Memórias da
Quinta de São Bento

Agradeço a D. Margarida Osório e a seu filho, António Osório, proprietários da Quinta de São Bento, os materiais que agora se publicam, trazidos na rede de pesquisa sobre a sua antepassada Maria do Pilar Osório, escritora duriense que no TriploV tem directório (menu superior). Uma das rubricas é um extracto do seu romance "A secular do Convento de Barrô", em que dedica um capítulo à Quinta de São Bento.

Maria Estela Guedes . Lisboa, 1 de Julho de 2007

QUINTA DE SÃO BENTO
REVITALIZA HISTÓRIA E TRADIÇÃO EM TAROUCA
Por Ígor Lopes
Fonte: Lamego Hoje, 13 de Abril de 2006
Produtos típicos prometem encantar os visitantes

Integrada numa zona de reconhecido valor arquitectónico e artístico, a Quinta de São Bento, que data de 1680, conta com uma valiosa história para contar. A riqueza cultural é um marco desta propriedade, que zela pela
qualidade e conforto dos seus visitantes. Alvo de um processo de dinamização e requalificação, esta quinta se caracteriza pelo seu charme tradicional, tendo como cenário parte do vale encantado, no concelho de Tarouca.

Situada numa encosta soalheira, a quatro quilómetros da cidade de Tarouca, em Gouviães, a quinta de S. Bento conta com 98 hectares de terreno (sendo 34 de vinha) e uma grande história para contar. O local já foi sede dos Beneditinos, mas, hoje, se destaca pelos premiados vinhos que produz e pelo ambiente familiar no trato com seus visitantes.

Em 1980, um incêndio destruiu parte da propriedade. Abandonada, a quinta corria o risco de perder a sua memória. Mas, com o propósito de salvaguardar e manter as tradições da família e os traços marcantes do local, António Ehlert, um dos herdeiros e responsáveis pela quinta, decidiu, há pouco mais de um ano, reconstruir o passado. Aos poucos, os cómodos foram restaurados, assim como parte da quinta.

Logo à entrada da casa, o ambiente transforma-se. O espaço verde dá lugar a um autêntico "palácio de memórias" que, através da decoração, conta a história da família Osório Coutinho e Castro, uma das mais tradicionais da região.

O ambiente rico em detalhes transporta-nos a um passado de história e tradição que, ao logo dos anos, se modificou. Na sala, um piano italiano de 1890 lembra bons momentos de música.

"Aqui a tradição nunca será deixada de lado. Apesar de o espaço ter sido renovado, optei por manter o seu aspecto original. A magia desta quinta é que ela tem história, o que outras não têm", conta António Ehlert.

Esta quinta é constituída por um solar, diversos prédios de funcionalidade agrícola e habitacional, além de campos agrícolas de enorme extensão, com uma produção diversa. A casa está rodeada por um imenso espaço verde, com árvores de origem nórdica e majestosos ciprestes, que se destacam por serem o ex-libris da quinta.

O interior da casa conta com 11 quartos, sendo que alguns têm casa de banho privativa e televisão, além de salões de festas, sala de jogos, sala de reuniões, biblioteca, serviço de internet, etc..

Outras actividades tradicionais, como a matança do porco, são pontos assentes no calendário da quinta, onde a agricultura e a produção de vinho continuam a ser feitas de forma tradicional e natural.

Detentores de váríos prémios dada a sua qualidade, o vinho "Quinta de São Bento" alcança grandes níveis de produção. Os vinhos Branco Maduro DOC, Branco Seco e Tinto Reserva constituem as cerca de 25 mil garrafas produzidas por ano."

"Os nossos vinhos já ganharam vários prémios. O segredo desse sucesso é a forma caseira como eles são feitos. Todo o processo é realizado de forma tradicional", garante o responsável.

Na quinta de São Bento podem ser encontrados outros produtos tradicionais daquela propriedade, como a jeropiga caseira, aguardente de medronho, ginjinha, licor de baga, bem como azeite, frutas em calda, mel, doce de baga, avelãs, nozes, figos secos, presunto, entre outras "iguarias", como o piri-piri afrodisíaco.

Os campos são compostos também por uma plantação de ervas aromáticas que, juntamente com a baga de sabugueiro, inserem-se numa perspectiva de conquista do mercado internacional.

O artesanato, que ganha vida pelas mãos de Susana Carvalheira, uma das funcionárias da quinta, faz também parte dos produtos locais.

Uma das apostas daquela estrutura é a aproximação produtor-consumidor, através da comercialização directa dos produtos, que podem ser adquiridos na própria quinta.

Turismo como fonte de negócio

A classificação de Turismo Rural, com diversos serviços destinados aos seus visitantes, é outra aposta da Quinta de São Bento. O turismo religioso
faz parte do projecto, tendo como "sede" uma capela que dá nome à quinta e que acabou de ser restaurada. Para garantir o bem-estar dos seus clientes, estão em curso alguns projectos de animação turística, como percursos pedestres de descoberta da quinta e dos seus arredores, além de outros propósitos de animação cultural.

"Todas as pessoas que querem descobrir uma amostra do paraíso, poderão fazê-lo aqui. Nesta quinta reina a paz, o silêncio e a harmonia, o que faz com que este local seja perfeito para um encontro entre a natureza e o bem-estar. Procuramos atender todos os nossos visitantes com uma boa dose de carinho e de ambiente familiar", sublinha António Ehlert.

Um passado rico em detalhes

A sua origem remonta ao século XI (com documentos datados de 1228), no início da fundação da nacionalidade por D. Afonso Henriques que, ao doar as terras circundantes a este estabelecimento a Paio Cortes, estabeleceu a Honra de Gouviães.

Logo após foi cedida por Nuno Viegas ao Mosteiro de Salzedas que instala uma comunidade de monges na quinta, que acabam por ali construir um pequeno convento.

Nos séculos XIV/XV os descendentes da família Viegas vendem a quinta à família Fonseca (Coutinhos e Condes de MariaIva).

No século XV, a posse da quinta transita para as freiras de São Bento de Avé-Maria da cidade do Porto, que ali estaelecem um local de recolhimento das irmãs doentes ou em repouso, recebendo hóspedes e fazendo render a quinta pela sua produção que trocavam com os habitantes locais.

Entretanto, o controlo da quinta volta para as mãos dos Condes de Marialva e, através de algumas gerações familiares, chega à posse da familia dos Vaz Pinto Menezes, ao descendente Manoel Osório, que se torna marido da escritora Maria do Pilar Osório. Deste casamento a linhagem da familia Osório Coutinho e Castro, antepassados de Margarida Osório, mãe do actual gestor da quinta, António Ehlert.

 

 

 

 




 



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