Os textos e imagens que se apresentam, salvo duas ou três fotografias, reproduzem o catálogo da exposição "Carnívoros!" e foram gentilmente cedidos por alguns dos principais responsáveis, a quem agradecemos: A.M. Galopim de Carvalho, Vanda Santos, Liliana Póvoas e César Lino Lopes (Museu Nacional de História Natural), e Frederico Duarte, Gonçalo Branco, Ana Luísa Santos e Rita Marquito (Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa) a quem pertence o logotipo vermelho e a concepção gráfica do catálogo.

TriploV

15 de Fevereiro a 30 de Maio de 2003
Museu Nacional de História Natural
Universidade de Lisboa

Os dinossáurios não avianos, os de que toda a gente fala, constituem um grupo de vertebrados fósseis desaparecidos há cerca de 65 milhões de anos (Ma). Testemunhos da sua passagem pela Terra, temo-los através dos seus ossos, das suas pegadas e até dos seus ovos, excrementos e marcas de pele.

Hoje admite-se que eles ainda estão representados nos nossos dias por animais tão vulgares para nós como as avestruzes ou as galinhas. De facto, a maior parte dos investigadores está de acordo que as aves terão evoluído a partir de um grupo de dinossáurios carnívoros (terópodes). Assim, as aves são dinossáurios actuais que apelidamos de avianos para os distinguirmos dos dinossáurios, no sentido clássico do termo. Esta distinção resulta, essencialmente, do desenvolvimento de características que lhes permitiram o voo.

Nem todos os dinossáurios foram gigantescos e terríveis como é vulgar ouvir dizer-se. À semelhança do que acontece com os mamíferos, os dinossáurios apresentavam enorme diversidade de tamanhos, formas e modos de vida. Entre eles havia quadrúpedes enormes, todos eles herbívoros, pesando dezenas de toneladas, uns com mais de 30 metros de comprimento, de longos pescoços e compridas caudas, e outros altos como um prédio de quatro andares. A par destes, viviam dinossáurios bípedes, uns herbívoros outros carnívoros, numa grande variedade de tamanhos, desde os muito pequenos e corredores, aos enormes carnívoros com mais de 6 metros de altura e várias toneladas de peso, de que o Tyrannosaurus rex é, sem dúvida, o exemplo mais conhecido.

EXPOSIÇÃO "DINOSSÁURIOS DE NOVO EM LISBOA!"

Dez anos volvidos sobre a concorridíssima exposição “DINOSSÁURIOS regressam em LISBOA”, o Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa traz ao grande público e às escolas de todo o país uma espectacular mostra de réplicas robotizadas de dinossáurio, à semelhança da anterior, mas em moldes ainda mais dinâmicos.

Há uma década exibiram-se exemplares isolados. Desta vez mostram-se cenas do seu quotidiano, nas quais cada animal desempenha o seu papel, numa sugestiva dramatização com a assinatura da engenharia robótica da Kokoro, com o apoio científico de paleontólogos.

O poder mágico dos dinossáurios ficou provado pela afluência de público a essa primeira exposição: cerca de trezentos e sessenta mil visitantes, em apenas onze semanas (cinco mil visitantes por dia). Esse mesmo poder mágico alastrou a todas as camadas da população de Norte a Sul do país.

O fascínio pelos dinossáurios trazido à superfície nas múltiplas actividades deste Museu mas, sobretudo, com esta mostra e outra que se lhe seguiu, “DINOSSÁURIOS DA CHINA”, em 1995, ajudou a criar uma opinião pública que foi decisiva na salvaguarda de peças importantes do nosso património geológico e paleontológico, como sejam as grandiosas jazidas com pegadas de dinossáurio de Carenque e da Serra d’Aire.

Como qualquer pergaminho, os fósseis, dos mais minúsculos, só visíveis ao microscópio, aos mais gigantescos, como é o caso dos dinossáurios, são documentos de uma história muitíssimo mais antiga do que a da humanidade, uma história com milhares de milhões de anos.

A mediatização que o Museu tem vindo a fazer em torno dos dinossáurios, nos últimos anos, assenta em trabalho de investigação científica, rigoroso e profundo, menos conhecido do grande público, mas largamente divulgado em revistas e congressos nacionais e internacionais da especialidade e reconhecido e respeitado pelos nossos pares na comunidade científica internacional. Tem como objectivo muito concreto formar uma opinião pública consciente da necessidade de salvaguardar o referido património e, com isso, concitar maior atenção por parte das administrações. Neste âmbito pretende-se:

- divulgar ciência na área da Paleontologia de Dinossáurios e das Ciências da Terra;

- participar na dinâmica cultural da cidade com um grande evento lúdico-científico, notável na relação ciência/tecnologia e mobilizador de largos milhares de pessoas;

- sensibilizar a opinião pública para a necessidade da preservação de sítios geológicos de interesse patrimonial;

- potenciar o crescimento das relações entre a Universidade e as Autarquias;

- potenciar o crescimento das relações entre a Universidade e outras instituições públicas e privadas, incluindo o sector empresarial.

O balanço desta mediatização, que agora prossegue com a nova exposição “CARNÍVOROS!”, é francamente positivo. Encontrámos financiamentos que nos permitiram editar dois volumes, os nºs 10 e 15 de GAIA, a revista de Geociências do Museu, duas volumosas obras, uma sobre Saurópodes e outra sobre Terópodes que tiveram a colaboração de dezenas de especialistas dos cinco continentes. Pudemos realizar em Lisboa, em 1998, o 1º Encontro Internacional sobre Paleobiologia dos Dinossáurios, evento marcado pela presença das mais destacadas figuras internacionais neste ramo da Paleontologia.

Dispomos hoje de condições de trabalho, de projectos de investigação e de verbas que nos permitem realizar contactos com instituições e colegas de dentro e de fora do país. Montámos dois laboratórios de paleontologia de vertebrados, um em Lisboa (no Museu) e outro na Batalha em colaboração com a autarquia local. Longe de termos atingido as condições ideais, é hoje muita a diferença relativamente aos tempos em que ninguém falava de dinossáurios, há uma dúzia de anos atrás.

Realizada em estreita colaboração com a Reitoria da Universidade de Lisboa e com a Faculdade de Belas Artes, da mesma Universidade, esta exposição contou, ainda, com o apoio de diversas entidades públicas e privadas às quais expressamos o nosso reconhecimento.

A. M. Galopim de Carvalho
Director do Museu Nacional de História Natural
Janeiro de 2003

KOKORO

A Kokoro Company Ltd. de Tóquio - Los Angeles é a empresa criadora dos dinossáurios animados. Com quarenta anos de experiência em engenharia robótica, é reconhecida pelos Museus do mundo inteiro, face à grande qualidade que põe nos modelos que fabrica e anima.

A procura de rigor nas formas e nos movimentos recriados destes magníficos robots é apoiada em cuidada investigação e consultadoria pelo Natural History Museum de Londres e pelo Museum of the Rockies de Montana, E.U. A.

Várias dezenas de exibições itinerantes de modelos robotizados da KOKORO percorrem as principais cidades dos cinco continentes.

O INTERIOR DOS ROBOTS

Os engenheiros da KOKORO apoiam o seu trabalho em investigações sobre fósseis originais, bem como em rigorosas e actualizadas reconstituições dos respectivos esqueletos, da sua configuração anatómica exterior e dos seus movimentos, levadas a efeito por especialistas experimentados em Paleontologia dos dinossáurios.

Inicialmente são executados pequenos modelos a partir de imagens de computador. O modelo em miniatura é, em seguida, monitorizado, desenhando-se as características particulares para os modelos maiores.

É construída uma armação metálica de suporte, no interior da qual é instalado todo um complicado sistema mecânico pneumático, manualmente testado e afinado, com vista a assegurar movimentos suaves e bem coordenados.

A fonte de energia necessária aos movimentos provém da pressão de ar gerada por um compressor. Cada movimento é operado por um dispositivo do tipo dos vulgares amortecedores de automóvel. Trata-se de um braço cilíndrico onde existe um pistão. O ar, ao entrar num dos lados do cilindro, empurra o pistão num sentido e, ao entrar pelo outro lado, faz regressar o mesmo pistão à posição inicial.

Cada modelo está ligado a uma caixa de comando, ou «cérebro», isto é, um computador programado para coordenar os movimentos das pernas, dos braços, do pescoço, da cabeça, da boca, dos olhos ou da cauda, numa aproximação de realismo bem conseguida. O programa existente na memória do computador comanda a abertura e o fecho das válvulas, conduzindo o ar e permitindo, assim ao dinossáurio, executar correctamente os movimentos concebidos.

Os sons produzidos pelos modelos são propagados por altifalantes instalados nos robots. Alguns desses sons são imaginados com base em especulações de carácter científico e outros, inferidos através de estudos especializados de crânios de dinossáurios bicos-de-pato (hadrossáurios), fazendo uso de tomografia axial computadorizada (TAC), programas informáticos e modelos 3-D.

A armação metálica de suporte de um Tyrannosaurus, patente ao público, permite observar o complexo sistema de articulações, de tubos de ar e de cabos que ligam os mecanismos ao compressor de ar e à corrente eléctrica.

Sobre as armações metálicas dos robots há uma cobertura em poliuretano flexível que lhes confere o aspecto que os dinossáurios teriam em vida. A reconstituição da pele, realizada com base nas mais recentes descobertas e estudos, consta de um revestimento de silicone e de fibras de nylon de grande resistência e maleabilidade, deformando-se, realisticamente, de acordo com os movimentos executados.