:::::::::::::::::::::LUÍS COSTA::::::::::::
Em defesa da poesia

Para que nos servem as tuas teorias literárias, com tantas
estéticas, com tantas figuras de retórica, com tantos chocalhos ?
Para que nos servem as tuas morais imoralidades ?
Para que nos servem as tuas cores irritantes, os teus discursos
de político correcto, bem penteado, engravatado, empastado?
Se em cada momento desta vida um fósforo se pode acender
sob o sorriso de uma criança,
se as flores nos mostram os seus rostos de espelhos e as suas
pétalas de astros,
se as portas se abrem e fecham como sempre o fizeram,
se as galáxias rolam sobre si mesmas, intactas, sem sombras,
se ainda vive em nós a borboleta do sonho e da utopia,
a nona sinfonia
se ainda corre em nós o sangue da revolta, se ainda temos uma
voz capaz de gritar: VIVA A POESIA!