NATURARTE
Do estudo
e da construção cultural dos jardins
Projecto

Logotipo com dragonete de Pedro Proença

A Árvore Dragão
Maria Estela Guedes
http://triplov.com/naturarte/drago_triplov/index.htm

No link acima tem uma galeria com duas séries de fotos: a primeira diz respeito ao dragoeiro (de corpo inteiro, flores, raízes, ramos), a segunda mostra um lago seco. É necessário falar da seca, ela não justifica a sede que estão a passar as plantas no Jardim Botânico de Lisboa. Esse lago seco mete dó. Qualquer lisboeta conhece o Jardim Botânico, sabe por isso quanto eleé uma das grandes belezas e um dos maiores refrigérios da nossa cidade, pobre em espaços verdes.

O Lago de Baixo, lago grande, onde nadavam peixes vermelhos, está de partir o coração. É o que as fografias patenteiam.

É possível minorar a secura e ajudar o Jardim Botânico. Deixando de lado a beleza e o refrigério, luxos de eras mais abastadas, nesta que atravessamos, de crise grave, é preciso avaliar a importância do Jardim noutros termos: os da saúde, em primeiro lugar, sem a vegetação não teríamos oxigénio na atmosfera. Os económicos, porque o Jardim Botânico é uma das atracções turísticas de Portugal. E naturalmente o seu interesse museológico, visto que os jardins botânicos são museus vivos, com as suas inerências de instrumentos didácticos e de investigação científica. Nem todos têm a possibilidade de ir às Canárias ver os Pinus canariensis no seu habitat natural, mas isso não impede que os interessados estudem as características destes pinheiros num espaço de naturarte, em que a arte dá a mão à natureza e vice-versa, como é o Jardim Botânico de Lisboa.

O TriploV adoptou um dos dragoeiros do Jardim Botânico. Árvores gigantes, distribuídas um pouco por todo o mundo - China, América do Norte e América do Sul, Arábia, Sudão, ilhas do Atlântico - e não um endemismo estrito da Macaronésia (Madeira, Açores, Cabo Verde, Canárias), como alguns insistem em considerar as espécies do género Dracaena, elas foram desde sempre conhecidas por árvores-dragão: Arbore Draconis, escreve Vandelli. A sua resina, avermelhada, tem aplicações curativas, ou tinha, motivo por que o sangue de drago e o dragoeiro ainda hoje vogam numa nuvem de magia e feitiço.

No directório "Naturarte" (menu em cima) encontra vários documentos sobre os dragoeiros. Entre eles, dois são particularmente interessantes, pois trata-se de descrições originais de taxa, com as respectivas ilustrações científicas. Um deles pertence a Clúsio, botânico do século XVI. Porém nesta época não havia propriamente botânicos, sim filósofos naturais. Clúsio, que só podia então ser um alquimista, viajou pela Hispânia, descobrindo um exemplar de dragoeiro, que ele diz ser o primeiro que via na sua vida, atrás de um mosteiro entretanto desaparecido, à Graça, em Lisboa.

No século XVIII, sem nenhum problema ideológico quanto à discriminação entre espécies indígenas e exóticas, ou entre exotismos e endemismos, Vandelli, cientista português que no TriploV tem um grande directório (http://triplov.com/hist_fil_ciencia/vandelli/index.html), ao fazer a sua própria descrição, já de acordo com o Systema Naturae, de Lineu, informa que Dracaena Vandelli (o género pertence-lhe - o táxon e não as árvores, claro...) vivia em Portugal. Isto é, sendo a distinção entre exótico e indígena um elemento teórico importante já na sua época, Vandelli não considera o dragoeiro estranho à flora de Portugal. Entre as localidades onde se fazia uso do sangue de drago, menciona ilhas bem distantes da Macaronésia: Madagáscar, Java, etc.. Ignoro em absoluto por que motivo estão sob protecção legal os quatro dragoeiros dos Açores, Dracaena draco, a mesma espécie do Missouri.

Se quem pode adotar uma árvore - o que implica uma pensão de alimentos anual - o fizer, poremos fim à sede que estão a passar as plantas e encheremos de novo os lagos do Jardim Botânico. Para isso têm de contactar a Liga dos Amigos do Jardim Botânico. Preservar a Natureza construída pelo Homem é tão importante ou mais do que preservar as regiões selvagens, se alguma existe.

 
Liga dos Amigos do Jardim Botânico
Jardim Botânico da Universidade de Lisboa
Rua da Escola Politécnica, nº58
1250-102 Lisboa
Telef: 21 3921800
Fax: 21 3970882