venda das raparigas . britiande . portugal . abertura: 2006
Dival G. Costa
RETRATO “FANTASMAGÓRICO”

Fui Ven\Mestre da Aug\Resp\e Benf\Loja Simb\ “União e Silêncio” nº 1582, Or\ do Núcleo Bandeirante – Distrito Federal, no período de 26/06/2003 a 11/03/2006, durante o qual procurei administrar com tolerância, respeito, estimulando e prestigiando a APJ (Ação Para Maçônica Juvenil) e a Fraternidade Feminina (contando com a colaboração de minha esposa, na Presidência).

Recebi sugestões para a minha reeleição no cargo de Venerável, mas sempre fui contrário, pelos meus princípios e respeito à capacidade administrativa dos demais membros desta Oficina. A reeleição para cargos executivos é a reafirmação do indivíduo diante do poder e deve ser combatida para evitar o endeusamento de certos dirigentes, que se consideram insubstituíveis e, com o tempo, tendem a cometer abusos.

A ânsia de se eternizar no poder é da natureza humana, dando a impressão de que só nele se encontra a perfeição.

Apesar das inúmeras dificuldades, principalmente de obreiros inadimplentes e despreparados para convivências fraterna, ética e moral no seio de nossa Ordem, conseguimos equilibrar as finanças da Loja e construir uma casa de alvenaria para o nosso empregado e sua família, que moravam em um barraco insalubre e indigno para o ser humano.

Ah! Como foi difícil conviver com certos Lobos travestidos de Cordeiros!!!

Sonhava com o término do mandato e em minhas elucubrações cheguei a imaginar como seria meu último dia como Venerável Mestre: “ocorreu-me o sentimento extra telúrico de que carregava em meus ombros um fardo de várias toneladas de problemas, cansado, nauseado, com a vontade louca de acelerar o tempo, como fazemos com o relógio ou soprando as folhas do calendário. Caminhava eu aos tropeços e sedento, quando me deparei com um pé de oiticica bem próximo ao riacho. Joguei o fardo no chão e corri para saciar a minha sede com a água da liberdade. Adormeci sob a árvore frondosa e acordei no dia seguinte, com o cantar dos Bem-te-vis, Sabiás, Rolinhas, Canárias e outros pássaros, anunciando o raiar... Até o jumento relinchava a hora precisa de começar o dia.

Ao abrir os olhos, como que por encanto, tive a sensação estranha de uma leveza espiritual. Desapareceu aquele fardo de várias toneladas de problemas e em seu lugar, havia ovelhas e cabras pastando... E eu pensei cá comigo: já que a gente engole sapo vez por outra, será que esses animais têm a capacidade de digerir problemas?

Espreguicei-me como o cachorro que faz alongamento ao se levantar.

Caminhando nas cercanias, encontrei uma tigela de barro debaixo do pé de Jatobá e aproveitei para colher vagens. Lavei a tigela no riacho e ordenhei uma das cabras. A seguir, coloquei o pó das vagens misturando ao leite com o dedo indicador e degustei. Seria melhor se tivesse um pouco de açúcar - pensei. Ali perto havia abelhas de jataí e, seguindo a orientação delas, descobri o enxu. Retirei alguns favos e mexi dentro da tigela com o leite e o pó de jatobá. Ingeri tudo de um só gole, sem respirar. Eu não sei ao certo se essa mistura estava tão gostosa, ou se a fome era exagerada... Imaginei que do ponto de vista nutricional eu estava com alimentação balanceada em carboidratos, proteínas e lipídios, além de vitaminas”.

Durante a Ses\de instalação e posse do meu sucessor, “sumiram” a Bandeira do Brasil; o Esq\e o Comp\, como forma de represália à nova Diretoria, uma vez que o pleito eleitoral fora decidido pelo Supremo Tribunal de Justiça Maçônico.

Como eu respeitei e acatei a decisão judicial, os “adversários” passaram a me hostilizar e, na semana seguinte, os Balaústres do meu período administrativo foram jogados fora e encontrados num saco de lixo pelo empregado da Loja.

Afixei a minha fotografia (caput) na Galeria de Ex-Veneráveis.

No dia 09/12/2006, visitamos a Loja (eu e o atual Ven\) e, para nossa surpresa, a minha foto - desapareceu misteriosamente - da Galeria.

Algumas hipóteses passaram imediatamente pela minha cabeça:

  • Seria a reencarnação do espírito mau dos invejosos de Esopo? Observem que usei a sua frase após a sua alforria, conquistada pela brilhante inteligência que era dotado (Século VII a.C.): Non bene per toto libertas venditur auro(não troco a minha liberdade por ouro nenhum do mundo);
  • Teria o espírito demoníaco de um “Ir\macumbeiro” a intenção de utilizar a minha foto de Venerável para fazer um despacho numa encruzilhada, com galinha preta, cachaça, charuto, fumo de rolo e outros ingredientes, com o objetivo de anular as minhas atividades física e intelectual?
  • Poderia ser obra de um “retratista” – ligado ao culto da imortalidade sobre tela?
  • É possível que seja um invejoso “enrustido” – que se martiriza com o sucesso alheio.
  • É elementar, meu caro Watson: Trata-se de um velho Mau-caratista militante”...

Brasília, 12/12/2006
Dival G. Costa.
M\I\CIM: 143.304.

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