REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 38 | abril-maio | 2013

 
 

 

MANUEL IRIS

footprints

Trad. de Floriano Martins (português)
e de
Allan Vidigal (inglês)

Manuel Iris (México, 1983). Poeta e ensaísta. Prêmio Nacional de Poesia “Mérida” (2009). Autor de Versos robados y otros juegos (PACMYC-CONACULTA 2004, UADY, 2006) e Cuaderno de los sueños (Fondo Editorial Tierra Adentro, 2009). Contacto: manueliris65@gmail.com.                      
 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Contacto: revista@triplov.com  
Dir. Maria Estela Guedes  
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FOOTPRINTS

INDICE

JOYAS PARA EL DUQUE . JOIAS PARA O DUQUE . JEWELS FOR THE DUKE
BIRD OF PARADISE
ESCRITO EN OQUEDAD . ESCRITO NO VAZIO . WRITTEN IN THE VOID
ANGEL EYES
I REMEMBER CLIFFORD
BIRD CALLS
SALT PEANUTS
NAIMA
PENSAR EN LADY DAY . PENSAR EM LADY DAY . TO THINK OF LADY DAY
ROUND MIDNIGHT

 
 

I REMEMBER CLIFFORD  

Hay que morir a los 26     tal vez antes

que partir tan pronto se haya dicho imaginado una palabra

desflorado esa mujer que sabe tanto a llanto

acariciado con dulzura maltratado con amor

al que se asoma al otro lado de ese vidrio

que acaso es lo real y que también se burla

por eso hay que acabar partir a los 26

niño-viejo todavía     improvisarlo todo

despertar con hambre rasurarte frente a ese

que tampoco ríe     que se queda en el espejo cuando sales

Clifford Brown a Filadelfia

y das el último concierto de tu vida

y dejas algo un sólo grito     un solo     verdadero incendio

y ya te vas     te vas y abres la puerta

de ese auto en el que partes.

  

I REMEMBER CLIFFORD 

Há que morrer aos 26     talvez antes

que partir tão logo se tenha dito imaginado uma palavra

deflorado essa mulher com seu gosto de pranto

acariciado com doçura maltratado com amor

o que se debruça do outro lado desse vidro

que acaso talvez seja o real e que também se engana

por isso há que acabar partir aos 26

menino-velho ainda     improvisar tudo

despertar com fome barbear-se diante desse

que tampouco ri     que fica no espelho quando sais

Clifford Brown para Filadélfia

e dás o último concerto de tua vida

e deixas algo um só grito     um solo     verdadeiro incêndio

e já te vais     te vais e abres a porta

desse carro em que partes.

 

I REMEMBER CLIFFORD 

So you must die at 26     perhaps less

you must leave as soon as you have said as you imagine just one word

as you ravage and defile the girl who tastes of tears

as  you give out sweet caresses or lovingly inflict pain

on whosoever lies beyond this sheet of glass

who is perhaps as real and who is likewise fooled

and so you must be done must leave at 26

minor yet a senior still     in all things improvise

to wake up in hunger and then shave before someone

who’s not laughing either     who remains inside the mirror when you leave

Clifford Brown to Philadelphia

you play the last of all the concerts ever played

and leave behind a single scream     a solo     arson through and through

and then you leave     you leave and open the door

of the car in which you ride. 

 

 

 
   
 
 

NOTA

“Footprints” é capítulo inicial do livro Overnight medley, de Manuel Iris e Floriano Martins. Livro ainda inédito, todo dedicado ao jazz, possui capítulos individuais, poemas escritos a quatro mãos e um diálogo sobre a sua gênese, além de uma série de manuscritos. O livro traz ainda a curiosidade de haver sido escrito através de correspondência virtual entre os dois poetas, o mexicano residindo nos Estados Unidos e o brasileiro então em período na Austrália.

 

 

© Maria Estela Guedes
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