Eliane Potiguara.......................

BRASIL - INDEX

Cântico da distância

O que quero dizer são loucuras assim...
São delírios da noite, pesadelos sem fim
São absurdos desejos e embebedando a solidão
Pois  perdi o caminho e sofri o amanhã.
Agora o que faço: só penso intranqüila
A tua figura diante de mim
Parado no vento, feito imagem de santo
Que nem posso tocar...
Que nem posso falar...
Porque és feito pras deusas,
Completamente impossível
Impossível de olhar...
Impossível de amar...
E as minhas mão trêmulas e tímidas
Procuram as tuas
E estás tão distante no tempo, no espaço
Que faço loucuras e grito e procuro.
 
Mas paro!
 
E quero apagar da minha memória
Tua imagem de homem
Cantando a história
Porque és forte, por ser macho guerreiro
Valente lanceiro
Gritando a vitória.
E só porque existes
Nem pedes licença
E me invades a mente.
  
O que quero dizer são loucuras enfim...
Loucuras escondidas, sentidas, doídas
Tanta loucura que não quero mais pensar em ti.
Lá vão dias roendo comigo
Tua imagem de amigo
Lavando a memória e não te querendo
Mas me invades a alma
Meus olhos, as noites, meus cantos
Enfim, os sonhos
E tua imagem guerreira de cara fechada
Fechada pro mundo
Se abre pra mim...
E em cada sorriso eu sofro de novo
Com medo da vida, sufoco o meu pranto.
E vivo essa roda enjoada, perdida
Cantando os minutos, procurando a razão
E as horas se passam
E o tempo não passa
E só passa por mim
Um errante grisalha que ri a zombar sem fim.
 
E te imagino nos rios, nas matas contentes
Que são teus amigos constantes.
Fiéis, e  a eles teus segredos confessas
E apenas no olhar são teus confidentes.
 
Amaste minha flor aberta semente
Ferida de luta inda menina pra amar
E acendeu a paixão escondida
Brilhante pra vida
Sedente a chamar-te
 
São tudo loucuras enfim...
Por isso vou-me entregando à saudade, à ausência
À impaciência da ilusão.
E vou escrevendo e contando
Pro cais desse tempo, ainda criança
O tempo que jamais terei
Porque não brinco com a esperança
E vou vivendo a realidade
Do passado e do presente
Enquanto teu corpo ausente
Chama pelo futuro verdade !
Clama por uma vida crescente !

Eliane Potiguara foi indicada em 2005  ao Projeto Internacional "Mil mulheres ao Prêmio Nobel da Paz", é escritora, poeta, professora, formada em Letras (Português-Literatura) e Educação, ascendência indígena Potiguara, brasileira, fundadora do GRUMIN / Grupo Mulher-Educação Indígena. Membro do Inbrapi, Nearin, Comitê Intertribal, Ashoka (empreendedores sociais), Associação pela Paz, Cônsul de Poetas Del Mundo. Trabalhou pela Declaração Universal dos Direitos Indígenas na ONU em Genebra. Seu último livro é “METADE CARA, METADE MÁSCARA”, pela Global Editora. Ganhou o Prêmio do PEN CLUB da Inglaterra e do Fundo Livre de Expressão, USA.

Site pessoal: www.elianepotiguara.org.br    

Institucional:   www.grumin.org.br

E-mail: elianepotiguara@grumin.org.br