:::::::::::::::::::::LUÍS COSTA::::::::::::

ARQUEOLOGIA INVIOLÁVEL
PELOS BOSQUES DE ZUESCHEN

INÊS DE CASTRO
( versão final )

Para Estela Guedes

Inês,

ovelha mansa,

que fizeste?

que horrível pecado cometeste

para que o punhal te cortasse a garganta?

Eras formosa como uma rosa:

Tranças negras,

olhos macios como uma rês,

peitos duros, cinta estreita,

tornozelo fino, bem- feito…

 

   Inês,

Bela Inês,

Luz nas trevas mediavais,

Por entre os choupos de Coimbra,

à beira do Mondego.

Foi por isso que  tiveste de morrer?

Terás sido um Cordeiro

em nome da cr’oa de Portugal?

Oh! quem saberá o porquê,

o real porquê de tal tragédia.

 

   Inês,

Sem saberes a razão,

Inocente, morreste,

Mas da tua imolação

uma mais alta verdade ficou:

o mito,

aquele nada que é tudo,

e na fonte da tuas lágrimas

- uma estrofe de Camões

e água, água fresca a correr.

Luís Costa nasce a 17 de Abril de 1964 em Carregal do Sal, distrito de Viseu. É aí que passa a maior parte da sua juventude. Com a idade de 7 anos tem o seu primeiro contacto com a poesia, por meio de  Antero de quental, poeta/ filósofo, pelo qual nutre um amor de irmão espiritual. A partir dai não mais parou de escrever.

Depois de passar três anos  num internato católico, em Viseu, desencantado com a vida e com o sistema de ensino, resolve abandonar o liceu. No entanto nunca abandona o estudo.  Aprende autodidacticamente o Alemão, aprofunda os seus conhecimentos de Francês, bem como alguns princípios da língua latina. Lê, lê sem descanso: os surrealistas, a Geração de 27, Mário de Sá-Carneiro, Beckett, E. M. Cioran, Krolow, Homero, Goethe, Hölderlin, Schiller, Cesariny, Kafke e por aí adiante. Dedica-se também, ferverosamente, ao estudo da filosofia, mas uma filosofia viva. Lê os clássicos, mas ama, sobretudo, o poeta/ filósofo Nietzsche, o qual lera pela primeira vez com a idade de 16 anos : "A Origem da Tragédia" e o existencialista Karl Jaspers.

Mais tarde abandona Portugal rumo à Alemanha, pais onde se encontra hoje radicado.