REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 49 | dezembro-janeiro | 2014-15

 
 

 

 

FRANCISCO JOSÉ 
CRAVEIRO DE CARVALHO
Lembro-me 
(segundo Joe Brainard)

 

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Contacto: revista@triplov.com  
Dir. Maria Estela Guedes  
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  ÍNDICE
 
 

Encontro com Ms Hepworth  

Conhecemo-los, há muitos anos, numa parede do John Lewis em Oxford St, Londres. Apropriadamente, na fachada que dá para Holles St, o que me leva sempre a dizer que o nome da rua está gralhado.

   
 
   
 

Durante quatro anos, no campus de uma universidade inglesa, cruzámo-nos diariamente. Lembro-me de ter lido no The Guardian a notícia da sua morte e do incêndio no estúdio.

Depois fui sabendo das pessoas à sua volta durante a vida. Antes já descobrira o seu, mais, famoso contemporâneo Henry Moore. Mas havia outros, Ben Nicholson, em especial. E eram todos de uma beleza excepcional. Fora do canône, naturalmente.

A sua escultura, os seus desenhos, são mais geométricos, consequentemente mais abstractos,  do que o trabalho de Henry Moore. O uso, de que terá sido pioneira, de fios tensos  e buracos nas suas peças poderá ter vindo da Matemática ou, pelo menos, está próximo dela. Superfícies regradas, evolutas e involuta, noções topológicas.

Há uns anos decidi visitar St Ives, para onde se deslocou no tempo da segunda guerra mundial. Como diria um turista americano, The place is amazing!.

O museu Barbara Hepworth  é o que eu procurava, as peças expostas num jardim

 
   
 
   
 
   
 

inesperado, a julgar pelo exterior. Confesso que o estúdio onde trabalhava me seduziu mais ainda

   
 
   
 
   
 
   
 
   
 

Na altura, ou logo depois, descrevi num poema a minha ida a St Ives.

   
 

Encontro com Ms Hepworth 

E eu. Que fazia eu em St Ives.

Viera pelo museu.

Dispensou a sua elegância

de passo de dança

e escapou mesmo assim

à armadilha “O meu?".

 

A exposição encerrara.

O pintor vai ganhar o Turner."*.

no dia anterior.

No museu nada havia para fazer

a não ser beber café

olhar o mar comer fatias

 

de bolo de queijo.

Quando lhe espalhei na mesa

os retratos de todos eles.

So young.". falei

que viera mais pela beleza.

Comovidos vi-a rejeitar grandeza.

 

 

(para Sheila Carter) 

*Não ganhou (Dexter Dalwood). 

Espero voltar a repetir a experiência. Mais à mão, really, está The Hepworth Wakefield no Yorkshire.

 

  Francisco José Craveiro de Carvalho  (Portugal). Licenciou-se em Matemática na Universidade de Coimbra. Doutorou-se, mais tarde, com uma tese em Topologia e  Geometria, sob a supervisão de  Stewart Alexander Robertson, Southampton University, U. K.. Assume uma posição de alguma marginalidade em relação à divulgação daquilo que escreve. Traduziu poemas de Carl Sandburg, Jane Hirshfield, Jennifer Clement, Linda Pastan, Rita Dove..., publicados em opúsculos discretos, que circularam entre  os seus amigos.
 

 

© Maria Estela Guedes
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