LUÍS SERGUILHA
Texto 4

Os tigres intercessores das melopeias dos vendavais

são escolhidos meticulosamente

pelas fragrâncias dos astrólogos conspiradores que embalam o delineamento das águias dotadas de trevos panorâmicos

como as sílabas de látegos dinâmicos a embarcarem na celebridade dos signos

longamente aparelhados

pela canela labiríntica que faz dos trilhos da habitação um pianinho de rosas

As ferragens das guitarras afogueiam as cercaduras das visões

como uma adivinhação desaguando na paciência dos malmequeres

onde um pássaro de água embate numa garatuja

de insectos dinamitados

Por vezes o pássaro dilata-se para cambalear

sobre os crepúsculos indecifráveis

porque quer espionar o brilhantismo dos satélites

porque na sua caligrafia há conchas de aeroplanos sobrevivendo

à desorientação do engenho resplendente do firmamento

As fotografias desembainham a dor do alfabeto

como um esconderijo de virgulas a pulsar nas laranjas ciumentas dos pulmões

aqui as antenas do tempo arqueiam-se nas esponjeiras fragrantes das gelosias e os lenços prateados das nascentes peneiradoras deambulam

sob os gorgolejos dos caçadores de estátuas hederígeras onde os gargalos das ventanias desidratam as orlas das constelações

onde os instrumentos labirínticos das eflorescências resvalam nos risos aquáticos das cidades

Os amantes inventam as acanaladuras das ginjeiras

sobre esquecimento isolador das cavernas

para consumirem os liames das transparências

entre as descobertas estonteantes dos girassóis e os bordões pedunculares alinham-se nas fisgadas dos periscópios

para crepitarem decididamente

nas travessias lucíferas dos corpos

como as cores da minerografia tacteadas magnanimamente pela fugacidade das crinas do embarcadouro

O mapa faísca na homenagem das embarcações

onde as gotas das tâmaras espalmam as cantarias dos painéis e a película do grito peregrina nas cúpulas açambarcadoras das candeias

como os minérios dos corações a trilharem as pálpebras costeiras do inebriante regresso

Monumental cristal neutralizado nas milenares poeiras das navegações

onde os impulsores das ilhas secretas separam as maças dos alicerces

como escumadeiras solares a anestesiarem as inscrições das patas dos cavalos

estes porões de letras aclimatadas sufocam habitualmente

o mel frenético dos arbustos

para assimilarem os cérebros das lendas crepusculares

Os manipuladores dos alcáceres primaveris estampam as dobradiças dos países

para recitarem as babas teóricas dos dísticos

onde as sacudidelas nocturnas curvavam-se solitárias fundindo as correntezas hipnotizadoras dos alcatrazes

como um poente geométrico nas redes dos presságios dos arquipélagos

que decifram os gráficos cristalinos das fábulas no murmúrio do canastro do relâmpago

As cadeiras de água mitificam os canais concentrados na bem-aventurança dos telhados

onde o quartzo impenetrável das rosáceas escorre

como um vinho de febres aqui as empunhaduras assanhadas da rosa-canina palpitam nas esplanada tribal do sonho

e a marinhagem cancela a mutabilidade do fogo oceânico apurando cegamente

o sal impetuoso das asas das lengalengas

Os portos escolhem o desmoronamento genuíno das modulações

para vergarem as dedaleiras eléctricas das rosas com as finas portas dos beijos

onde escorrem luzeiros enovelados de ascendências e de viagens guardadoras de sementes giratórias

O fogo volátil pertence ao teatro da longevidade

porque tem uma laço selvagem que se debruça nos vestíbulos aniquilados

nas escaleiras distantes das artérias

nos casebres incessantes das praças

no médão hereditário dos corais

na floresta embrionária ressuscitada entre os alpendres aformoseados do ciclone

nas subterrâneas contaminações dedilhadas

pelos verões vegetais

nos abismados andamentos dos paraísos

onde uma categoria de turbilhões procura a eternidade do pântano na ingenuidade da atmosfera

onde o fôlego repercute os mausoléus das enxurradas

O esforço do fogo volátil ordena a indolência calamitosa das árvores

O esforço do fogo volátil desenraíza as irregulares fisionomias das perguntas

O esforço do fogo volátil emudece as genuflexões dos mamilos

O esforço do fogo volátil embranquece as correspondências das marchas

sustentadas pela abundância das víboras hipnóticas

A inteligência do fogo permanece nos êmbolos salitrosos das trepadeiras ininterruptas

como explosivas alcateias a transfigurarem o absorvimento dos pedais rudimentares da catástrofe