Revista TriploV de Artes, Religiões & Ciências .
ns . nº 55 . dezembro 2015




Susana Maria Roque Bravo
Lisboa). Licenciada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa no curso de Línguas, Literaturas e Culturas em Estudos Portugueses e Românicos, posteriormente fez o mestrado pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa em Línguas, Literaturas e Culturas em estudos Franceses e Portugueses sobre a orientação do professor doutor Nuno Júdice na dissertação
A Fala do Corpo em Luiza Neto Jorge e Luís Miguel Nava. Atualmente está a fazer o doutoramento na mesma faculdade do mesmo curso em Estudos Comparados. Escreve trimestralmente para a revista Nova Águia, sob a coordenação do professor doutor Renato Epifánio.
 
 
SUSANA BRAVO

O Crepúsculo em Fernando Pessoa e Florbela Espanca

 

"Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas."
Federico Garcia Lorca (1),
“Conversa sobre o teatro”

 

 

Propõe-se uma análise dos poemas “Impressões do Crepúsculo”, de Fernando Pessoa, e “Crepúsculo”, de Florbela Espanca, ambos os poetas contemporâneos um do outro. Porém, dada a sua complexidade e ambiguidade, serão tidas não apenas em conta as semelhanças mas sobretudo as dissemelhanças presentes nos respectivos poemas. Cada um é diferente, um do outro no que diz respeito, em primeiro lugar, à forma: em “Impressões do Crepúsculo” de Fernando Pessoa o verso é livre e não há rima, poema de 22 versos composto de forma narrativa, vejamos:

 

“Pauis de roçarem ânsias pela minh'alma em ouro...
Dobre longínquo de Outros Sinos... Empalidece o louro
Trigo na cinza do poente... Corre um frio carnal por minh'alma...
Tão sempre a mesma, a Hora!... Balouçar de cimos de palma!...

                                                                                                                                                     (…)”
Em “Crepúsculo” de Florbela Espanca o poema é um soneto (composto por 14 versos e disposto em dois quartetos e dois tercetos), aparecendo ora de rima interpolada como nos dois primeiros (ABBA) ora de rima emparelhada (AA), nos dois últimos correspondendo à forma clássica e tradicional, contrariamente a “Impressões do crepúsculo”, onde se constata um rompimento da forma clássica da estrutura do poema que vigora nesta primeira metade do século XX., vejamos:

“Teus olhos, borboletas de oiro, ardentes
Batendo as asas leves, irisadas,
Poisam nos meus, suaves e cansadas
Como em dois lírios roxos e dolentes...

(…)

E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da tardinha
Um coração ardente palpitando...”

 

A forma é marcadamente influenciada pelo Paùlismo que Pessoa inaugura em “Impressões do Crepúsculo”. O poeta retrata e invoca pelo substantivo “Pauis”, contrastando assim com o tradicional que Florbela Espanca não se imiscui de representar na sua poesia provençal originária do século XVI de Itália. Ora de que modo se pode comparar o estilo dos dois poemas? Em que sentido o seu antagonismo se revela preponderante na compreensão do conteúdo de cada poema?

 

O Paùlismo estreia-se no poema “Impressões do Crepúsculo”, surgido em 1914, no número único da revista «A Renascença», e documenta a primeira vinda a público de Pessoa como poeta português, que introduz esse estilo de poesia que se define pela voluntária desordem expressa do subjectivo, isto é, não se revela um poema concreto quanto ao conteúdo e forma, mas sim ambíguo, através da “associação de ideias desconexas”, em que o poeta parece não revelar qualquer tipo de coerência: “(…) Címbalos de Imperfeição...Ó tão antiguidade A hora expulsa de si-Tempo! Onda de recuo que invade (…)” –, a utilização de frases exclamativas e nominais que não se verifica como em “Crepúsculo” de Florbela: “Tão sempre a mesma, a Hora!... Balouçar de cimos de palma!...(…)/ A hora expulsa de si-Tempo! Onda de recuo que invade (…) –, frases sintácticas agramaticais: “transparente de Foi, oco de ter-se” –, vocabulário expressivo de entorpecimento, desfalecimento por parte do sujeito poético sobre um modo subjectivo numa tentativa de se encontrar a si mesmo e ao universo que o envolve: “(…)E recordar tanto o Eu presente que me sinto esquecer!../ Fluido de auréola, transparente de Foi, oco de ter-se.../ O Mistério sabe-me a eu ser outro... Luar sobre o não conter-se... (…)” –,  uso de maiúsculas que traduzem a profundidade espiritual de certas palavras: «Outros Sinos», «Horas», no comentar de Sá-Carneiro (2): “Quanto aos PAUIS…Eu sinto-os, eu compreendo-os, e acho-os simplesmente uma coisa maravilhosa…É álcool doirado, é chama louca, perfume de ilhas misteriosas o que você pôs nesse excerto admirável, onde abundam as garras…”

Assim sendo, a estrutura dos poemas revela-se preponderante quanto ao conteúdo que apresentam, incluído as suas divergências. Em Pessoa há a preocupação pela criação artística do inovador na poesia, no momento em que a cultura em Portugal recebia fortes influências do futurismo de Marinetti (3). A criação da revista Orpheu é prova disso pelos jovens poetas Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros que criam um clima de escândalo e irreverência, num universo cosmopolita masculinizado e intelectual. Todavia, Florbela é fortemente excluída do núcleo intelectual dos poetas portugueses, ademais por ser mulher, filha ilegítima e originária de Vila Viçosa – factores que dificultaram a consideração da poeta. Na linha desta temática veremos em seguida a análise do conteúdo de cada poema, tendo em conta os aspectos que dizem respeito ao universo poético de cada autor, na expressividade do «eu».

 

O «eu» absoluto pelo “crepúsculo” em Fernando Pessoa
e Florbela Espanca

 

O eu absoluto dos respectivos poetas é complexo e ambíguo, distinguimos assim dois «eu», um eu feminino e um eu masculino. Mas o interessante será constatar que não é pela sua diferença em género que este «eu» absoluto dos dois poetas se distancia. A complexidade e a diferença provêm porém da essência do tema que cada poema trata, o seu conteúdo. Em “Impressões do Crepúsculo” o «eu» percorre todo o poema entre o «je-moi»: “(…)O meu abandonar-me a mim próprio até desfalecer,/ E recordar tanto o Eu presente que me sinto esquecer!...”, não há um destinatário directo, ou seja, um «tu» a que o «eu»  se dirija, apenas é iludido o tempo e a hora, surgindo sob um aspeto animado e personificado: “Tão sempre a mesma, a Hora!... (…)A hora expulsa de si-Tempo! Onda de recuo que invade (…)”. O poema é ausente de amor físico e o desejo, presentes todavia em “Crepúsculo” de Florbela Espanca, onde a poeta invoca o amado e projeta nele a sua imagem perdidamente saudosa e melancólica: “Teus olhos, borboletas de oiro, ardentes / (…) Meu Amor, não sentes? (…)/ Como vagas saudades de doentes...”

Em Pessoa, o «eu» encontra-se desfragmentado, busca o outro «eu» de si mesmo, mas não o encontra, e não se achando, desfalece e dispersa-se pela intemporalidade que o envolve – o tempo e a hora evocados de forma perturbadora e causal de toda a existência e conflito interior que se passa dentro do poeta: “ (…) A hora expulsa de si-Tempo! Onda de recuo que invade/ O meu abandonar-me a mim próprio até desfalecer,/ E recordar tanto o Eu presente que me sinto esquecer!...(…)”.  O outro afinal não está onde julgo estar, isto é, o outro de “mim” que apela o poeta é uma mera ilusão, um fantasma “(…) O Mistério sabe-me a eu ser outro...”, permanecido no enigmático que abre assim uma polaridade de si mesmo, a descoberta de outro de mim que me habita. O poema centra-se num tema essencialmente metafísico, pela procura do «eu» ideal, mas onde está a outra “parte” de mim desfragmentada? É nesse conflito de dualidade entre o ideal e o real com que se debate o poeta, enfrentado a realidade como algo penoso a ele que anseia viver na ilusão de si mesmo e de tudo o que o envolve – dizendo respeito essencialmente o presente que é algo irremediável e o lança no esquecimento, pois o presente representa a realidade, ou seja, o anti ideal o anti tudo em suma: “(…)E recordar tanto o Eu presente que me sinto esquecer!.../(…) Horizontes fechando os olhos ao espaço em que são elos de erro...”, como comenta George Rudolf Lind a propósito de “Impressões do Crepúsculo”: “O mundo não fornece resposta à ânsia indefinida de Ideal, fechando-se a qualquer tentativa de escape para além dos limites do mundo de sonho por nós mesmo construído. Imagens desta nossa limitação concluem o poema: primeiro horizontes, depois portões numa indiferença de ferro – impondo barreiras ao poeta e aos seu mundo de sonho, para além das quais ele não consegue escapar (4).”

Esse outro «eu» inatingível, que o poeta procura alcançar, é o «eu»  romântico que vemos em Florbela em “Crepúsculo”. Aqui trata-se do «eu» procurar no «eu» o outro «eu» de si que falta, completando-se apenas quando se associar ao amado por quem anseia: “(…)E os lírios fecham...Meu Amor, não sentes?(…)/ Como vagas saudades de doentes...”. E enquanto em “Impressões do Crepúsculo” o eu medita em si mesmo, quão presente a abandonado se encontra de si mesmo: “(…) O meu abandonar-me a mim próprio até desfalecer,/E recordar tanto o Eu presente que me sinto esquecer!...”; em “Crepúsculo” no eu avulta a melancolia, a condenação, a solidão e a saudade que exalam de Florbela Espanca o seu drama existencial e melodramático amoroso, inversamente do drama existencial e conflitual de Fernando Pessoa, ambíguo e complexo.

Podemos verificar um «eu» narcísico tanto num poema como noutro, embora representados em aspectos distintos e paradoxais. O «eu» de Florbela projeta-se no «tu» do amado através da sua imagem emblemática, moldada do «eu» feminino florbeliano amolecido, desfalecido, frágil e cansado, entregue ao amor total do «tu» que é certamente no entender da poeta mais forte e combativo, que ela, tal como refere Nuno Júdice (5): “A descrição do corpo, em Florbela, tem uma coerência que se fixa em três pontos nucleares: as mãos (e os dedos), a boca (e os lábios) e os olhos (e as pálpebras) (…) Um outro aspecto da imagem do corpo tem a ver com a oposição entre o corpo do sujeito e o do Outro – um Eu e um Tu em que se opõem a negatividade do Eu à positividade do Tu. São estes os elementos polarizadores de um conjunto de imagens que, por fim, talvez se tornem repetitivas pela sua insistência.

E verificamos, assim, no poema, «olhos» do eu comparados a «lírios roxos e dolentes», «a boca» comparada a «rosas desmaiadas», e as «mãos» vistas como «maceradas», a imagem do «eu» romântico desesperado e em sofrimento face ao forte amado paradoxalmente distinto do «eu» existencial de Pessoa, onde todavia não se imiscui de haver um subtil narcisismo pessoano que enleva o poeta a projetar no “outro” o seu «eu» ideal que anseia encontrar e ver-se em si próprio – imagem ideal e perfeita de si mesmo, jamais alcançada.

 

As almas em expansão em Pessoa e Florbela 

 Em ambos os poemas, verifica-se uma expansão da alma dos autores no abrir e fechar de sentidos patentes e plausíveis em todo o declamar poético pelo que lhes avulta no seu ser paradoxal e controverso. Em Pessoa a alma é difusa e ressoa a inércia e o entorpecimento, tal como o poeta refere: “Pauis de roçarem ânsias pela minh’alma em ouro…”; a alma é vista de forma paradoxal e controversa, ora caracterizada como “ouro” – associação do perfeito e ideal –, ora caracterizada como “frio carnal” associada ao indiferente. A alma do poeta surge então assim oscilante, entre o “ouro” que brilha e o “frio carnal”, enfrentando um vazio. A alma revela-se agitada e em desassossego, frívola – dividida entre o “tédio de viver” e o mistério absurdo do «eu» em procurar-se a si mesmo, questionando, através disso, todo o enigmático e absurdo das coisas e de si mesmo. As expressões utilizadas pelo autor anunciam esse “vago” inerte de ideias soltas e desconexas, isto é, expressando sensações vagas, pouco precisas e concretas, ambíguas, próprias para um «eu» pensante, meditativo, filosófico, impregnado em ideias profundas, que dizem respeito ao interceptar do poeta com o mundo pelo Paulismo. A «Hora» surge como elemento dissonante, impeditivo da concretização desse «eu» ideal do poeta, ela é o entorpecimento, a fadiga e o obstáculo à concretização perfeita e ideal do ser: “(...) Tão sempre a mesma, a Hora! … Balouçar de cimos de palma!”; subentendendo-se a esta o avançar do tempo descrito como enfático, não proporcionando prazer ao poeta, mas sim entorpecimento, desânimo, confusão e melancolia. Porém, é a hora que o transporta à outra dimensão, ao outro lado de si e dos sonhos que habitam no poeta e lhe dão essa satisfação aparentemente boa e necessária para o «eu» viver em perfeita harmonia e preexistir, o que não deixa de ser uma mera ilusão. A alma é intelectualizada, pelo que não se constata nenhuma referência face aos sentimentos da ordem do provir de emoções, sensações – rejeita o amor, as paixões exacerbadas, passando a intelectualizar tudo, convergindo isso apenas em pensamentos, ideias subjetivas criadas que habitam no «eu» até ao redescobrir incansavelmente da sua alma. Já de forma preponderantemente próxima disso surge-nos a alma de Florbela Espanca, diferente do intelectualizar em Pessoa – como se pode constatar em “Crepúsculo”, o «eu» avulta uma imagem de mártir romântica, abnegada do amor ausente que causa dor e saudade, tal como ela expressa através da fisionomia pelos traços físicos do seu corpo em sofrimento: “(…) E as minhas pobres mãos são maceradas/ Como vagas saudades de doentes...”; assim é no entender de Fernando Pinto do Amaral (6), no seu prefácio a Florbela Espanca: “Será, pois, entre as quimeras de felicidade prometidas pela poesia ou pelo amor (como sentimento idealizado, mitificado) e, no pólo oposto, as magoadas desilusões de uma existência votada ao sofrimento e à incompreensão alheia, que se elevará o essencial da mensagem lírica desta autora cujos textos desenvolvem, acima de tudo, o tópico central de uma carga dolorosa vivida e suportada como o sinal de um destino único e até grandioso.”. A expressão Dor ganha uma omnipresença em o Livro de Mágoas (7) e a Saudade em o Livro de Soror Saudade (8),  a que pertence este último poema em análise, publicado em Janeiro de 1923, fruto da conturbada vida amorosa e sentimental que teve – escreve-o na sequência do seu novo amor, António Guimarães, que é o destinatário desta poesia mitificada de saudade e entrega total. A alma de Florbela surge-nos, assim, de forma expansiva e aberta ao amor e à paixão, pelos quais se abnega, e que novamente a encaminham para o despertar da vida – o encontrar de um sentido para a sua existência, enquanto «eu» feminino, reforçando o lado mais erótico e sensual que expressa a poeta pela sua «boca» e a do amado: “(…) Minha boca tem rosas desmaiadas/ E a tua boca rubra ao pé da minha/ É na suavidade da tardinha/ Um coração ardente palpitando...”, motivos ligados ao beijo e à tentação. No entanto, como o título do poema nos sugere, “Crepúsculo” é um amor impossível no invólucro das sombras, do enclausuramento e da decadência, como pertença do Livro Soror de Saudade, a saudade e essa impossibilidade de amar é uma fuga a todo o prazer erótico expresso, por assim dizer frustrado, como explica Fernando Pinto do Amaral: “(…) sonetos que exprimem o drama psicológico e afectivo de uma mulher para quem o amor se erguia como experiência vital e absoluta, mas geralmente frustrada e por isso geradora de sofrimento (9).

Porém, apesar das suas dissemelhanças na alma, ambos os poetas aproximam-se de uma alma desfalecida e atormentada – em Pessoa uma alienação total do poeta que condu-lo a um esquecimento de si mesmo:

“(…) O meu abandonar-me a mim próprio até desfalecer, /
E recordar tanto o Eu presente que me sinto esquecer!...”; em Florbela uma abnegação total que se encontra em entrega total e desfalecida: “(…)
Poisam nos meus, suaves e cansadas/
Como em dois lírios roxos e dolentes...”

Nesta breve abordagem feita ao interior da alma de um «eu» feminino e de «eu» masculino de características antagónicas, veremos em seguida a ambiguidade do termo “crepúsculo” a que ilude este ensaio, tendo em conta a amplitude que evidencia no universo pictórico que cada poema expressa.  

 

A ambiguidade no termo “crepúsculo”:
A pluralidade do significado crepúsculo nos dois poemas
 

O termo «crepúsculo», como a própria palavra de origem latina «crepusculu», significa no dicionário «claridade frouxa que precede o raiar do dia; declinação; decadência; ocaso – da vida: a velhice». Indica qualquer coisa de declinativo, sombrio, de uma claridade esmorecida, frágil e apagada. É essa a imagem que os poemas tanto de Fernando Pessoa como de Florbela Espanca evidenciam. Embora os títulos tenham em comum a palavra “crepúsculo”, consideram uma ampla divergência – ademais num existe apenas “Impressões do Crepúsculo” e no outro o “Crepúsculo” propriamente dito, denotando já assim diferenças quanto ao sentido de cada poema. No poema de Pessoa apela-se a uma percepção fugaz, imprecisa, que deixa a sensação apenas por meras “impressões”, marcado pela sua subjectividade; já no poema de Florbela o título “Crepúsculo” sugere-nos a ideia de ser mais concreto, concretamente fala do declinar do dia, ou seja, do declinar da paixão acompanhado pelo desfalecimento da poetisa, não revelando por isso grande ambiguidade. Sabe-se desde logo que o título diz respeito ao amor, a um amor crepuscular, mergulhado na saudade e na dor que traz à poeta. Na sequência disso, o seu desfalecimento, a sua fraqueza e impotência face ao que pretende alcançar e perdurar dentro dela própria: o amor. O título “Impressões do Crepúsculo” sugere a percepção inversa, o sentido leve e “impressionista” que o poeta quer dar do crepúsculo, que no entanto se adensa e se complexifica, tornando-se ambíguo ao longo de todo o poema em que o universo existencial se expande, paradoxalmente ao universo sentimental de Florbela. A pluralidade do termo reside na linguagem poética encontrada em cada poema, tendo em conta o que cada um trata, tal como já foi referido anteriormente.

 Num levantamento das palavras dos respectivos poemas, na negatividade que comportam, constatamos palavras paralelas como: «esquecer»/ «desfalecer» / «Portões vistos longe...» = «E os lírios fecham»; «Azul esquecido em estagnado...» = «Como pálidas sedas, arrastando...». Os poemas sugerem uma imagem pictórica preponderante para compreender a ambiguidade do sentido «crepúsculo», que ganha destaque na acentuação da «pintura imagística» no universo poético dos autores.

 

(1) Poeta espanhol, andaluz de Granada, vítima da guerra civil espanhola e contemporâneo de Fernando Pessoa e Florbela Espanca.

(2) Georg Rudolf Lind, Estudos sobre Fernando Pessoa: Mario de Sá-Carneiro, Cartas a F. P, Lisboa, 1958, vol. I, p.116.  

(3) Flippo Tommaso Marinetti escritor, poeta, editor, ideólogo, jornalista e ativista político italiano. Foi o iniciador do movimento futurista, cujo o manifesto publicou no jornal parisiense Le Figaro, a 20 de fevereiro de 1909.

(4) Georg Rudolf Lind, Estudos sobre Fernando Pessoa, p. 45

(5) Nuno Judice, A viagem das palavras, ed. Colibri, 2005 p. 18

(6) Prefácio por Fernando Pinto do Amaral, As Desilusões do Amor, pp. 2-3

(7) Livro de Mágoas primeira obra de Florbela Espanca publicado em 1919 por Raul Proença, centrando na temática da mágoa, da dor e da saudade, num contexto decadentista.  

(8) Livro Soror de Saudade, livro inicialmente escrito com o título de “Claustro das Quimeras” em 1920, vindo a ser alterado em 1922 pelo nome Livro Soror da Saudade e publicado em 1923. Neste predomina essencialmente a saudade e a melancolia em não poder possuir o amado, vendo-se tal como numa freira enclausurada.

(9) Prefácio por Fernando Pinto do Amaral, As Desilusões do Amor, p. 1

 
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