nada, nada, nada?!”

A mulher vive na minha pele um acontecimento mágico, deixa-se sonhar. Sem que isto aconteça num sonho, escrevo de olhos bem abertos. Procuro estar sonâmbulo, mas essa é a opção para entrar no sonho da mulher e procurar viver na pele a mulher a quem daria voz apenas para ser suspiros, gritos e obscenas expressões para uma cena de amor desenfreada. Conclusão, nem pensar falar pela mulher com quem vivo a pele, menos ainda no papel onde «palavras leva-as o vento» só arrastando a folha, o écran, o PC todo...

Vou pois procurar falar da mulher a pele que transfiro para o papel com a sensibilidade à flor dos dedos, tocando a música dos gestos que procuram na escrita a superação do efémero momento para uma efeméride: procuro a procura onde ando - no tempo nu - com o instinto saído para o instante, onde o desejo procura - nunca - mais ser extinto!

É na terra do nunca que sonho a mulher, nunca. Nunca sonho a mulher, penso-a sempre até ao sonho e quando durmo seja o que um deus quiser... que as mulheres nunca me deixem acordar molhado do desejo que para elas guardo!

Ora é pensando que penso que ninguém sabe muito bem o que pensa do Dia da Mulher, o qual (nesta nação país seja o que for, onde segundo Pessoa somos tanto mais portugueses quanto mais universais, gozo este gozo até ao ozono) associado ao Dia da Mãe teve alterações recentes... A história do acontecido mete uma Nossa Senhora, fico-me pelo que sei.

O final do parágrafo anterior era o meu final ideal, mas com as mulheres os ideais são passageiros. Isto eu queria dizer, sou um passageiro do tema, nunca desistirei do ideal. Quanto ao bem material da humanidade, o género, elas são mais de metade da nossa espécie; além de estarem em maioria, têm a prole; também pensam de forma diferente, diz quem estuda os hemisférios em funcionamento... Com isto tudo, já falei do género e situei o indígena, o assunto, e, parece-me mais que suficiente.

Para concluir só falta o necessário, o qual só dizendo a magia ficaria satisfeito. A racionalidade faz-me racionar essa procura da felicidade, ficando-me por uma abstracta consideração sobre as virtudes deste Dia: do que se trata? Posto perante esta ignorância básica, ficam as mulheres no dia da Mulher: para elas o meu amor até à morte, que me chegue para toda a vida e dê para terminar este texto “com toda a pujança e toda a cagança” do Coimbra de Coimbra: com as mulheres, o meu amor até à próxima!...

Eu bem quis levar a sério o tema proposto, mas o Surrealismo é cada vez mais actual e... Viva o Camões! Ele sempre dará versos à escolha para cantar a Mulher mulher da maneira melhor, sempre a poesia será a forma mais simples da(s) homenagear. Seja-me dado formular sob a forma de desejo que todas possam ter e receber na sua capacidade de dar: a poesia mais bela... nu amor no olhar!

Francisco Coimbra

http://www.recantodasletras.com.br/autores/Francisco

 
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