REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2011 | Número 19-20

 
 

ANTÓNIO BARROS

 

Quem não

                                                                  
 

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Dir. Maria Estela Guedes  
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  ANTÓNIO BARROS • "QUEM NÃO"
   
 

Galeria dos Prazeres e Suporte Social Urbano da Praia da Calheta, Madeira - Uma Operação de Arte Pública. Agosto de 2011.


"QUEM NÃO" • [OBGESTOS] Segmento 2.3

"QUEM NÃO", obra poética e visualista de António Barros, parte integrante da colecção [OBGESTOS], antes apresentada em 'Line Up Action' - Festival Internacional de Arte Performance, na Casa das Caldeiras, Universidade de Coimbra, em 2010, é arte presente na iniciativa 'Lonarte 11', na Comunidade da Calheta, Sociedade Oeste do Arquipélago da Madeira.

'Lonarte 11' é a segunda edição desta iniciativa (lançada em 2010 com 'Lonarte 10') e faz-se enunciar como uma operação de Arte Social onde a Arte Pública se manifesta com a afirmação já de oitenta obras de conceituados artistas nacionais como Rui Sanches, Pedro Calapez, António Barros, Rigo, Ana Vidigal, João Moniz, Isabel Santa Clara, João Fonte Santa, mas também a presença de significativos contributos internacionais como Robert Brandy, Araci Tanan, Felipe Dulzaides, Kimiko Yoshida, Lisbeth Nilsen e Marc Molk entre muitos outros.


PARA DEFINIR  [OBGESTOS]

[OBGESTOS] : Referentes compulsivos das Artes de Situação e Comportamento. Sinais de Presença de António Barros nas Artes Performativas.

[OBGESTOS] a colecção (onde um segmento aqui se apresenta), enuncia-se como uma constelação de 'objectos-de-memória' - parte integrante de diferentes 'artitudes'; 'formulações cénicas' para residência performativa; referentes das 'artes do comportamento' e 'gestos operáticos'.

Foram os presentes atributos formais (e semânticos) gerados num arco temporal de cerca de trinta anos, entre 1979 e 2010.

Numa 'arte de situação', foram estes 'gestos' afirmados individualmente ou em programas com 'dinâmica grupal' direccionados sobre um 'colégio' de intervenientes.
Assumem assim as peças, aqui em mostra, o zêlo pela condição mnésica. Museológica. O 'póstumo' adquirido pelos adereçantes 'objectos transitivos' que habitaram diferentes performatividades.

São testemunhos colhidos no tempo real de acções vivenciadas - e outras a pautizar projectos de propósito operático -, formulando assim os 'referentes', uma análise dirigida aos elementos aqui eleitos: os 'objectos'. Estes, revelam-se então como elementos simbólicos dos múltiplos 'gestos' experienciados nos 'cerimoniais'. Aqueles que na equação das 'performing arts' se emanciparam em 'objectos/gestos', ganhando uma condição identitária de obra.

Resulta assim [OBGESTOS] numa constelação de elementos contributivos para o estudo de um percurso de afirmação comunicacional de razão e condição autoral - "artoral".


EXEMPLO SINGULAR DE ARTE SOCIAL

'Lonarte 11' é um projecto de arte pública, lançado pela Câmara Municipal da Calheta em parceria com a Galeria dos Prazeres, e que visa dinamizar durante o período de verão a zona balnear deste município, o mais a oeste da ilha da Madeira.

Presentemente a Arte Pública contemporânea é apresentada através de múltiplas formas de expressão, cada vez menos convencionais e muito distantes do tradicional monumento comemorativo.

Nesse sentido, o público é cada vez mais solicitado a participar na obra de arte, sendo por vezes, o elemento central da sua construção estética, como revelam alguns trabalhos que apelam à fruição sensorial do cidadão.

Assim, falar de arte pública, implica desde logo uma exigência de abertura por parte do público, isto porque o seu conceito tem vindo a se alterar fruto das diferentes mutações que a própria sociedade foi gradualmente impondo e que não necessariamente passe, tão e somente, pelo facto das obras estarem instaladas em espaços considerados públicos.

Pretende-se com este projecto, onde participam cerca de 40 artistas [em cada edição anual] oriundos dos quatro cantos do mundo, demonstrar e divulgar a expressão artística como um instrumento privilegiado de intervenção social. Descentralizar a criação artística contemporânea através de um suporte e de um formato pouco habitual por forma a dinamizar com esta iniciativa cultural a 'promenade' da Calheta.

A autarquia, ao desenvolver o projecto Lonarte, pretende que este se torne num instrumento preponderante na revitalização e humanização da Praia da Calheta, lugar este de utilidade pública, contribuindo para uma maior sociabilização e satisfação de todos. Possibilita-se, deste modo, a criação de sinergias entre áreas consideradas como pólos de interesse distintos, dando origem à criação de novos públicos e impulsionando um maior número de visitantes e de turistas, essenciais para o pleno desenvolvimento sócio-cultural e económico do Concelho da Calheta.

http://www.lonarte11.blogspot.com

 
   
 

   
 
   
 

 

 

 

 

António Barros • Nasceu em 1953 - Funchal, Ilha da Madeira.
Estudos: Facultat de Belles Arts, Universitat de Barcelona; Universidade de Coimbra. Vive e trabalha em Coimbra.
Em "Artistas Portugueses na Colecção da Fundação de Serralves", é o director do Museu, João Fernandes, quem enuncia: "António Barros é dos nomes relevantes do contexto da poesia experimental e das artes performativas em Portugal. A obra de António Barros objectualiza e espacializa o texto, explorando novas polissemias originadas pelo cruzamento da textualidade com uma visualidade iconoclasta e irreverente".
De sensibilidade fluxista, a sua obra convoca não só uma arte de situação debordeana, como ainda a Escultura Social de Joseph Beuys, tendo também trabalhado com Wolf Vostell no Vostell Fluxus Zug, Das Mobile Museum Kunst Akademie em Leverkusen.
Se as suas artitudes convocam o situacionismo de Guy Debord ao visitar a poésie directe francesa, Lawrence Ferlinghetti, pioneiro do Movimento da Beat Generation para a poesia - quando destaca a obra performativa "Revolução" em Cogolin, 1986 -, e Julien Blaine - ao publicar "Tradição" e "Escravos" na revista Doc(k)s -, são quem primeiro internacionaliza a arte de António Barros.
Esta última atitude em objecto-texto, é a que em 1984 um júri - integrando Sophia de Mello Breyner Andresen, David Mourão Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, José Carlos de Vasconcelos, Maria Velho da Costa e Manuel Alegre -, destacou no Concurso Nacional de Poesia 10 Anos do 25 de Abril, resultando este texto num elemento identitário do seu percurso "visualista" - onde o objecto e a palavra sinergicamente se insinuam.
A resiliência com que sinaliza os seus gestos de escrita [progestos], leva-o ainda à territorialidade do objecto escultural, vindo a criar, e para além dos seus múltiplos environments  como "Algias, NostAlgias" e "Amant Alterna Camenae", o Prémio de Estudos Fílmicos Universidade de Coimbra, com que foram laureados Alain Resnais, Manoel Oliveira e João Bénard da Costa.

http://barrosantonio.wordpress.com
http://whatiswatt.org/
http://www.youtube.com/watch?v=5Cu1MK.yM70

 

 

© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
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