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MARIA DO SAMEIRO BARROSO
As vindimas da noite
Trilhos silentes

Se me inundares com vagas de doçura, dir-te-ei

que um minúsculo jardim é a terra inteira

e os teus olhos, são estrelas, esmeraldas.

Se me inundares com vagas de brancura, dir-te-ei

que é nos touros negros que a luz implode,

que os insectos são estranhos animais

e que a a poesia é um lugar de aloendros,

matizados de sangue.

 

Por vezes, minúsculas borboletas em volta

de uma língua de argila e pó, produzem múltiplas

imagens, que percorrem o eco remanescente

de andorinhas pulsáteis.

 

Em ti, leio a secreta vocação onde o sol se multiplica,

na haste policroma, onde o imaginário regressa

e recrio a noite, o lume, o vazio,

pelos sons que se abrem à límpida impulsão,

à centelha mutante, à fulguração exacta,

à chama perfeita.

Em ti, leio a vocação imaginária, o fulgor exacto,

o rigor incessante de um rasto luminoso,

 

negro, eloquente.

Maria do Sameiro Barroso é licenciada em Filologia Germânica e em Medicina e Cirurgia, pela Universidade Clássica de Lisboa. Exerce a sua actividade profissional como médica, Especialista em Medicina Geral e Familiar.

Em 1987 iniciou a sua actividade literária, tendo publicado livros de poesia e colaborado em antologias e revistas literárias. A partir de 2001, a sua actividade estendeu-se à tradução e ensaio, tendo publicado, em revistas literárias e académicas.

Em 2002 iniciou a sua actividade de investigadora, na área da História da Medicina, tendo apresentado e publicado trabalhos, nesta área.