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.JOSÉ EDUARDO FRANCO
O CRISTIANISMO E O PROGRESSO
A Resposta de D. António da Costa a Antero de Quental
 
A caridade e a liberdade
como expressões perfeitas do progresso
 

Para D. António da Costa o progresso autêntico, que orienta a humanidade para a perfectibilidade, é assegurado por dois grandes valores que não se podem prescindir nunca: a liberdade e a caridade. A liberdade é o motor do progresso, na medida em que, o homem é destinado à perfeição:

"o homem é essencialmente perfectível, e por isso, é essencialmente livre, porque, se lhe negássemos a liberdade, havíamos de negar-lhe a possibilidade de aperfeiçoamento, a não o supormos bruto ou máquina recebendo a melhoria de um ser ou motor estranho. A humanidade é, como o homem, essencialmente perfectível e essencialmente livre" (1).

A caridade ou o amor é a expressão perfeita do progresso porque este visa a universalidade, a igualdade e a imortalidade. Nesta linha, teoriza o autor:

"Este novo preceito é, além do amor nacional, o amor universal e, dentro do amor universal, o amor aos próprios inimigos (...). Assim Jesus, incorporando-se no necessitado simbolicamente imprimiu à caridade um carácter e, por esta espécie de virtuosa paixão, veio fazer de cada infeliz um Cristo (...) Mas a lei do amor veda ao homem o ser senhor absoluto do outro homem, quer seja na qualidade de pai, de marido, de vencedor ou de rico, e debaixo de todos as relações foi o homem socialmente modificado e reabilita a natureza." (2)

Como podemos depreender, raiz fontal da caridade é cristológica e esta deve informar todo o agir individual e social do homem. Só assim o homem evoluirá. D. António da Costa dedica um capítulo à caridade e, além de apresentar os fundamentos evangélicos desta virtude basilar do Cristianismo, apresenta os seus ramos: a caridade individual e a caridade social (3). O agir individual do homem e a organização social só pode ser perfeita se for orientada por este inefável valor da caridade. Só assim os homens sentirão palpitar a fraternidade e o amor que liberta dos interesses vãos e torna as relações entre os homens perfumadas pela felicidade.

 
 

(1) Ibidem, pp. 125-126.

(2) Ibidem, pp. 31, 99.

(3) Cf. Ibidem, pp. 99 - 101.