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Fernando Fiorese..

A LITERATURA NA CENA FINISSECULAR

Notas

 

* STEINER, 1988 : 262

1 O alargamento do abismo existente entre linguagem verbal e linguagem científica determina que os homens se tornem iletrados, uns em relação aos outros. “Existe um analfabetismo tão grande no desconhecimento dos conceitos básicos do cálculo ou da geometria esférica como no desconhecimento da gramática” (STEINER, 1988 : 35). Neste sentido, Steiner propugna pela redefinição da noção de alfabetização básica, de forma a incluir não apenas os valores clássicos (discurso, retórica e poética), mas também os conceitos e a linguagem da matemática.

2 Ver a respeito SUBIRATS, 1986.

3 De acordo com Sontag, “‘Espiritualidade’ = planos, terminologias, noções de conduta voltados para a resolução das penosas contradições estruturais inerentes à situação do homem, para a perfeição da consciência humana e a transcendência” (SONTAG, 1987 : 11).

4 Aqui pretendemos tão-somente recorrer às idéias do pensador francês que dizem respeito diretamente à crise da representação e, embora acolhendo ressonâncias de diversas obras, nos referenciamos apenas àquelas que participam da bibliografia.

5 A aceleração do movimento implica, pois, a serialidade e a sistemática dos elementos arquitetônicos, dos objetos urbanos, numa tautologia formal que acaba por envolver todo o ambiente e, por fim, até mesmo a aparência e o comportamento dos habitantes das cidades.

6 “Sempre os olhos fitando o indivíduo, a voz a envolvê-lo. Adormecido ou desperto, trabalhando ou comendo, dentro e fora de casa, no banheiro ou na cama – não havia fuga. Nada pertencia ao indivíduo, com exceção de alguns centímetros cúbicos dentro do crânio.” (ORWELL, 1984 : 29)

7 Em A sociedade de consumo, Baudrillard recorre a O estudante de Praga para analisar a transformação da imagem em mercadoria (BAUDRILLARD, 1981c : 231-44), enquanto Virilio refere-se ao mesmo como um dos primeiros filmes que fala do cinema (VIRILIO, 1993a : 53-4).

8 Em A máquina de visão, ao analisar a logística da imagem e das eras de propagação que marcaram a sua história, Virilio define a lógica paradoxal que caracterizam as imagens numéricas, holográficas e videográficas: “O paradoxo lógico é finalmente o desta imagem em tempo real que domina a coisa representada, este tempo que a partir de então se impõe ao espaço real. Esta virtualidade que domina a atualidade, subvertendo a própria noção de realidade. Daí esta crise das representações públicas tradicionais (gráficas, fotográficas, cinematográficas...) em benefício de uma apresentação, de uma presença paradoxal, telepresença à distância do objeto ou do ser que supre a sua própria existência, aqui e agora.

“É esta, finalmente, a ‘alta definição’, a alta resolução não tanto mais da imagem (fotográfica e televisiva), quanto da própria realidade.

“Com a lógica paradoxal, na verdade, é a realidade da presença em tempo real do objeto que é definitivamente resolvida... (VIRILIO, 1994 : 91)