ROLANDA ALBUQUERQUE-SERRA - FOTOS E LEGENDAS 
LUÍS VICENTE - J.A. SERRA (1914-1990) : A FASCINANTE AVENTURA DA GENÉTICA


Bolseiro do National Research Council of Canada, foi Professor Visitante em 1965-1966, e convidado como Professor Definitivo, nos Departamentos de Genética e Zoologia da Universidade de Alberta, Edmonton, Canadá. Nesta Universidade foi ainda convidado para chefiar o Departamento de Genética e um Departamento Unificado de Biologia, convites que declinou. Durante 1968, 1969 e 1970 foi "Senior Scientist" e "Head" no Laboratório de Genética e na Basic Science Unit, da Pacific Northwest Research Foundatíon, em Seattle, Washington, U.S.A.

Foi ainda Professor Convidado nos cursos pós-graduados de Genética do Instituto de Biociências da Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil, tendo também realizado seminários em diversas universidades estrangeiras, com destaque para o Brasil, Estados Unidos e Canadá.






FOTO:  RECIFE. FORA CONIVIDADO A MONTAR E A PLANIFICAR O DEPTº DE GENÉTICA DA UNIVERSIDADE DE RECIFE.

Foi um dos primeiros membros da Internatíonal Society for Cell Biology, da Society for Experimental Biology (Londres) e da American Society for Cell Biology. Foi também membro da American Genetics Association, International Association of University Professors and Lecturers, American Associatíon for the Advancement of Science, assim como de diversas sociedades portuguesas e brasileiras, tais como: Sociedade Anatómica Portuguesa, Sociedade Broteriana, Sociedade de Antropologia, Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais, Associação dos Anatomistas, Sociedade Portuguesa de Biologia, Sociedade Portuguesa de Genética, Sociedade Brasileira de Genética, Comité de Honra das Reuniões Bioquímicas dos Países Latinos e da Federação Europeia de Sociedades Bioquímicas, etc.. Em Janeiro de 1989, recebe o colar da Ordem de Santiago da Espada, "atribuído pelos relevantes serviços prestados no desempenho de funções públicas". Em Fevereiro de 1990 é eleito sócio efectivo da NewYork Academy of Science.


CERIMÓNIA DE RECEBIMENTO DE CONDECORAÇÕES. 6 DE JANEIRO DE 1989

Quando, no início da década de sessenta os biologistas moleculares afirmam o dogma central da Biologia - um gene - uma proteína, Serra escreve :

Só por graça se poderá chamar dogma a qualquer doutrina científica, formada por um conceito, ou um conjunto destes, até uma teoria. Ou se trata de um enunciado de factos e então é apenas isto, ou é um conceito teórico e fica sempre sujeito a ser debatido e controvertido. Já há anos eram claras as indicações de que o dogma era melhor ter ficado como uma hipótese simplista ou inicial, símbolo do desejo preguiçoso dos homens de que a existência seja simples (...). Em princípio, nada impede as células de terem estes e outros tipos de enzimas que revogam o dogma (19).

De facto, em finais da década de setenta descobre-se que um gene pode dar origem (codificar) a várias proteínas.

Podemos vislumbrar em todo o trabalho de Serra o paradigma do exemplar trabalho científico. Serra "faz" ciência colocando questões claras, imaginando modelos conceptuais das coisas, às vezes teorias gerais, e tentando sempre justificar o que pensa e o que faz, seja pela lógica, seja por outras teorias, seja por experiências teoricamente fundamentadas.

A sua genial obra é para todos nós um bom exemplo de que as hipóteses são muitas vezes geradas por pensar nos problemas e não nos dados - hipóteses que baseia em conceitos teóricos ou transempíricos.

Intuímos, da análise da sua obra, que a finalidade da investigação científica não é a acumulação de factos mas a sua compreensão, compreensão que Serra obtém desenvolvendo e lançando teses precisas, que se manifestam sob a forma de modelos.

As suas hipóteses são conceptualmente claras e explicitadas por definições nominais e operacionais, têm referências empíricas; são específicas, estão vinculadas a métodos e técnicas disponíveis e relacionadas com teorias básicas.

Para Serra a liberdade para investigar, questionar, discutir, aprender e ensinar era fundamental à sua sobrevivência enquanto trabalhador intelectual. Para ele qualquer limitação à liberdade era um obstáculo ao trabalho original regular.

Viveu quase toda a sua vida sob um regime que era violento para com os intelectuais competentes, porque o conhecimento é inimigo mortal das ditaduras, cuja base é o obscurantismo. Imaginem os mais novos o que seria viver sob um regime que fomentava nas massas medíocres a arte do escárnio sobre os intelectuais, de tal forma que o escárnio se tornou a forma mais comum de aniquilação. O escárnio pela sobrevalorização dos erros e pela minimização dos êxitos.
















FOTO: EXPOSIÇÃO DAS OBRAS DE J.A. SERRA NO ÁTRIO DO ANFITEATRO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, DURANTE AS JORNADAS LUSO-ESPANHOLAS DE GENÉTICA. 1989?