:::::::::JOANA RUAS:::

ROTEIRO DE ALGUNS TEMAS AFRICANOS
elaborado por Joana Ruas a partir do seu romance

"A PELE DOS SÉCULOS" - INDEX

7ª Ficha
A literatura torna real o que a História esqueceu

O romancista põe em evidência fenómenos da natureza  humana que estavam até então totalmente ignorados, mesmo daqueles que os viveram. O romancista descobre-os para si, para os protagonistas que até então se ignoravam a si mesmos e para os leitores que ignoravam completamente a existência de uma tal realidade pois cabe ao  escritor  a tarefa de contar as histórias da História. Como disse Carlos Fuentes, a Literatura torna real o que a história esqueceu.

A Guiné-Bissau tem muitos poetas que se exprimiram em português como Vasco Cabral com o seu poema justamente célebre A Luta é a minha Primavera, e, em crioulo como alguns dos poetas presentes neste livro.

O primeiro prosador do quotidiano guineense da época colonial foi Fausto Duarte com o seu livro Auá que teve um prefácio de Aquilino Ribeiro. Em sua homenagem dei a um personagem secundário o  nome de Auá. De Fernanda de Castro é o romance  O Veneno do Sol cuja acção se passa no arquipélago dos Bijagós, obra que foi posta em folhetim televisivo. Nos nossos dias, o guineense  Carlos Lopes também aborda, em Kaabu, a realidade histórica, societal e cultural do seu país desde épocas remotas e, em Corte Geral, título sugestivo, através de pequenas narrativas, a crise geracional e de liderança instalada na sociedade e que se seguiu aos pais da nação com a progressiva desintegração dos valores e o aprofundamento da penúria bem patentes nos filmes do cineasta guineense Flora Gomes.

O escritor Álvaro Guerra  iniciou a sua vida literária com Os Mastins e, logo depois, estabelecendo uma continuidade estrutural entre a metrópole e uma das suas colónias, publica O Disfarce, obra sobre a guerra colonial na Guiné-Bissau e que nos desvenda os meandros da guerra e a consequente ameaça de destruição que pairou sobre a juventude portuguesa chamada às armas. Álvaro Guerra foi o primeiro escritor português a escrever sobre a guerra colonial. Também se situam na Guiné-Bissau e durante a guerra colonial, as obras Até Hoje de Álamo Oliveira e Vindimas no Capim de José Brás.

JOANA RUAS. Escritora portuguesa. Obras:

Na Guiné com o PAIGC, reportagem escrita nas zonas libertadas da Guiné em 1974, edição da autora, Lisboa, 1975;no jornal da Guiné-Bissau , Nô Pintcha, redige, em 1975, a página de literatura africana de língua portuguesa. Traduz textos inéditos de Amílcar Cabral escritos em língua francesa e recolhe na aldeia de Eticoga (ilha de Orangozinho, arquipélago dos Bijagós), a lenda da origem das saias de palha; Corpo Colonial, Centelha, Coimbra, 1981 (romance distinguido com uma menção honrosa pelo júri da APE; traduzido em búlgaro); Zona (ficção), edição da autora, Lisboa, 1984 (esgotado); O Claro Vento do Mar, Bertrand Editora, Lisboa, 1996; Amar a Uma só Voz ( Mariana Alcoforado nas Elegias de Duíno), Colóquio Rilke, organizado pelo Departamento de Estudos Germanísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,  Edições Colibri, Lisboa, 1997 e publicado no nº 59 da  revista electrónica brasileira AGulha (www.revista.agulha.nom.br;  A Amante Judia de Stendhal (ensaio), revista O Escritor,  n.º 11/12, Lisboa, 1998; E Matilde  Dembowski ( ensaio sobre Stendhal), revista O Escritor, nº13/14, 1999 ; A Guerra Colonial e a Memória do Futuro, comunicação apresentada no Congresso Internacional sobre a Guerra Colonial, organizado pela Universidade Aberta, Lisboa, 2000; A Pele dos Séculos (romance), Editorial Caminho, Lisboa, 2001; tem publicação dispersa em prosa  por vários jornais e  suplementos literários. Participou  com comunicações nas Jornadas de Timor da Universidade do Porto sobre cultura timorense e sobre a Língua Portuguesa em Timor na S.L.P. A sua poesia encontra-se dispersa por publicações como NOVA 2 (1975), um magazine dirigido por Herberto Helder; o seu poema Primavera e Sono com música de Paulo Brandão foi incluído por  Jorge Peixinho no 5º Encontro de Música Contemporânea promovido pela Fundação Gulbenkian e mais tarde incluído no ciclo Um Século em Abismo — Poesia do Século XX realizado no C.A.M.;  recentemente  publicou poesia nas seguintes publicações : Antologia da Poesia Erótica, Universitária Editora; Cartas a Ninguém de Lisa Flores e Ingrid Bloser Martins, Vega ; Na Liberdade, antologia poética, Garça Editores; Mulher, uma antologia poética integrada na colecção Afectos da Editora Labirinto; Um Poema para Fiama, uma antologia publicada pela Editora Labirinto; excertos do seu romance inédito, A Batalha das Lágrimas foram publicados em Mealibra,  revista de Cultura do Centro Cultural do Alto Minho.Na revista Foro das Letras foi publicado o seu  Caderno de Viagem ao Recife.