DISCURSO DE CORVO

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INSERT 5. Juliana entra esbaforida no anfiteatro, tentam detê-la:

Segurança - Que quer você daqui, mulher? Não vê que estamos em sessão solene, não vê que Sua Majestade El-Rei D. Luís acabou de entregar os prémios?

Juliana - Olhe que eu sou aia da Rainha, trago um recado... É só um recado para El-Rei... Sua Majestade, a Rainha, está com o senhor Oom no Observatório Astronómico... Há um ror de tempo que eles estão à espera de ouvir o trim-trim! O telefone, El-Rei que não se esqueça da estreia nacional do telefone...

Segurança - Ah, bem, isso é outra conversa... (Fala directamente ao rei, do fundo do anfiteatro) Majestade! Perdoai, Majestade! Não esqueçais a estreia nacional do telefone!

El-Rei D. Luiz - É verdade, onde está o aparelho? (Andrade Corvo traz-lhe o telefone) Como é que se faz?

Andrade Corvo (discando o número) - É o número do Observatório Astronómico... Sua Majestade, a Rainha, aguarda o telefonema... Estreia real, uma infinita honra para a Escola Politécnica...

El-Rei D. Luiz - Complicado, mas estou certo de que atingiu o auge com ele o progresso da tecnologia moderna... (fala ao telefone) Está? Está lá? Sim? Só barulhos, isto não se percebe nada!... Quer saber quem fala? Fala El-Rei D. Luís... Oh, bon sang!, não se ouve nada! Desejávamos falar a Sua Majestade, a Rainha... Já disse quem somos!... El-Rei... Le Roi! The King! Mas que grande ferro! Somos Luís Filipe Maria Fernando Pedro de Alcântara António Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis João Augusto Júlio Volfando! Exactamente, Volfando! Oh, finalmente!... Parece que estais mesmo aqui... Querida, sois vós? Sacré Coeur, Marie Pie, quem havíamos nós de ser?! Somos o vosso Lipipi!

(Terminado este acto, Sua Majestade, depois de saudar o auditório com a sua costumada afabilidade, sai com a comitiva.)