:::::::::::::::::::::LUÍS COSTA::::::::::::
O LIVRO EXUMADO
(XLIV POEMAS) - Index
Tlim-tlim tlim-tlão

As campainhas do vento elevam-nos em seus
braços

Tlim-tlim  tlim-tlão

O mundo é uma roda rosa-dos-ventos
pousada sobre a claridade dos seixos
pousada sobre a instabilidade dos astros

Tlim-tlim  tlim-tlão

E a voz da minha avó ecoa pela cozinha da grande
Casa antiga

A vida é bela como um gafanhoto
a vida é bela como os cereais
a vida é uma formiga
a vida é uma lamparina

E os seus olhos de puro aço
brilham com um helenismo nunca antes visto

Os quintais espraiam-se sob o aroma dos limões
e das tangerinas
e o burro do João Simões dá graças pelo novo dia

E lá fora, no meio do bosque, ouve-se o ermitão

Tlim-tlim  tlim-tlão

Quanta leveza, quanta sapiência há nas encostas
de cada novo dia...

Acordamos, esfregamos os olhos e a luz ou a chuva
o frio ou o calor dá-nos as boas-vindas

Tlim-tlim  tlim-tlão

A cada dia a sua moeda
A cada dia a sua medida
E com as campainhas do vento no pensamento
Abraçamos a vida

Luís Costa nasce a 17 de Abril de 1964 em Carregal do Sal, distrito de Viseu. É aí que passa a maior parte da sua juventude. Com a idade de 7 anos tem o seu primeiro contacto com a poesia, por meio de  Antero de quental, poeta/ filósofo, pelo qual nutre um amor de irmão espiritual. A partir dai não mais parou de escrever.

Depois de passar três anos  num internato católico, em Viseu, desencantado com a vida e com o sistema de ensino, resolve abandonar o liceu. No entanto nunca abandona o estudo.  Aprende autodidacticamente o Alemão, aprofunda os seus conhecimentos de Francês, bem como alguns princípios da língua latina. Lê, lê sem descanso: os surrealistas, a Geração de 27, Mário de Sá-Carneiro, Beckett, E. M. Cioran, Krolow, Homero, Goethe, Hölderlin, Schiller, Cesariny, Kafke e por aí adiante. Dedica-se também, ferverosamente, ao estudo da filosofia, mas uma filosofia viva. Lê os clássicos, mas ama, sobretudo, o poeta/ filósofo Nietzsche, o qual lera pela primeira vez com a idade de 16 anos : "A Origem da Tragédia" e o existencialista Karl Jaspers.

Mais tarde abandona Portugal rumo à Alemanha, pais onde se encontra hoje radicado.