PEDRO PROENÇA: HELIÓPOLIS
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O tecido dos seus lábios já se fechou/ e agora, percorrendo de lés a lés as sombras/ as esquinas afiadas/ o mármore húmido/ (já desceu)/albergada ou recolhida/ entra no chafariz central/ afinal a Casa do Conhecimento / ou exactamente o reverso do anterior /(como uma discreta costura numa baínha).

Um vulcão de gelo. Uma teoria arrancada a beterrabas e a mandrágoras. Contornando o chilreio das rolas e dos rouxinois. Não o arquétipico presságio. Mas a estátua de ouro com seus mantos mergulhados no rio - novas galerias - e o Hermafrodito Duplo em Eu - a perversão do cantar - fundindo, indistinguindo (há porém um certo jogo de máscaras que desnuda o vísivel).

Acender a lanterna solar nos aventais vermelhos da mãe do templo. Acender a lanterna lunar nas colunas nodais da fonte primeira, para a qual o passado é desenterrado e se espalha pelos quatro cantos de fogo.

E onde está o sonho? - alaúdes, vihuelas, cistros. Cordas que dedilham o tempo (segreis, ou tigres de espuma que rugem ao longo das praias). Os estádios escutam-te e ignoram-te no momento em que és pó e com isso tudo.

Compassos, caveiras, tábuas, tabelas, matéria que rebrilha e alastra como peste (negramento) - corredores: e o animal, pobre hamster tão educado por essa miniatural jaula (cobaia para o eu saír da memória).

Invoca-se uma Saída dentro da Saída. Uma Saída para dentro do Dentro. Para a Casa na Casa.

Descuido o Outro - no meu cuidado de todos cuido - será isto uma estafeta ou um inferno musical?

O rei conduz as suas gentes nos territórios do trabalho. Rinocerontes fantásticos habitam nessa zona. O rei cuja coroa é a História, e que se lamenta como um usurário velho, calça as sandálias de Aquiles e defronta-se com um Ás de Copas: o rei!

Qual e de quem o sono não dormido? O ócio inútil de quem trabalha! Realizai!

Obras despreendidas povoam-me como visões primitivas. E corujas de mastaba. E cordeiros de frontão de templo. Oh, porcos de papiro ao longo do papiro: o Lago.

E são visões e visões na indivisíval (………..alma (?)……) para o homem total. Inseperável do Mesmo.

www.triplov.com / 11.11.2003