Precisaria
que este desassossego
não fosse só
meu
e teu tonicamente nosso
e que fosse um alguém, alguém, alguém
alguém fala, alguém come, alguém cospe, alguém
dorme, alguém fode
algo bernardizasse tantos
além-soaresmente de uma Baixa
da linguagem pós-desassossego
e isto de fazer envelopes
e isto de enumerar páginas
e isto de uma genética quase crítica
de almas nervosamente azuis
porque intraduzíveis
isto parece lodo, parece asco, parece redondezas
Parece periferia
As massas realmente chegaram aos biscoitos finos
E comem tudo que traçam pela frente
Pois tem fome de coisas
Melhor seria se o fosse
Por incontáveis desassossegos
Que eu e tu e algo e alguém nos livrasse
E nos tornasse não um livro por escrever
Mas um imenso desassossego,
Um fabuloso desassossego por vir
Blanchot, ó Blanchot
Livrai-nos deste mal... |