PARQUE NACIONAL DAS SERRAS D'AIRE E CANDEEIROS / A Talpa sp., a Toupeira, ainda sobrevive nas margens da Lagoa do Arrimal. Não vi a toupeira, vi, sim, o montículo de terra na saída de uma lura. A Toupeira, para desaparecer, não precisa de introduções sábias como a do achigã, um peixe, que, por isso, não pode ter ido do Canadá para o Arrimal caminhando sobre barbatanas, nem sequer de um local mais próximo, sob a forma de ovos, nas garras de uma águia (seria uma introdução demasiado cinematográfica para se acreditar nessa hipótese), às pobres toupeiras do nosso pobre Portugal basta o veneno com que jardineiros e agricultores encharcam as terras, para se verem livres delas.  Um dia as baratas, os escaravelhos, as formigas, as lagartas da couve, as borboletas, as vespas, as moscas, os mosquitos, mais um milhão de formas desse imenso grupo INSECTA hão-de dormir com eles na cama e encher-lhes o prato da sopa, e então, sim, pode ser que um raio de luz penetre na escuridão das suas mentes e implorem a Deus o regresso das toupeiras, das rãs, dos sapos, dos tritões e das salamandras, mas nessa altura será muito tarde, a biodiversidade há-de estar reduzida a duas classes de seres no planeta: biliões de insectos e umas centenas de sobreviventes humanos (Maria Estela Guedes).
IX Colóquio Internacional «Discursos e Práticas Alquímicas»
04-06-2010
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