ROMILDO SANT'ANNA

Por falar em Blu-ray

Doravante, o Blu-ray, o “raio azul” nos disquinhos de 12 cm, e que comportam até 50 GB em gravações de dupla camada. Armazenam vídeos em Full HD, alta definição. Os saudosistas das bolachões em vinil, fanhos e rangentes, vão suspirar exaltando as maravilhas do velho DVD com 4.7 GB de capacidade de armazenamento. Mas, queira-se ou não, de agora em diante o emblema é este: BD, o Blu-ray Disc.

Tenho algumas dezenas de filmes e shows na mídia Blu-ray e, inda que prematuro, repasso algumas experiências:

1. Quando instalei meu player, o impacto da decepção: nem todos os filmes funcionavam. Quase entrei em parafuso. No desespero, fui ao manual do aparelho que indicava uma suposta “Atualização do Sistema”. No site norte-americano do fabricante, fiz o download do firmware mais recente num CD comum. Receoso, apliquei-o ao leitor do player e... tudo azul. Luzes, câmeras... ação!

2. Mesmo com a sedução da nova tecnologia, quase sempre é bobagem substituir o acervo de filmes em DVDs por Blu-rays, como aconteceu na migração do LP para o CD. O player de BD (blu-disc) melhora consideravelmente a qualidade de som e imagem do DVD comum. Claro, você precisa de uma tela em Full HD (de 1920 x 1080 pixels), obviamente conectado num cabo transmissão digital HDTV.

3. A edição brasileira de Menina de Ouro (Million Dollar Baby, 2004), de Clint Eastwood, parece que foi trasladada do DVD. Embora com melhor resolução de imagem, o som não é Dolby TrueHD ou DTS-HD, mas persiste no velho 5.1 e, dublado em português, no jurássico estéreo 2.0. Ah, além do preço salgado, temos que engolir a horrorosa propaganda contra os DVDs piratas (por enquanto, não há pirataria em Blu-ray). Além disto, os bônus e extras desapareceram. A indagação é fatal: que vantagem Maria leva?

4. Filmes como Cassino (1995), de Martin Scorsese, embora legendados em vários idiomas, o português é de Portugal. Então, você vai ter que encarar Joe Pesci e Robert De Niro pronunciando gírias e xingamentos de gângster em linguajar lusitano. São esquisitos a nós, os timbiras e tapuias.

5. Alguns menus são editorados com tal sofisticação que é mais prático acessar os áudios e subtitles pelos comandos específicos do controle remoto.
6. Por fim, e atendendo-se à observação de Sergio Leone sobre o valor estético da música e a trilha sonora dos filmes, trate de providenciar um receiver com reprodução em 7.1 canais. Se você já possui as 6 caixas acústicas do antigo home theater, lembre-se que ficam faltando mais duas, e das boas, pra que o sonho se faça realidade. Após, o prazer em alta dimensão!

Romildo Sant'Anna, escritor e jornalista, é professor do curso de pós-graduação em "Comunicação" da Unimar - Universidade de Marílía, comentarista do jornal TEM Notícias - 2" edição, da TV TEM (Rede Globo) e curador do Museu de Arte Primitivista 'José Antônio da Silva' e Pinacoteca de São José do Rio Preto. Como escritor, ensaísta e crítico de arte, diretor de cinema e teatro, recebeu mais de 40 prêmios nacionais e internacionais. Mestre e Doutor pela USP e Livre-docente pela UNESP, é assessor científico da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Foi sub-secretário regional da SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.