<<<<<<<<<JUDITE TEIXEIRA>>>>>
POEMAS - INDEX
Venere Coricata
“Ante o quadro de Tiziano Vicelli”

Risca-se numa luz esbraseada

sobre uma pele negra e rebrilhante

a linha do seu corpo estonteante

recortando a nudez estilizada..,

Cintilações de cor avermelhada,

vem envolver-lhe a curva provocante!

E na boca perversa de bacante,

agoniza uma rosa ensanguentada!

Num amplexo quimérico cingida,

revolve-se na luz enrubescida,

em espasmos de luxúria, irrealizados...

Contorce-se num ritmo de desejos...

E a luz vai-lhe mordendo todo em beijos

o seio nu, de bicos enristados!

Judite Teixeira representa um caso singular na história literária em Portugal não só pelo escândalo suscitado aquando a condenação e apreensão da sua coletânea poética de 1923, "Decadência", mas também pelo injusto esquecimento da sua contribuição literária, especialmente no discurso modernista das letras portuguesas. No entanto, como observou um dos poucos críticos que soube avaliar objetivamente a sua escrita - o poeta António Manuel Couto Viana - Judite Teixeira poderia ser considerada, dentre as escritoras portuguesas, a "única poetisa modernista". Para além de revisitar este momento crítico da escrita feminina - de particular relevância histórica nos estudos sobre a mulher em Portugal este ensaio tentará reavaliar a sua contribuição literária, não só no contexto da sociedade portuguesa, mas também no contexto mais amplo do despertar do mundo moderno.
René P. Garay

Fontes:

http://www.arlindo-correia.com/220705.html

http://elestablodepegaso.blogspot.com/2008/10/normal-0-21-false-false-false.html

http://www2.fcsh.unl.pt/facesdeeva/eva_arquivo/revista_5/eva_arquivo_numero5_c.html