MIGUEL GARCIA

Francisco Miguel Gouveia Pinto Proença Garcia
ANÁLISE GLOBAL DE UMA GUERRA
(MOÇAMBIQUE 1964-1974)

Dissertação para a obtenção do Grau de Doutor em História
Universidade Portucalense
Orientação dos: Prof. Doutor Joaquim da Silva Cunha e
Prof. Doutor Fernando Amaro Monteiro
Porto . Outubro de 2001

II Capítulo

A conflitualidade global permanente, o despertar dos movimentos independentistas e a afirmação da soberania portuguesa em Moçambique

2.2. - O COREMO

NOTAS

(1) Programa da UDENAMO-Monomotapa. In Arquivo Nacional – Torre do Tombo, PIDE/DGS, Serviços Centrais, Informação n.º 484-SC/CI(2), 2 de Fevereiro de 1963, Secreto.

(2) “(...) O Governo Português fala de Moçambique, que qualifica de Província Ultramarina (...) fala também da sua missão civilizadora (...) o governo de Salazar é, sem dúvida, um exemplo clássico da insanidade política (...)” e acrescenta: “(...) os habitantes de Moçambique têm consciência da sua personalidade e não estão dispostos a abandoná-la para que chamem ao seu país uma província de Portugal. Os factos seguintes estão muito bem definidos para que seja possível ignorá-los: ausência total de instituições políticas, supressão das culturas indígenas, analfabetismo incrível, opressão impiedosa, degradação deliberada da raça humana, prática de trabalhos forçados e de castigos corporais, supressão de todo o vestígio de liberdade individual (...)”. Petição distribuída em 28 de Outubro de 1964 ao Comité dos 24. In Arquivo Nacional Torre do Tombo, PIDE/DGS, Serviços Centrais, Informação n.º 272 – SC/CI (2), Actividades da FRELIMO, de 14 de Abril de 1965.

(3) As conversações falharam, e Paulo Gumane, a 15 de Fevereiro de 1965 falava do malogro das discussões e das negociações, o que representaria uma vitória para Salazar. Acusava Mondlane do malogro das conversações, ficando assim, segundo ele, destruídas as esperanças de uma unidade africana na luta por Moçambique. In Gabinete dos Negócios Políticos do Ministério do Ultramar, 3 de Setembro de 1965, Confidencial in Arquivo Nacional – Torre do Tombo, PIDE/DGS – Serviços Centrais, Proc 507/61-SR – Mozambique National Democratic Union.

(4) O COREMO foi constituído a 31 de Março de 1965. In ADIEMGFA, Quartel General da Região Militar de Moçambique, “Ordem de Batalha do COREMO”. Supintrep N.º 25, Dezembro de 1967, Confidencial.

(5) “(...) o Baltazar da Costa continua a ser o presidente do partido União Nacional Africana de Moçambique Independente, organização que dirige sob o controlo desta polícia (...)”. In Arquivo Histórico de Moçambique, Fundo de Moatize, caixa 102: GDT, N.º 251, Proc. 13/18, 20 de Maio de 1966.

(6) Gumane estudou na Missão Católica São Francisco de Assis de Mocumbi – Inhambane, tendo frequentado o ensino secundário na Escola de Habilitação de Alvores de Manica. Posteriormente, ao longo de seis anos, ensinou em diversas Missões e escolas governamentais, vindo a demitir-se, alegando discriminação racial. Parte para a África do Sul, onde ficou chocado com a política de Apartheid. Em Joanesburgo arranja emprego e ingressa no Trade Union Movement, onde inicia a sua carreira política. Ingressa no ANC em 1946. Em 1959, ingressa no PAC (Pan Africanist Congress). Foi ainda eleito para o Cape Town Branch Secretary of the Loundry and Dry Cleaners Workers Union. Em 1960 regressa a Moçambique com a intenção de auxiliar a luta contra a colonialismo e imperialismo português. Aí funda a União dos Agricultores Africanos. Para evitar a prisão, foge para a Cidade do Cabo. Quando da formação da UDENAMO foi eleito para Secretário Nacional da Organização, sob a liderança de Adelino Chitofo Gwambe. É preso em Cape Town, mas consegue fugir em Setembro de 1961 para a Bechuanalândia e, em Novembro, segue para Dar-es-Salam, onde se junta aos combatentes da liberdade para Moçambique. Forja a união que deu origem à FRELIMO, que abandona em 1963. E, já no Cairo, vai reabilitar a velha UDENAMO. Em 1965, com o apoio do governo zambiano, inicia nova campanha de união de movimentos independentistas e, em Lusaka, forma a COREMO. In Arquivo Nacional – Torre do Tombo, AOS/CO/UL -46, PASTA 12.

(7) Arquivo Histórico de Moçambique, Fundo de Tete – Moatize, caixa 106, Governo do Distrito de Tete, Sitrep circunstanciado N.º 11/68, de 15 de Março de 1968.

(8) Nota da embaixada portuguesa em Tunis de 24 de Fevereiro de 1967. In AHD, PAA 529.

(9) ADIEMGFA, Quartel General da Região Militar de Moçambique, “Ordem de Batalha do COREMO”, Supintrep N.º 25.

(10)  Arquivo Nacional – Torre do Tombo, AOS/CO/UL – 46, PASTA 12.

(11)  Arquivo Nacional  –  Torre do Tombo, PIDE/DGS, Serviços Centrais, processo 507/61, Mozambique National Democratic Union, Informação N.º 1086 – SC/CI (2) de 20/10/67. Actividade da COREMO – Tradução de memorandum da COREMO à OUA, a 11 de Setembro 1967.

(12) A União era entendida como necessária nos seguintes termos: “(...) uma luta travada por um povo desunido é uma luta cheia de dificuldades (...) é importante que haja união. Mas a união tem que ter uma base – uma base de princípios (...) o Governo da Zâmbia, usando os seus bons ofícios, tentou encontrar uma saída para o beco sem saída no aspecto político a que chegou a nossa luta (...)”, referindo ser necessária, através de tentativa desinteressada, a realização da união dos movimentos moçambicanos; tentativa que terá sido, “(…) desde o início, minada e deliberadamente sabotada por certos oportunistas e pela atitude despótica de alguns líderes irresolutos (...) mas porquê pedir-nos para nos dissolvermos? (...) Declaramos categoricamente que estamos preparados para uma Frente Unida em qualquer tempo (...)”. In Arquivo Nacional – Torre do Tombo, PIDE/DGS, Serviços Centrais, processo 507/61, Mozambique National Democratic Union, Informação N.º 1086 – SC/CI (2) de 20/10/67. Actividade da COREMO – Tradução de memorandum da COREMO à OUA, a 11 de Setembro 1967.

(13) ADIEMGFA, Quartel General da Região Militar de Moçambique, “Ordem de Batalha do COREMO”, Supintrep N.º 25.

(14) Idem.

(15) Num panfleto o COREMO apelava “(...) à completa liquidação dos laços tribais pois ele luta para a formação de uma só família. O POVO, sem distinção de raça, cor ou religião, para a pacificação e progresso de Moçambique e vitória certa sobre o nosso inimigo (...)”. In Arquivo Nacional – Torre do Tombo, PIDE-Angola, Informação N.º 540 – SC/CI (2), 17/4/67 – Secreto.

(16) Coelho, João Paulo Borges, “A Primeira frente de Tete e o Malawi”. “Arquivo”, Maputo: N.º 15, (Abril de 1994), p. 77.

(17) ADIEMGFA, Quartel-General da Região Militar de Moçambique, “Composição e objectivos da UNAR”, Supintrep N.º 26, Março de 1968, Secreto.

 
 

 




 



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