LUÍS SERGUILHA
Texto 3

Pássaro de transições fluviais

timidamente a pique na curiosidade bêbeda dos triângulos

Pássaro vermelho das éclogas procurando os estalidos dos fórceps da claridade

sobre os cingidouros extravagantes dos noticiários que empavoam as patrulhas do relâmpago

nos ascensores vigilantes dos polvos implacáveis

As asas esplendorosas protegem as confidências disponíveis nos cais enrouquecidos

onde os ângulos centenários dos chocalhos batucam as esquadrilhas sôfregas dos polichinelos pendulares

Os alfarrabistas impacientes engomam as esporas bronzeadoras dos desvãos silenciosos

aqui os pássaros sublinham os insaciáveis frenesins dos venenos para empoarem os semáforos imperceptíveis das sórdidas armações

como as áspides dos algozes a reclamarem o exílio patriarcal das meretrizes dançarinas

As barbatanas libertinas dos cofres geológicos planam

sobre as escadarias cristalizadas dos astrólogos excepcionalmente arregaçados

no parapeito odorífero dos bordéis

onde a argamassa experiente dos mastros são os reflexos compulsivos dos pulmões

Os pássaros alienígenas mergulham nas incubações das gadanhas rebocadoras para tremularem obstinadamente

entre os círculos repercutidos das balanças pélvicas das divas

Os solitários voos lançam-se nos vacilantes tronos das savanas

onde as preguiçosas combustões encrespam os gracejos furtivos das pálpebras

As densidades hirsutas dos voos depuraram-se nos archotes noctívagos das saias lúbricas

como a antracite dos espiráculos a proteger as curvaturas ambulantes da pérola epidérmica

Os pólens niquelados dos voos crepitam nos histéricos miasmas provavelmente

para transformarem os trilhos do fogo num musgo de gargantas nómadas

povoadas de rebentos imprevisíveis

As planícies incessantes dos voos reactivam as almofadas do desejo no luminescente soluço das víboras

Os voos desvelados em consonância com as respirações vertiginosas das prostitutas interferem similarmente

no impetuoso silêncio dos flashs pesquisadores das primeiras habitações nocturnas