Uma visita ao Teatro Lanterna Mágica
Por Maria Estela Guedes
Dia 19 de maio de 2017, inserida numa sessão de trabalho, ocorreu uma inesperada visita guiada à caverna de Ali-Babá, ou mais propriamente a outro conto de As mil e uma noites, aquele que nos diz que, se afagarmos a lanterna mágica, ela satisfaz os nossos mais assombrosos desejos. E foi assim que Aladino, abrindo portas num casarão antigo, iluminou de alto a baixo o cofre dos tesouros e a caverna dos brinquedos. É ele, na vida quotidiana, Carlos Varela, diretor artístico deste famoso teatro de fantoches, que há quatro décadas vem encantando crianças, adolescentes e adolescentes e crianças de maior idade.

Carlos Varela mostrou o edifício do Estado Novo, mas também industriou sobre ele, o bairro à volta, outrora chamado Bairro Salazar, e a elevação de Monsanto em que se insere, apenas um monte careca ainda não há muito tempo, destinado a searas, como outros na periferia de Lisboa. A florestação data apenas dos anos 40, e um nome aqui recordo, de naturalista nessa empresa empenhado, bem como noutras, no então Ultramar, Fernando Frade, no seu tempo um dos maiores, ou maior especialista em elefantes.

O teatro é uma arte dotada de evidente função lúdica, mas todos sabemos que é a mais direta arma de crítica social e um grande instrumento educativo. É urgente que o teatro se erga da crise de falta de público em que está mergulhado, na companhia de todas as outras artes; se Carlos Varela entende que o modo de o fazer consiste em educar as crianças para o teatro, eu dou-lhe razão, aduzindo que as crianças devem ter matérias de arte inseridas nos programas de ensino. Porém um dos problemas graves é a falta de crianças.

Porque hoje a Companhia do Teatro Lanterna Mágica já não faz várias sessões por dia, nota-se o processo de reestruturação, que passa pela reciclagem do próprio diretor artístico, empenhado no domínio da aparelhagem fílmica e na produção de workshops relacionados com cinema. E foi assim que a visita, cujo objetivo era o visionamento de vídeos de exposições de Manuela Jardim, acabou com a projeção de uma curta metragem realizada em 48 horas nas instalações do Teatro, com o pessoal e ideias da casa.

Fique a memória fotográfica de uma tarde animada com os seus bonecos de maravilha e a expectativa de uma possível relação de trabalho entre os visitantes que Carlos Varela maravilhou com o que deu a ver e a ouvir: Manuela Jardim, Stella Lourenço e a realizadora de cinema Valérie Mitteaux.
 
Carlos Varela, diretor do Teatro Lanterna Mágica
 
Stella Lourenço e Valérie Mitteaux
 
Manuela Jardim e Valérie Mitteaux
 
 
 
 
 
 
 
 
O último piso do teatro abre para o terraço de onde se avista uma lindíssima paisagem lisboeta
 
 

A COMPANHIA DE TEATRO LANTERNA MÁGICA foi criada, em 1980, com o firme propósito de recriar, e reinventar, o clássico Teatro de Bonecos Português.

A denominação surge em homenagem à Obra de Rafael Bordalo Pinheiro e ao seu jornal de caricatura social “A Lanterna Mágica”, aliada à milenar alegoria da lâmpada de Aladino, que encerra um Génio capaz de conferir todos os desejos.
Procurando permanecer fiel aos estilos e às nomenclaturas originais, a LANTERNA MÁGICA evitou todo o tipo de estrangeirismos desnecessários, mantendo o perfil psicológico e o fundamento lúdico didáctico dos medievais (e genuinamente portugueses) “BONIFRATES”, dos ancestrais “FANTOCHES” e dos típicos e originais “ROBERTOS”, preservando, em simultâneo, a estrutura técnica, artística e plástica do grande Espectáculo peninsular de Bonecos.

Concebe e produz Histórias, e Espectáculos, com CONTEÚDOS DIDÁCTICOS E EDUCATIVOS, artisticamente estruturados e unidos, quer nos textos, quer na concepção plástica, quer na direcção artística, mantendo sempre a linha fundamental do TEATRO LÚDICO.
Realiza Espectáculos infanto-juvenis de TEATRO DE ANIMAÇÃO, DE BONECOS, DE OBJECTOS, E FORMAS ANIMADAS.

Explora e experimenta, constantemente, novos processos artísticos, através da pesquisa e da aplicação de técnicas e de métodos diferentes e, quantas vezes, inovadores.
Forma Agentes de Ensino e Terapeutas, em Teatro de Bonecos, de Objectos e Formas Animadas para que, com o apoio desta Arte, mais facilmente, alcancem os seus objectivos didácticos, educativos e terapêuticos.

Trabalha em Equipa com Professores, Educadores, Terapeutas, Psicólogos e Psiquiatras com o propósito de apoiar o desenvolvimento de Acções específicas de suporte ao ensino e à terapia.
Foi pioneira na produção de Séries Televisivas com Bonecos, com a apresentação da Série “CLÁUDIO E CAROLINA”, produzida e emitida pela RTP.

Apoiada pelo Serviço de Educação da FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN, percorreu Escolas de Bairros degradados, da periferia da cidade de Lisboa, e todas as Escolas de Ensino Especial, onde desenvolveu um trabalho de pesquisa (indo ao encontro das necessidades pedagógicas da comunidade), divulgando técnicas, criando Ateliers de apoio às crianças e professores, e procurando a aplicação de novos métodos de apoio terapêutico para cada caso específico.
Com este Projecto, a LANTERNA MÁGICA, deu assim início, em Portugal, à aplicação do TEATRO DE OBJECTOS E FORMAS ANIMADAS no apoio à terapia de crianças deficientes, razão pela qual, para além das técnicas tradicionais, a partir deste momento, optou também pela construção dos personagens com materiais reciclados e de uso quotidiano.

Em 1983 torna-se membro da UNIMA INTERNACIONAL (Union Internationale de la Marionnette) e da MARIONNETTE E THÉRAPIE, ambas sedeadas em França.

Neste mesmo ano grava para a RTP, os Espectáculos de Teatro de Bonecos “OS DOIS COMPADRES” e “PEDRO DAS MALAS ARTES” .
Participa na Série Infantil da RTP, “JORNALINHO”, dando vida aos Bonecos “HORÁCIO” e “ELIAS”.

Em Setembro de 1985 a LANTERNA MÁGICA é a 1ª Companhia de Teatro de Bonecos Portuguesa a participar oficialmente, em representação de Portugal, no “FESTIVAL MONDIAL DES THÉATRES DE MARIONNETTES” em Charleville-Mézières, (França).

Posteriormente, e durante dois meses, efectuou uma digressão pelo norte de França, realizando Espectáculos em Escolas de Ensino Integrado, quer a convite de Organizações dependentes do Ministério da Cultura Francês, quer de Associações de Portugueses.

A pedido dos “Acordos sobre a Entrada de Portugal na CEE”, e com o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros, integrou também, o trimestre sobre Cultura Portuguesa em França.

A convite do GOVERNO DA PROVÍNCIA DE ONTÁRIO (CANADÁ), a LANTERNA MÁGICA, deslocou-se a Toronto, onde, entre 4 e 13 de Junho de 1988, participou nas Comemorações do Dia de Portugal, realizando várias sessões do Espectáculo “AVENTURA DE CAMÕES EM DIA DE CORPUS CHRISTI” para a Comunidade Portuguesa aí radicada.
Pela sua participação, em representação de Portugal, a LANTERNA MÁGICA, foi destacada, pelo Primeiro Ministro Canadiano da Província de Ontário, com um Diploma de Honra e Mérito.

Em 1989, com uma adaptação de “O BISPO NEGRO” de Alexandre Herculano, a LANTERNA MÁGICA, introduz em Portugal a técnica do TEATRO NEGRO e os BONECOS DE MESA.

Em Janeiro de 1990 celebra um Protocolo com a CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA e inicia a recuperação de um antigo, e muito deteriorado, edifício abandonado, restaurando, transformando e adaptando uma antiga Escola Primária e Biblioteca Municipal, no actual TEATRO ESTÚDIO LANTERNA MÁGICA.

Entretanto grava, para a RTP, “AS HISTÓRIAS DO AVÔ SAPATÃO” e realiza, em parceria e com produção, do Departamento de Programas Infanto-Juvenis da RTP, o Programa “DOMINGÃO” (cujo personagem principal, o URSO DOMINGÃO, foi de sua autoria), o qual esteve no ar, aos Domingos de manhã.

Em 1992, a convite da Produtora Mandala, a LANTERNA MÁGICA integrou, na sua qualidade de “expert” em Bonecos de Televisão, a Equipa de Realização do Programa “JORNALOUCO” (produzido para a SIC) criando, e dando vida a todos os Bonecos da 1ª Série deste Programa de Sátira Política.

Em 1995, com o apoio técnico e artístico da Família Roque, a LANTERNA MÁGICA, cria uma Equipa de Animadores Circenses e começa a desenvolver Actividades Circenses de norte a sul do país. A partir de 2003 é criado, em Coimbra, o Departamento de Circo.

Em 1997, a LANTERNA MÁGICA, é convidada pelo ISPA (INSTITUTO SUPERIOR DE PSICOLOGIA APLICADA) para desenvolver Projectos ao nível do Teatro de Bonecos e Formas Animadas e para ministrar Formação nesta área.

No ano 2000, com “AS AVENTURAS DE ALADINO”, a LANTERNA MÁGICA é, uma vez mais, pioneira ao introduzir em Portugal, o TEATRO INTERACTIVO (técnica que, por votação do público, possibilita a escolha de diferentes desfechos para um mesmo Espectáculo). Posteriormente, através de uma digressão realizada por vários países europeus, constatou-se que a ideia do TEATRO INTERACTIVO era uma inovação, não só em Portugal, como na Europa.

Em 2002, a LANTERNA MÁGICA, é convidada pela Continental Filmes, para criar o “Urso Teddy” (um Boneco Animado), aconselhar tecnicamente na realização do Filme, dar vida ao personagem principal e gravar a Curta Metragem “TEDDY E AMÉLIA”.

A partir de 2002, a LANTERNA MÁGICA, começa a produzir Espectáculos de Teatro de Bonecos com o AVÔ CANTIGAS, introduzindo em Portugal o conceito de Espectáculo de Animação com um Artista de renome do Mundo do Espectáculo Infantil.

Em 2004, a LANTERNA MÁGICA cria, para o MUSEU DA PÓLVORA NEGRA da Câmara Municipal de Oeiras, o Espectáculo Didáctico “ERA UMA VEZ A PÓLVORA” que ensina, de forma lúdica, a história do fabrico da Pólvora e que é realizado semanalmente no Museu, para Escolas e para o público em geral.

Em 2009, a LANTERNA MÁGICA, é convidada pela UNIVERSIDADE LUSÓFONA para participar, como congressista, no III CONGRESSO INTERNACIONAL DE PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO, que decorreu durante os dias 2 e 3 de Abril, em Lisboa, nas instalações desta Universidade.

Com Sessões frequentes no TEATRO ESTÚDIO LANTERNA MÁGICA e com digressões agendadas ao longo do ano, a LANTERNA MÁGICA, tem realizado milhares de Espectáculos para milhões de crianças, tem estado presente em todos os Festivais Mundiais de Teatro de Marionnettes em Charleville-Mézières, participa com regularidade no FESTIVAL DE TEATRO DE AVIGNON, e tem vindo a participar em inúmeros Encontros de Teatro e de Festivais Internacionais, em Portugal, Espanha, França, Alemanha, Inglaterra, Bélgica, Itália, etc., realizando também constantes digressões, com Espectáculos e Acções de Formação, de norte a sul de Portugal, Açores e Madeira, e ainda por África, pelo Brasil, Canadá, E.U.A., México, Espanha, França, Alemanha, Inglaterra, Bélgica, Suíça, Holanda, Polónia, Hungria, Bulgária, Itália, etc.

A LANTERNA MÁGICA continua a conceber a sua própria dramaturgia, a criar textos para Projectos Específicos, ou a adaptar Contos, mantendo-se sempre em constante pesquisa, exploração e experimentação de diferentes métodos, utilizando todo o tipo de processos artísticos, técnicos e plásticos, para produzir os seus Espectáculos mas elegendo sempre o factor didáctico e educativo, a interacção de Artistas e Actores com os diferentes Personagens e, sobretudo, privilegiando a participação e a interactividade com o público.  

Citado do site do Teatro da Lanterna Mágica: http://www.lanternamagica.pt/historial.html

 

O Teatro Lanterna Mágica situa-se em Lisboa, no Bairro do Alvito (Freguesia de Alcântara), à entrada do Parque Natural de Monsanto, a cerca de 700 metros do Parque Infantil do Alvito, e a uns 400 metros do Clube de Ténis de Monsanto. Tem Parque de Estacionamento gratuito e o Autocarro que serve este Bairro é o 24.

Teatro Lanterna Mágica
Bairro do Alvito
1300-052 Lisboa
Portugal

Telefones: (351) 21 361 68 20 / 96 702 43 74
Fax: (351) 21 019 89 37
E-Mails: geral@lanternamagica.pt ou teatro@lanternamagica.pt