REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2010 | Número 10

   

 

ANA SANTOS, RITA MENDES,

SANDRA GONZAGA, BIANCA SILVA

 

“Barafunda” (1) porque encontra – Conceito é Prática

IX Colóquio Internacional «Discursos e Práticas Alquímicas»
Centro Cultural Gonçalves Sapinho . Benedita, 29-30 de Maio de 2010

DIRECÇÃO

 
Maria Estela Guedes  
   
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Um pouco de história…

   

• Criação informal impulsionada pela paixão pelo Teatro, com o trabalho de mobilização-acção juvenil - 1982

• Ano de constituição - 1989

• Projecto VIDA – Prevenção Primária das toxicodependências - 1989

• Reconhecida como IPSS - 1997

• RNAJ – Registo nacional de associações juvenis - 1997

• Acreditação no INOFOR/IQF/DGERT e Ligação ADEB – 1997

• Inicio da formação profissional a públicos desfavorecidos – Criação da ATF – Academia de Trabalho e Formação de Benedita (Barafunda & ADEB – Associação de Desenvolvimento Empresarial de Benedita) - 1997

• Centro Lúdico ATL - 1997

• Utilidade Pública – 1998

• Aquisição de sede própria 2001

• Projecto Criação – Prevenção das Toxicodependências - 2002

• Percursos Alternativos (Programa Escolhas) - 2004

• CNO/RVCC - 2006

• Pólo de Alcobaça – 2008

• Creche e/ou outros desafios - ainda em projecto – com aquisição de terreno para construção - 2010

 

  Objectivos Estratégicos
 

• Desenvolver actividades de apoio a crianças e jovens, à sua arte e criatividade, visando a sua inserção;

• Promover a informação, formação, educação e cultura dos indivíduos, com particular destaque para os que são social, económica ou culturalmente desfavorecidos;

• Participar activamente em iniciativas de desenvolvimento local. 

Slogan – “Construímos desenvolvimento a partir da Benedita”  

Visão – “Agir para ser a referência na cultura, apostando na e excelência do desenvolvimento local, através do empreendedorismo, inovação e valorização da sociedade criando um compromisso mutuo coma comunidade. ” 

Missão – “Promover o desenvolvimento cultural, social e económico do território e das pessoas através do envolvimento individual e colectivo”  

Assim, gerir profissionalmente, numa óptica intergeracional e multidisciplinar, actividades do terceiro sector, de forma a potenciar o desenvolvimento sustentável (pessoas, organizações e territórios) assenta em valores partilhados e a partilhar.

 

  Valores (Barafunda em acção):
 

 

• Benedita

• Ambição

• Responsabilidade

• Atitude

• Força

• União

• Novidade

• Dedicação

• Acção

• Agir para ser a referência na cultura, apostando na excelência do desenvolvimento local, através do empreendedorismo, inovação e valorização da sociedade, criando um compromisso mútuo com a comunidade.

• Contribuir para o desenvolvimento das PME (do SPLB – Sistema Produtivo Local da região de Benedita).

• Adaptar e direccionar os serviços às necessidades actuais e oportunidades latentes de mercado.

 

  Pólos/Departamentos
 

 

Juntos cooperam na implementação de uma resposta integrada, traduzida em diversos projectos que permitem disponibilizar aos residentes do concelho de Alcobaça e circundantes, mais e melhores oportunidades de desenvolvimento profissional e pessoal, que se reflectem na sustentabilidade e desenvolvimento da região. 

A Barafunda AJCSS encontra-se estruturada em dois pólos:

- Crianças e Jovens – Centro Lúdico e Projecto Percursos Alternativos (Programa Escolhas).

- Formação e Desenvolvimento – Academia de Trabalho e Formação e Centro Novas Oportunidades. 

Eclética na resposta às necessidades do território, a Barafunda AJCSS desenvolve actualmente actividades muito diversificadas, desde a ocupação de tempos livres de crianças e jovens à promoção de cursos de formação profissional certificada, passando pela produção de estudos em colaboração com Centros de Investigação e pareceres sobre o mercado de trabalho na região.

 

 

Continuar os estudos ligando-se às actividades da Barafunda é a prática, tanto para rentabilizar o trabalho dos/as profissionais como para potenciar as dinâmicas de Barafunda e do seu território de inserção. Assim, temos o Mestrado em Economia Social e Solidária com Sandra Gonzaga, que surge de uma necessidade de procura de respostas, de compreensão da realidade de (interven) acção da “Barafunda”. 

Com formação de base em Ciências da Educação na área de Formação de Adultos, a actividade profissional está intrinsecamente ligada à actividade da Associação que, por isso mesmo, por se tratar de uma associação, possui características e modelos de acção, gestão e intervenção distintos dos que caracterizam a empresa capitalista que tem como objectivos o lucro. Esta situação vai dar origem à questão central da investigação de Mestrado a empreender: “As Organizações da “Economia Social” actuam de acordo com os princípios da “Economia Social e Solidária?”. Neste seguimento, numa óptica de clarificação de conceitos e atribuição de significado a estas lógicas, surge uma nova questão: “De que forma as Organizações da “Economia Social e/ou Solidária” têm potencial de sustentabilidade na resposta às necessidades emergentes?”.  

É uma realidade que a existência e sustentabilidade das organizações da Economia Social e Solidária (Associações, Cooperativas, Fundações…) se ligam intrinsecamente com os Quadros Comunitários de Apoio (Fundo Social Europeu), que iniciaram em 1989. Numa altura em que estamos em plena vivência do QCA IV – QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) urge a necessidade de perceber como têm sido sustentáveis estas Entidades - potencialidades, recursos e dinâmicas criadas – e como se poderão potenciar a sustentabilidade das mesmas após findos os Quadros Comunitários de Apoio. 

O problema de partida para a investigação a empreender (reforça-se que todo este processo está ainda numa fase inicial e como tal a ser alvo de muita reflexão e leituras) é o seguinte: “A sustentabilidade das Organizações da “Economia Social”, na resposta às necessidades emergentes, está dependente dos apoios públicos, sem os quais não funcionam?” Serão conceitos centrais desta investigação os seguintes: Economia Social e Solidária; Sustentabilidade / Desenvolvimento Sustentável e Associativismo. 

Sendo a “Barafunda” o objecto de estudo da investigação a empreender, o objectivo será tentar compreender-se de que forma esta Associação tem sido sustentável ao longo de 25 anos de intervenção e qual o seu potencial de sustentabilidade.  

Paralelamente, duas outras teses de Mestrado estão a ser elaboradas tendem como campo de ancoragem a Barafunda. É a tese da Ana Santos que inside sobre a liderança da Barafunda no feminino e a tese de Rita Mendes sobre o Impacto do Centro Novas Oportunidades, através do RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências) na vida das pessoas que obtiveram certificação escolar e/ou profissional por esta via. 

Estas propostas de dissertação apresentadas, que têm como elo comum a “Barafunda”, pretendem ser um intercruzar de perspectivas que possibilitam compreender os conceitos, teorias e/ou mesmo ideologias, por detrás desta prática. Como afirma Rufino, Isabel (2005)[1]:

1.  Reforçar os sistemas de inovação em cada território, na ligação com os demais territórios, passa por valorizar (rentabilizar) as dinâmicas das associações (independentemente da sua natureza), destaca-las como elementos que são do quadro do sistema de ensino, de formação e de I&D, (re)colocando-as no papel de impulsionadoras das dinâmicas do indivíduos, das PME e na aposta do potencial das microempresas. Para o efeito, as associações devem ser dotadas de recursos que possibilitem disponibilizar/facilitar o acesso da informação ao cidadão (estimular o encontro intergeracional, a afirmação individual e a partilha) que possibilite a cada actor e, por isso, cada território ser mais dinâmico e competitivo. Impulsionar a criação de condições que estimule a oferta informativa/formativa e a sua apropriação pelos cidadãos, passa por criar estímulos às associações/movimentos de cidadãos que potenciem o desenvolvimento de serviços técnicos e de consultadoria (redes de informação), às pessoas e empresas, e com estes (em rede nacional) a proposta para incentivar o sistema de inovação em Portugal.

2.  As modalidades de mobilização da participação dos actores individuais (activos empregados/as ou desempregados/as e/ou outros/as, na condição de assalariados/as ou empresários/as) ou colectivos (empresas e associações/cooperativas) podem ser enquadradas em modalidades de participação na mudança, segundo manifestações de reclamação/acção, a quatro níveis de constituição/afirmação:

3.  - A reivindicação, pressão (i) propriamente dita, numa afronta entre pelo menos dois agentes com visões opostas no campo dos interesses, que se assumem e declaram formalmente em oposição. Trata-se de um modelo de combatividade visível, formalmente aceite nas formalidades e legalidades de procedimentos, mais ou menos em conformidade com o modelo democrático do Estado de Direito, onde há direitos e deveres.

4.  - O isolamento reactivo (ii) – que passa pela criação de alternativas de fuga subtis (reminiscências das reacções ao Estado não democrático de antes da revolução pela democracia em 1974 ) e à margem do Estado de Direito, onde se enquadra a economia subterrânea, a economia paralela, contrafacção, o trabalho não declarado (ao domicílio ou outros).

5.  - O isolamento “passivo” ou dependente (iii) – que procura nas virtudes e falhas do sistema democrático de protecção e/ou nas medidas desenvolvimentistas (programas de apoio a fundo perdido ou outros) a satisfação das necessidade do momento presente, tanto mais elevadas quanto mais susceptíveis de satisfazer pelos recursos usufruíveis.

6.  - A pressão/acção proactiva (iv) – aquela que assenta na visão quadripartida dos comportamentos e, servindo-se da realidade vivida, pela combinação destes quatro níveis (englobando-se a si mesma), procura construir o presente perspectivando assegurar, por via deste, o futuro. 

É nesta última - A pressão/acção proactiva - que queremos colocar a Barafunda.

 

  (1) RUFINO, Isabel, 2005, Trabalho e Desenvolvimento: Industriais, Agricultores e Pescadores do Oeste – formas de empresarialidade e empregabilidadade, Lisboa, ISCTE, tese de Doutoramento (Policopiado).
 

 

Ana Santos, Rita Mendes, Sandra Gonzaga, Bianca Silva (Portugal).
Colaboradoras da Associação Barafunda na qual trabalham 35 colaboradores/as em que 75 % têm menos de 30 anos e 90% são mulheres.
Barafunda AJCSS – Associação Juvenil de Cultura e Solidariedade Social

 

 

 

 

 

© Maria Estela Guedes
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