PEDRO PROENÇA: HELIÓPOLIS
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(2)

No corpo de que membros somos. Disso penso. No Uno vértebra. Fluxo de secreção. Ou o mergulho na imagem.

Curvo-me sobre a admiração. E o prazer arqueia-se. Ou mexe. Como as margens de um lago sob ligeiro vento.

(o ritmo vem do informe; interdepende; choca com o vazio; é fruído com prazer; e volta e revém e volta - notícia de existência)

Agora: como um lírio no labirinto da Hipocrisia.

Mecânica. A Razão Mecânica. A Ideologia Mecânica. O Pensamento Mecânico. Todo o movimento orgânico… Mecânico!

Os tipos batem. O coração dos comerciantes. Descobrem a paixão. Estão perto da cultura: comerciantes e charlatões; criadores de gado e caçadores de renas juntam-se; assistem à procriação, à hierarquia na frase, ao crescimento demográfico, à expansão, ao alargamento das rotas.

Na tipografia papel branco antes da significação. As esposas são gordas como charutos. As suas preocupações preocupam-me (ou não?) - lucro, verdete, jóias, coisas raras que encham o Olho. Acumulam-se entre chouriços e paio (a gloriosa indústria do ranço - mas que inércia! - boas carnes). As contas - regressam ao pecado maternal (hebraico) - percorrem; circulam; revertem: em tinta sequinha nas tabelas das bolsas; nas estatísticas e nos estatutos. Império de ornamentos!

No corpo multiplomembro. Sermos entre nebulosas. Ou salgueiros estendidos no rio guloso que é degradação - e o Pecado congemina: é um momento trivial.

(pavões assobiando junto a um muro de cristais, uma tempestade (Shakespeare ele mesmo), ou simplesmente a Caverna)

- A poiesis não é uma farsa do Alegórico - isso é Mnesis (o teatro começa noutra coroa de espinhos) - poiesis é apenas uma parte que se concebe como todo e como parte. Inesgotável - é um vinho que será vinagre, capricho de Salomé.

O camaleão sou eu. Insistente.

Ou discretamente - um tubérculo em flor!

Dizendo multiplamente a multiplicidade do vazio?

www.triplov.com / 11.11.2003