SÃO TOMÉ EM 1903 / A FAUNA/ AVES
JÚLIO HENRIQUES
19-07-2003 www.triplov.com

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OSSOBÓ (CUCO ESMERALDINO)
In: A. A. da Rosa Pinto - Ornitologia de Angola. Instituto de Investigação Tropical, Lisboa, 1983.


AVES

Das 65 espécies de áves que vivem em S. Tomé 5 são comuns tambêm às ilha do Príncipe e Fernando Pó (Crisococcyx smaragdinus, Numenius phaeops, Ardea gularis, Butorides atricapillus, Anous stolidus); vivem tambêm em Fernando Pó Milvus aegyptius, e Bibulcus Ibis e no Príncipe 11 (Agapornis pullaria, Alcyon Dryas, Coracias garrula, Cypselus affinis, Spermestes cucullata, Estrelda astrilda, Turturaena Malherbi, Actitis hypoleuca, Sula leucogastra, Phaeton candidus, Sterna anaesteta).

Ainda 17 espécies se encontram em diversas partes da Africa ocidental (1), ficando portanto privativas de S. Tomé 25 espécies.

Não animam a paisagem de modo notável estas aves nem pelo brilho das cores, nem pelo canto. Poucas são as de plumagem brilhante e só uma é de canto agradável, e tanto que lhe chamam roixinol da ilha. - É o ossobó. Não o ouvi e por isso não posso dizer se o canto dele quebra agradávelmente o grande silêncio, que domina toda a ilha.

A informação que deu o maduro Gonçalo Peres de certas áves tão mansas, que se deixavam apanhar a laço, tem ainda hoje uns visos de verdade. As cecias (Treron crassirostris), parecem surdas e até de vista curta; não fogem quando de perto Ihes fazem fogo. Presenciei isso.

Ave curiosa é o Taclé (Prinia Molleri). Saltando de ramo em ramo produz com as ásas um estalido particular, donde deriva de certo o nome por que é conhecido.

E interessante tambêm a Garça branca (Ardea gularis), que é quási ave doméstica. Branca, de forma elegante, acompanha os bois no pasto, salta-lhes para o lombo e cata-os com singular cuidado. Bem perto das habitações elas se encontram neste curioso serviço, não se importando muito com os serviçais que passam.

Do pequeno número de reptís e anfíbios que vivem na ilha só 7 são especiais da ilha. São tambêm da ilha do Príncipe 6 (Chelone Mydas, Hemidactylus Greeffii, Lygodactylus thomensis, L. maculilabris, L. africanus, Boodon lineatus); um é comum às ilhas do Príncipe e de Fernando Pó (Rana Newtonii); a Naja melanoleuca e o Boodon lineatus são tambêm de Angola.

De todos o mais temivel, ou antes o único perigoso é a Naja.

É de todas a maior e muito venenosa. Não é já muito vulgar, e são raros os casos de morte em consequência da mordedura dela.

São comensais dos habitantes as osgas, que se encontram por toda a parte nas casas. Ao cair da tarde é curioso vê-las andar caçando, correndo velozes pelas paredes. É curiosa a djita, cobra longa e fina de côr verde brilhante. Trepa pelos cafezeiros com toda a facilidade, naturalmente à caça dalgum pequeno animal. Não se importa demasiado com quem passa perto dela.

Alêm dêstes animais ainda fazem parte da fauna terrestre e fluvial alguns peixes, numerosos insectos, moluscos, e crustáceos.