REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2011 | Número especial
Homenagem a Ana Luísa Janeira

 

Ana Luísa Janeira
Foto de José M. Rodrigues

LUCÍLIA VALENTE

Semeando ao vento:

outra forma de fazer universidade

 

Sessão de homenagem a Ana Luísa Janeira. SAHFC. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
31 de Março de 2011

EDITOR | TRIPLOV  
ISSN 2182-147X  
DIREÇÃO  
Maria Estela Guedes  
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Senti-me muito honrada  quando a professora Ana Luísa Janeira  me disse que gostaria que falasse na sua sessão de Homenagem . O primeiro passo foi  dar um titulo à   minha intervenção…e pensando na  Professora Ana Luísa como académica   a ideia de “semear ao vento..” como  forma de fazer Universidade  fazia todo o sentido! Coloco-me no papel de  ex-aluna  e fiquei a pensar que   seria interessante  saber  se  teriam germinado e como,  algumas das  sementes que plantou em imensos alunos que por ela passaram ..  teriam  caído  em  solos férteis?  …...Claro que pensei  logo no ano da minha entrada  na Faculdade de Ciências na Rua da Escola Politécnica,  em setenta e seis, numa época bem  especial ; dizia-se na altura que éramos seiscentos alunos, nunca contei mas sei que enchíamos anfiteatros , ocupávamos todos os lugares, os degraus de escadas e muitos ficavam à porta porque era impossível entrar! Foi um tempo que não esqueceremos…

 
 
 
   
   
   
   
 
 

Fiz  então uma  listagem de possíveis entrevistados, começando por pensar nos mais acessíveis,  ex-colegas que vim a reencontrar mais tarde na Universidade de Évora como por exemplo a Alexandra Dias e a Celeste Silva do Departamento de Bióloga e o João Castro (que está no Pólo de Sines) ,e outros que vou contactando como  a Isabel Freire (também professora na Universidade de Lx) ,e os com quem pouco contactei desde então, como a Vanda. Há ainda o que  náo  tendo sido meus colegas directos contactei através da Prof Ana Luísa,  como a Alexandra Escudeiro..) . Cheguei a perguntar a prof Ana Luísa   por outros nomes  de ex-alunos que pudesse entrevistar  e  fui acrescentando á lista.. a Clara Pinto Correia., o José Manuel Fernandes.. o Humberto Rosas..o Saul.. 

Entretanto  no meu primeiro contacto, a Alexandra Dias, percebi que algumas pessoas já estariam envolvidos na escrita de depoimentos sobre a Prof Ana Luisa ...) . Assim, apesar da ideia  ser  interessante percebi que a  lista não seria  tarefa fácil  de constituir de uma forma representativa  e que  a tarefa iria ser de difícil execução no espaço curto de tempo que tinha..  Decidi por isso centrar-me  entre mim  e a  professora Ana Luisa  e fazer afinal o  testemunho uma aluna, amiga e ao entrar nas lides de professora Universitária  também   colega  que partilha a inquietação interdisciplinar que  foi, tem sido,  um pano de fundo entre nós e   motivo de grandes conversas e reflexões   ..  

Creio poder afirmar que partilhamos  a ideia de que  a interdisciplinaridade não é uma mera conjugação ou um confronto de disciplinas autónomas…mas implica  produzir novos conhecimentos que exigem uma base  comunicacional  cuja fluidez passa pelo estabelecimento de uma boa  rede de afectos entre as pessoas ligadas aos diferente saberes…implica uma atitude de  abertura , uma capacidade de  experimentar, correr  riscos … Sobre a importância da afectividade  questionávamo-nos até  se um   coordenador de projectos científicos para liderar um grupo  não terá de ser  primeiramente  um gestor de afectos.   

Ainda está  por cumprir aquele esboço  de projecto que pensamos fazer juntas  em que a hipótese de trabalho..ou ponto de partida  seria a afirmação de que : “náo há interdisciplinaridade sem afectividade”..   uma síntese que emergiu de  análises de processos de grupos com propósitos interdisciplinares em que fomos percebendo que se faltava esse factor de gestão de  afectos, falhava também a boa comunicação cientifica que leva á construção de novos saberes...e identificámos que este é   um dos aspectos que muitas vezes náo é discutido nem considerado explicitamente  mas que acaba por ser uma das condições da interdisciplinaridade.. 

Voltemos então ao meu  percurso de  ex-aluna. Comecei  a andar à volta das memórias e  á volta de papeis ligados a essas memórias.. 

Olhando agora com distância para aqueles anos setenta agitadíssimos com ..imensos alunos,  percebe-se  que a própria circunstncia criou uma  necessidade de se encontrar novas formas de organização, tantos dos recursos humanos  como dos espaços,   como na forma de organizar o currículo. Sentia-se uma criatividade nesta mobilização de pessoas e meios.   Nesse caldo experimental fiz  a primeira disciplina  com a professora Ana Luísa Janeira…(Historia e Filosofia das Ciências) e tenho  a memória de uma sala cheia de posters com os nossos trabalhos…e era já aí  diferente a forma como os fazíamos e apresentávamos... 

 Interrompi o curso de Biologia para fazer o Curso de Educação pela Arte e os anos oitenta são marcados por um reingresso agora na postura de estudante trabalhadora … 

Curiosamente  este ano, no dia em que a Primavera chegou  e se comemorou o Dia da Árvore ,talvez por andar com a preocupação desta intervenção, a efeméride  fez-me recuar muito anos atrás e vem-me uma imagem da Professora Ana Luísa Janeira  sentada  numa  escola de Ensino Especial então na Alvares Cabral , a Crinabel , a ver uma grupo de crianças a fazer uma apresentação do dia da Arvore.. Corria o   ano de 1983 . Eu tinha reingressado no  Curso de Biologia depois de ter terminado o curso de Educação pela arte que me levara a trabalhar com as expressões artísticas e naquela fase  com Crianças deficientes. Quando anunciei na  Escola a presença de  uma professora da faculdade de Ciências a  situação  por si só não soou a vulgar mas  mais invulgar foi o facto da apresentação fazer parte de   um trabalho para uma disciplina do curso de Biologia. O  tema  que escolhi tratava  do  dia da Árvore e incluía a  dinamização pratica com  crianças das chamadas classes sensoriais ( com deficiências múltiplas do foro cognitivo , sensório- motor,  neurológico), em boa verdade eram as crianças da Escola que  apresentavam as maiores dificuldades e esse desafio que me permitia  “ligar “   questões  profissionais e académicas em campos tão diferentes  estava  a ser-me  dado numa disciplina e por uma professora especiais , uma professora  que me proporcionou a  liberdade de  experimentar..e reflectir  num outro contexto mobilizando conhecimentos e competências tão diversificados, que soube identificar o que eu poderia fazer potenciando e    valorizando o que eu estava a fazer noutro domínio; que se deslocou  do seu espaço e do seu território e  teve curiosidade de ir aquela Escola .. e deu o seu tempo e a sua atenção…eu senti isso  como uma outra forma de fazer Universidade... num tempo em que não existia ainda o discurso de abertura  ao exterior que hoje quase se tornou banal.Para mim na altura foi muito transformadora e enriquecedora esta possibilidade de ousar uma  incursão noutros campos e de me mover eu própria  entre  ciência, arte, educação, reeducação, que afinal têm para mim  a   base comum  dos afectos, os afectos tanto pelas pessoas como pelos temas, como pelos espaços; os afectos como  mola mobilizadora.. que incentiva uma outra  atitude,  uma outra disponibilidade, a tal inquietação que não nos deixa  instalar num saber já feito. A parte escrita desse trabalho  começava com uma citação de  de Etienne Souriau “il y une chose qui l`on cherche  toute sa  vie qu`on ne trouveras jamais”…(nas buscas que fiz na minha papelada encontrei o trabalho . O certo e que ainda me sinto na busca … á procura da “  chose…”). 

Em  1985 nova interrupção no curso de Biologia  agora com a minha entrada na Escola Superior de Educação do Porto para a área de expressão dramática. E em 1986   surge a possibilidade de ir para Inglaterra fazer um mestrado: havia que pedir uma bolsa, ter cartas de professores e lembro-me bem de ir bater à porta da Rua Barjona de Freitas..

(e agora ao reler os pareceres vi a tal referencia ao trabalho feito na Crinabel pelo que terá ficado na memória da ambas)…

E desde então e embora seguindo caminhos diferentes nunca mais as nossas vidas se deixaram de cruzar, tendo-nos permitido “filosofar” sobre tudo, sobre a universidade, sobre a politica, sobre o conhecimento, sobre as relações, sobre a interdisciplinaridade… 

Em 1992, já doutorada  passo a integrar o Corpo docente da Universidade do Minho, embora noutro campos (das Expressóes Artísticas Integradas) mas  não demorou muito que voltasse a estar envolvida nos projectos da professora  Ana Luísa Janeira com aquela forma especial que ela tem de nos saber implicar e tornar cúmplices de novas aventuras…recordo a azáfama do  projecto Cultura Natura (coordenado pela Prof Clara Queiroz que com toda a estrutura mobilizadora da Ana Luísa reunia imensos investigadores das mais diversas áreas). O  projecto não foi financiado ( a Jnict desse tempo não encorajou uma aventuras interdisciplinares daquela dimensão) mas a inquietação ficou… e mesmo sem financiamentos e mais uma vez com a mola dos afectos a mover-nos  criámos o nosso Núcleo Interdisciplinar em Braga, “Natureza e Arte”, inspirados pela Ana Luísa..e e de certa forma ligados  e a esse punhado de gente de áreas tão diferentes que ela  sempre soube “ligar”, mobilizar …identificando  o potencial de cada um…e os contributos que podem   dar a  um determinado  projecto.. 

Há aquelas frases da professora Ana Luísa que ficarão  retidas em mim.. (embora nem sempre consiga exercer)  como “É preciso tempo para PENSAR”.  

Colada a essa  gestão de afectos está esse outro  “must” do trabalho interdisciplinar, o tempo para pensar, pensar como ligar as pessoas, os conhecimentos e como mobilizar as suas especificidades...  

Em 1996 com a minha mudança para a Universidade de Évora e  mais tarde da Professora Ana Luisa   para Montemor, tivemos  outros cruzamentos como o “Colóquio de Museus , Ciência e Arte que culturas para o sec XXI?”  , organizado pelo CICTSUL entáo coordenado pela Professora Ana Luisa em que  o Movimento Português de Intervenção Artística e Educação pela Arte, foi co-organizador . Esta foi uma parceria de visóes interdisciplinares dado que o Movimento de que sou Presidente,  nasce de uma abordagem  interdisciplinar das Artes que  defende  uma filosofia da educação artistica  que almeja em termos de educação pela arte  formar  um individuo mais   criativo   e actuante sob o ponto de vista social e cultural , atento  e aberto á sua propria transformação. Na minha prática interdisciplinar tenho vindo a utlizar o termo integração das expressões artísticas e temo-nos preocupado com  uma perspectiva Holistica da pessoa o que foi implicando uma pesquisa de métodos e técnicas vindas de áreas diversas do conhecimento como arte, da psicologa da pedagogia, terapia  e em que fui buscando tambem contributos de uma vertente espiritual  (bem sei que esta  questão náo é tão pacifica entre nós e  nas nossas discussões a prof. Ana Luisa  defendia que a espiritualiade está numa outra dimensáo e que náo se pode misturar...mas este náo será um ponto de discussáo neste meu depoimento. O que quero aqui relevar  foi a experiencia de envolvimento que este tipo de  organização proporcionou,  neste caso e na parte que dizia respeito ás minhas areas de intervenção  envolveu o Movimento,  alunos de Evora, alunos estagiários do Instituto Piaget. 

 Estava nesta fase a dar uma particular atenção á   formação de professores do primeiro ciclo  e educadores de infância  no sentido de  abordarem  o seu trabalho e a sua vida de uma forma mais criativa, afirmando a sua autonomia de pensamento e acção, de forma a responder satisfatoriamente aos desafios que a sociedade lança…Tenho a convicção  que  educadores  e professores podem ser grandes actores de mudança da social através das crianças que formam. É uma perspectiva  utópica mas  acredito  que através destes profissionais  é  possível  proporcionar a vivência das diferentes expressões artísticas desde a primeira infância, no sentido de desenvolver a personalidade e o potencial expressivo-comunicativo de cada criança. A educação pela arte nesta perspectiva não tem como objectivo a formação de artistas mas sim desenvolver qualidades criativas e estéticas, que contribuam para formar um indivíduo mais criativo, capaz de estabelecer novas associações, com capacidade de correr riscos ao lançar-se em caminhos desconhecidos para produzir algo de novo.   

Mas voltando ao mundo partilhado com a professora Ana Luisa Janeira as minhas participações mesmo que timidas  em  alguns dos seus  projectos  como a  festa da cincia (aí como figurante) fica marcada por uma vivencia fantástica do envolvimento, da mobilização  de imensos recursos  com escassos apoios financeiros mas com uma enorme capaciade de  conjugação de vontades sabiamente canalizada mostrando que outra forma de fazer universidade e investigação é possivel, uma forma em em que a dimensáo humana marca a grande presença , no meu ponto de vista.. 

Sobre outra forma de fazer  Universidade parto do principio que esta  não se faz num vácuo da Sociedade defendo e tento desenvolver na minha  prática docente o principio   da interacção que deverá por em movimento uma dialéctica instigada pela curiosidade e pela  possibilidade de experimentar e constituir ideias novas. Pensar esta forma de Universidade implica  questionar o status quo académico e as hegemonias que ele engendra.  Não é tarefa fácil mas acredito que cada docente na sua  acção  náo deve dissociar  Ensino, investigação e actividade comunitária.. Do ponto de vista da sociedade e do contexto em que a Universidade está inserida deverão ser incrementadas oportunidades da comunidade interagir com a Universidade, construindo parcerias em que se possa usufruir da contribuição que o saber académico tem a dar na análise e no encontro de soluções para os problemas que se colocam.  Considero que este  estar na Universidade pressupõe uma nova cultura em que  o estudante deve perceber  que a sua  participação faz a diferença.  Acredito  no trabalho empenhado que se faz com  entrega em que se experimenta uma alegria  e  o entusiasmo que nos faz trabalhar com muito mais afinco o que deixa marcas indeléveis em nós e nos outros.

 

Penso que o desafio actual  é produzir uma experimentação pedagógica que nos leve à busca de novos caminhos para uma Universidade  útil e significativa , Isto implica uma maior aproximação entre os currículos e vida concreta da sociedade. Nesse sentido dentro das possibilidades existentes fomentei algumas intervenções alunos que dão corpo a uma dimensão interdisciplinar  acho que as vivências as que tive com a  professora Ana Luísa muito contribuíram para ousar ir nesse caminho. Defendo que  uma das possibilidades  de desenvolvimento e da saída da crise universitária  em que nos encontramos  é favorecer uma atitude simultaneamente questionadora e proactiva perante os desafios e limites impostos pela  nossa realidade . Numa posição utópica talvez, mas da qual ainda não  abdiquei,  gostaria de sonhar (com já escrevi  algures)  com uma Faculdade da Imaginação integrada na Universidade do Bem Comum e onde se aprenderia que a origem de todo o conhecimento está  na imaginação e para enfrentar a sociedade do poder e do capital precisamos de Novas Ideias que permita à  Universidade  fazer frente aos novos desafios da Humanidade. A professora Ana Luísa sempre foi para mim uma fonte de inspiração para novas ideias…   

Nos últimos anos  muitas vezes  pernoitei  em Montemor no caminho de Évora para Lisboa, desviando-me para a sua casa  onde um jantar me esperava e   serões de conversa  aconteciam ali  no campo onde a professora Ana Luísa fazia  questão de viver sem televisão, rodeada de coisas simples, objectos do quotidiano  simetricamente arrumados..numa estética muito única ,  que lhe é própria  espelhando o exterior o interior organizado e sistematizado,  aliando  funcionalidade, criatividade e originalidade, uma casa cheia de pequenas instalações artísticas enquadrando desde as sandálias ao saco das compras..Ficava-me a  sensação  de estar num espaço cheio de magia…ao mesmo tempo quase religioso..de religação à essência das coisas simples...   

 E nesse ambiente de magia  muito se partilhou sobre a vida,  sobre os   caminhos  actuais da  instituição universitária…a “bolonhização” dos cursos, a “efecêtização” (de FCT) da investigação..e a forma de nos posicionarmos,  não cedendo a alguns princípios: muitas vezes  discutimos o que é Rigor, .mas eu sinto que  a melhor forma de o perceber está  neste exemplo da professora Ana Luísa Janeira,  uma vida académica em que há um todo coerente , um  estar com autenticidade e uma  congruência entre o que é , o que   faz e   como faz; afinal o melhor exemplo do que é ser interdisciplinar, seja no conhecimento seja na vida…Obrigada Ana Luísa por continuares a ser para mim uma mestra inspiradora…   

   
 
 

UNIVERSIDADE DE LISBOA . FACULDADE DE CIÊNCIAS
Secção Autónoma de História e Filosofia das Ciências
SESSÃO DE HOMENAGEM À PROF.ª ANA LUÍSA JANEIRA

 

 

 

Lucilia Valente (Portugal)
Professora Associada com nomeação definitiva na Escola de Artes da Universidade de Évora. Cursou  Educação pela Arte na Escola Piloto do Conservatório Nacional de Lisboa.  De 1986 a 1991 realizou a tempo integral  os seus estudos de mestrado e doutoramento no Reino Unido tendo desenvolvido o seu interesse pelas terapias expressivas e em particular pela Dramaterapia (área em que se doutorou) . De 1992 a 1996 foi Directora da Secção Educação pelo Movimento Arte do CEFOPE , Instituto da Criança na Universidade do Minho . Em Novembro de 1996 integra o corpo docente da Universidade de Évora como 1ª Directora da Licenciatura em Estudos Teatrais, tendo sido membro da Comissão Instaladora dos Ensinos Artísticos que deu origem à actual Escola de Artes em Évora.. Em 2007 envolve-se na criação da Associação Portuguesa de Dramaterapia Integrativa-Dramati sendo a sua primeira presidente. É a actual Presidente do Movimento Português de Intervenção Artística e Educação pela Arte ( do qual foi Sócia fundadora  em 1994).

 

 

© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
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