CADERNOS DO ISTA,15


A TIRANIA
DA IMAGEM

 

 

 

O CORPO PERFEITO (fim)

A. Fernando Cascais

O primeiro simulacro médico do corpo humano foi o cadáver dissecado no teatro anatómico. Na verdade, as repercussões da anatomia vesaliana continuam a ser objecto de avaliação à medida que crescem as possibilidades de manipulação tecnocientífica do vivo e do corpo. Debruçada sobre o cadáver aberto, a medicina ergue uma ciência inteira que não se limita a ser uma ciência biológica sobre o corpo humano mas antes estabelece, com esta, um dos pilares do saber moderno sobre o homem. Ao mesmo tempo, a anatomia principia a cumprir um antiquíssimo sonho médico da transparência do corpo, inaugurando uma cultura visual que a actual imagiologia médica elevou a píncaros de sofisticação inusitados. E essa cultura visual não é somente uma cultura científica, é uma estética inteira que, nascida nas elites literatas, haveria, já nos nossos dias, de transformar-se em modelo estético de identificação de massas: com a anatomia, a perfeição da forma física humana transferiu-se dos cânones da arte para a representação anatómica da medicina. Se olharmos de perto, o actual corpo culturista é um espelho aperfeiçoado do rigor muscular dos escorchados de Da Vinci ou de Vesálio. A divina proporção da arte clássica transferiu-se para as proporções rigidamente quantificadas dos portfolios dos manequins. A procura de uma visibilidade absoluta da espessura da vida que se oculta sob a pele mas cujos sinais se crê terem ficado inscritos na morte, leva a que a pele deixe de constituir o limite, tão físico quanto normativo, entre uma natureza protegida pela inviolabilidade das suas leis e a técnica humana que doravante se debruça sobre uma matéria-prima biológica enfim oferecida ao conhecimento transformador. A nova ciência médica logotécnica já não volve o seu olhar sobre o corpo para repor os equilíbrios internos que, desde os tempos míticos até Galeno, medeiam a sua inserção no mundo mais vasto da natureza e do cosmos a que há que atender contemplativamente. A moderna possibilidade de conceber algo como um corpo perfeito não poderia ter existido sem que a De Humani Corporis Fabrica de Vesálio tivesse operado uma ruptura metodológica que, ao mesmo tempo que alça a anatomia ao estatuto de disciplina básica das ciências médicas, proporcionando-lhes um modelo de simulação que lhes traçará o seu rumo, dá, por intermédio deste último, o primeiro passo na invenção do corpo humano. Não o corpo que os indivíduos de todas as civilizações sempre fizeram a experiência de ser mas o corpo que os indivíduos modernos passam a fazer a inédita experiência de ter . Com a anatomia, “corpo humano” passa a ser uma contradição em termos: o corpo, para o ser, perde obrigatoriamente o seu estatuto humano; só o é enquanto propriedade de uma pessoa humana da qual fica irremediavelmente cortado. Por outras palavras, a anatomia que abre o corpo, por aí mesmo o corta da pessoa tal como o tinha cortado da sua inserção no cosmos. A génese do indivíduo moderno passa necessariamente pela singularização do corpo relativamente ao sujeito. Dissociado do homem, o corpo é estudado por si próprio e como modalidade particular da morte. Factor de individuação, paralela à dessacralização da natureza, o corpo está quase pronto para se oferecer, doravante, como matéria-prima passível de ser manipulada pelas biotecnociências. Justamente, está quase pronto: falta reanimá-lo. Vivo, o indivíduo pode sempre ser objecto de manipulação simbólica; mas a possibilidade de manipulação biotecnocientífica teve de passar, histórica e cognitivamente, pelo momento da morte. Ora a reanimação desse agregado inerte de partes que é o cadáver dissecado terá, por sua vez, de passar pelo mecanicismo de Descartes e de La Mettrie para que a tecnociência biomédica se possa abalançar decididamente à persecução, no corpo, do sonho baconiano da criação de uma natureza mais perfeita do que a própria natureza. Com a tecnociência biomédica moderna, conhece o seu termo a atitude antiga em relação ao corpo, toda ela governada pela mimesis , a cópia aperfeiçoada de um modelo natural em si mesmo insuperável. O corpo moderno surge como belo artifício que se despede da mimesis enquanto matriz que moldou a tekne ocidental. Tanto no corpo grego como no corpo cristão, e ainda que de maneiras radicalmente distintas, realiza-se a norma mas nem o corpo grego nem o corpo cristão constituem fonte a que se vai buscar a norma. Antes da ciência moderna, não se tocará no corpo para extrair dele uma verdade. É certo que a tortura sempre arrancou ao corpo verdades, verdades de toda a espécie, menos de uma, a verdade acerca dele; a tanto se abalançará a ciência moderna que almeja extrair dele um conhecimento, produzir a partir dele um saber, e nisto torna ela o corpo moderno algo de totalmente alheio àquele que era familiar aos antigos e aos medievais mas também às sociedades que só depois dela vieram a conhecer o ocidente.

É sobejamente conhecido o contributo da dissociação radical entre res extensa e res cogitans do racionalismo cartesiano para a constituição da medicina científica moderna. Na medida em que é pura extensão inerte, o corpo cartesiano é afim do cadáver anatomizado e, como ele, destituído de todo o valor. De facto, o dualismo cartesiano prolonga o dualismo vesaliano. O corpo funciona segundo as leis físico-matemáticas que governam toda a res extensa . Paralelamente, a alma, tomada como puro intelecto, cogito intersubjectivo e universal, torna-se fonte exclusiva de conhecimento, rigorosamente elaborado pelo método matemático-quantitativo. Assim cindido, o homem prepara-se para ser subsumido pelo cogito e por ele investido de uma autoridade que lhe é exclusiva. No entanto, o cogito rebate-se de algum modo no corpo, na medida em que este surge apenas como ideia dele, construto teórico e não corpo vivo tal como ele se dá na experiência sensível. O dualismo cartesiano, que recupera o platónico noutros termos, compelirá o seu autor a recorrer ao artifício da glândula pineal encarregue de pôr em contacto o corpo e a alma; por sua vez, La Mettrie, pretendendo superar Descartes, servir-se-á do parênquima como princípio organizador de todo o corpo. E eis aberto o caminho ao mecanicismo no âmbito do biológico que, neste sentido, segue as passadas da física galilaica, a qual tinha começado por introduzir o mecanicismo na natureza em geral. Com efeito, a física moderna irá finalmente permitir a introdução do princípio motor no seio do fenómeno, que assim se torna máquina animada, onde a Antiguidade com a física aristotélica à cabeça, só podia conceber motores externos aos corpos físicos. O mecanicismo, de Descartes a La Mettrie, fará o mesmo com os corpos vivos, ressuscitando o cadáver anatomizado como máquina animada. A alma é de algum modo reintroduzida no corpo como seu funcionamento mecânico, como motor interno , animação co-extensiva mas de modo nenhum co-natural ao corpo. O animal-máquina, primeiro, e o homem-máquina, logo de seguida, são os expoentes do biomecanicismo. Do ponto de vista cartesiano, o corpo, senão mesmo o homem todo inteiro, é uma máquina e, na esteira do cogito , o homem surge à maneira de um autómato movido por uma alma. Não foge a este modelo o atleta contemporâneo que, da mais alta competição ao aluno do ensino básico, não tem já por verdadeiro adversário o corpo do seu oponente como nos jogos gregos, antes mede a sua performance com o cronómetro; o que emula são os valores dessa máquina de quantificar que regista as prestações dos adversários que ele irá defrontar e cujas marcas deve ultrapassar para os vencer, e é em ambiente de laboratório que prepara as suas vitórias. Embora a iatromecânica não triunfe logo, o quadro cognitivo e cultural do mecanicismo cedo domina a medicina moderna, o que se nota no facto de ter como modelo e pressuposto a construção de autómatos. Por definição, o autómato é o mecanismo que em si contém o princípio do seu próprio movimento, é o simulacro tecno-mitológico com que a ciência passa a dirigir-se à hiper-realidade das suas ficções, perdendo de vista um real que não seja objectivado pela sua própria linguagem. É deste modo que a ciência moderna transforma o antigo autómato mítico, e sucessivamente, em autómato mecanicista, autómato cibernético e computacional tem proliferado nos últimos quarenta anos. Seria preciso esperar pela embriologia experimental para se abandonarem as interpretações mecanicistas dos fenómenos vivos, ao reconhecer-se em todos os organismos a capacidade de auto-regulação, auto-construção, auto-manutenção e auto-reparação, o que permitiu inverter o privilégio da máquina sobre o organismo . O certo é que, com o mecanicismo, o mundo passa a constituir um desafio para o engenheiro humano que emula o deus ex machina e o corpo do indivíduo humano que dele faz parte adquire assim o estatuto de objecto de experimentação, como mecanismo cujas disfunções há que reparar. A “anatomia política” descrita por Foucault radica precisamente aqui, neste corpo do indivíduo indiscernível da mecânica geral do mundo, que o facto de incarnar a presença humana não dota de qualquer dignidade intrínseca e que, antes pelo contrário, se oferece como pura matéria-prima indefinidamente manipulável, de tal maneira que, afirma La Mettrie, a arte da manipulação médica da natureza mais não faz que ajudar as infinitas possibilidades de que esta é já dotada por si mesma. Neste sentido, a demiurgia mecanicista é a primeira a romper decididamente com a natureza como horizonte normativo que coloca limites à intervenção técnica humana. É precisamente aqui que o natural se abre ao artificial, confundidos, que passam a estar, por uma infinita capacidade de auto-criação e auto-proliferação que doravante lhes é, reconhecidamente, comum. Outro não é o projecto que orientará toda a biotecnociência moderna na sua relação com os corpos.

O terceiro e último passo na senda de uma cultura da perfeição física é aquele em que nos encontramos. Ele é o resultado da conjunção da biopolítica moderna que, desde finais do século XVIII sucede à anátomo-política seiscentista, do evolucionismo darwiniano e, finalmente, da imparável inovação biotecnocientífica na sequência do desenvolvimento da biologia molecular, tudo isto no quadro jurídico, social e cultural de fundo da crescente secularização das sociedades modernas. Entre os seus muitos efeitos, a ruptura darwiniana revela-nos uma poiesis biológica que envolve o corpo individual na sua indefinida criatividade. O fim do fixismo biológico não deixa de ser inquietante, na medida em que, além de apagar as distinções entre a animalidade e a humanidade, abre a antiga natura humana a um abismo de indefinições cuja extrema problematicidade extravasa a controvérsia clássica que opõe evolucionismo e criacionismo. Por outro lado, o darwinismo repõe a questão da relação entre corpo e espírito não já à maneira da khora platónica, do hilemorfismo aristotélico, ou do mecanicismo cartesiano mas da génese evolutiva do psiquismo a partir do orgânico. A plasticidade que assim se descobre intrínseca ao corpo, enquanto fruto da poiesis biológica, veio entroncar na demiurgia mecanicista, elevando a sua já firmada vocação de reparação das imperfeições naturais a um autêntico melhorismo biológico. Com efeito, este constitui um afastamento da terapêutica que trata ou cura no sentido de uma supra-terapêutica que almeja recriar sem recurso a qualquer modelo normativo natural.

O darwinismo social não é, decerto, uma consequência inelutável do evolucionismo científico nem exclusiva responsabilidade deste mas certamente que resulta da leitura do biológico em geral, e da evolução em particular, sob o prisma biopolítico que, antes do próprio Darwin e na sequência da anátomo-política sua antecessora, se tinha vocacionado para a manipulação tecnocientífica dos corpos. Nesta conformidade, o melhorismo não é senão a versão biotecnocientífica da medicina científica que se vai estabelecendo desde a anatomia à medicina experimental, a qual, por sua vez, se tinha já instaurado como revisão da medicina universal alquímica. Tanto não significa que nesta última já se encontrassem, de algum modo, contidas ou prefiguradas as seguintes, numa solução de continuidade linear e cumulativa, mas decerto que cada um destes estádios de manipulação dos corpos prepara o terreno aos outros, e não tanto porque lhe transmite teorias e técnicas, mas porque lhe insinua arquétipos. O mecanicismo deu à terapêutica, provinda dos Gregos, o modelo do autómato cujas deficiências há que reparar; o evolucionismo veio metamorfosear a simples terapêutica em verdadeiro melhorismo. Para além da simples correcção das anomalias, o que se perfila no horizonte cognitivo e ético é a criação de um corpo perfeito que implica necessariamente completar, consumar a obra da criação natural, prolongar, de modo rigoroso, isto é, eugénico, a obra da evolução natural. Ao passo que o eugenismo grego pretendia tão só corrigir a natureza, eliminando os seus defeitos, o eugenismo evolucionista almeja criar melhor do que as próprias capacidades da natureza algumas vez puderam permitir. Efectivamente, correcção terapêutica e melhorismo encontram-se em patamares epistémicos claramente diferentes: no primeiro caso, a natureza contém em si o modelo da sua própria perfeição mas que nem sempre cumpre pelo que a técnica humana tem de a imitar para a igualar, repetindo-a sem falhas lá onde ela falhou; no segundo caso, a natureza é uma mera fornecedora de matéria-prima e a técnica não só pode como deve prescindir dela para criar a forma perfeita, pois o modelo a seguir não o pode já fornecer a natureza. Pode dizer-se, sem o menor risco de insensatez, que toda a biologia molecular actual é o evolucionismo posto em prática, ou, melhor dizendo, uma interpretação do evolucionismo feita prática. Essencialmente, essa interpretação retira a figura do humano da estabilidade natural onde a imobilizara o criacionismo e atira-a para a artificialidade que há que perseguir sem desfalecimento. O homem é fruto de um artifício que principia no próprio labor natural que molda as espécies e que o laboratório se limita a continuar pelos seus próprios meios. São os meios de que a ciência se dota para, na esteira do ideal baconiano, refazer uma natureza mais perfeita do que a própria natureza, se fosse deixada entregue a si mesma, isto é, à simples força bruta da sua empiria . A antropologia contemporânea nasce no laboratório, que retira a humanidade do homem à anterioridade mítico-religiosa a que havia sempre que a reconduzir pela acção simbólica, a da lei da cidade, e que a atira para uma posteridade que há que moldar segundo o modelo a atingir, que há que fazer nascer bem, assegurando tecnocientificamente a sua ortogénese, pela acção técnica. O modelo do humano transfere-se do ponto alfa para o ponto ómega, não é uma anterioridade que se copia reproduzindo o arquétipo das origens, “aquilo que antes de ser já era”, mas, pelo contrário, uma posteridade a perseguir sem desfalecimento, num processo autotélico sempre em vias de ser reiniciado. Ou seja, o homem é o fruto, incansavelmente perseguido, sempre por vir, sempre por melhorar, da perícia laboratorial que sem cessar recria o seu próprio modelo, não é a cópia de um arquétipo que os deuses terão modelado em barro ou no que quer que seja. O homem torna-se numa criação perfeita, não no seu início natural mas por intermédio da reconstrução artificial de uma natureza expurgada das próprias imperfeições. Neste sentido, a sede do valor não é já a natureza, e a natureza particular que é a natura humana, a qual, nos termos aristotélicos, é uma matéria natural moldada com a forma divina. Na era da tecnociência biomédica, o material biológico transforma-se numa verdadeira matéria-prima, destituída de valor em si mesma, sendo todo o valor remetido para o produto final, de tal modo que a sede do valor passa a ser o existente – para utilizar uma antiquíssima linguagem filosófica: o ente - que já não o molde original - o ser . Ora a técnica moderna não aboliu a distinção metafísica, antes a prolongou ao disponibilizar o corpo separado da alma como matéria-prima indefinidamente moldável; imanentizando a alma no corpo como princípio de transformabilidade indefinida dele, a tecnociência construiu a manipulação dele como um fim em si. Daí também embora não só, o relativismo já que a manipulabilidade tecnocientífica reproduz a mesma ambiguidade da physis que cria formas sem parar; o homem medida de todas as coisas já não o é simbolicamente por via da sua capacidade de as nomear mas o homem mede-se doravante com a sua criação das coisas; ele é tudo o que faz e, ao sê-lo e por sê-lo, não é ele a medida das transformações, são as transformações que se transformaram na medida do homem e não do seu ser mas do seu devir, são estas que se tornaram na (des)medida dele que hoje extravaza qualquer forma estável . A história da medicina revela-nos um esforço titânico, permanentemente reatado, de descortinar no corpo a base corpórea da alma pela qual o cientista-médico tem finalmente acesso à manipulação eficaz da alma.

O corpo perfeito moderno é o fruto de uma “procura de alma” no interior do biológico, que a anatomia e o mecanicismo precipitaram, que o evolucionismo reatribuiu à poesis biológica, que a biomedicina científica, por sua vez, reencontrou nos neurónios ou nos genes e que, nesta sequência, as biotecnociências se esforçam por criar no artifício melhorista. Não é pois, por acaso, que a modelação do corpo, por todas as formas e meios, se concerte hoje com a recorrência permanente do eugenismo constituindo ambos dois pólos, talvez os mais notórios, de uma mesma súmula ético-estética. E esta não se reduz de modo nenhum ao horizonte epistémico das tecnociência biomédicas, a sua vocação e moldura cognitiva mas também ética da cultura científica moderna, a qual tanto pervade as comunidades médico-científicas como os meios de comunicação de massa, os públicos iniciados nos segredos do processo científico como os públicos iliteratos. A adolescente anoréxica e o biólogo molecular acabam assim por comungar, a um nível talvez até nem tão profundo quanto se possa pensar, de uma forma mentis que lhes molda a sensibilidade e o entendimento (1).

A. Fernando Cascais

 

(1) Uma extensa bibliografia sobre os temas desenvolvidos neste ensaio pode ser encontrada em três outros artigos do autor:

Cascais, A. Fernando (2003), “A alquimia dos corpos”, in Discursos e práticas alquímicas . http://www.triplov.com/coloquio_4/cascais.html (05/01/2004).

- (2002), “O insacrificável – O corpo, da sacrificabilidade à reticularidade”, Revista de Comunicação e Linguagens, Nº extra – “A cultura das redes”: 427-443

- (2002), “Duas ou três coisas que eu sei sobre a clonagem, ou: Da vida na era da sua reprodutibilidade técnica”, Interact. Revista Online de Arte, Cultura e Tecnologia, nº 6 – http://www.interact.com.pt/interact6/ensaio/ensaio2.html (05/01/2004).

- (1993), "Sobre a bio-história", Revista de Comunicação e Linguagens, nºs 17/18 - "O não-verbal em questão": 119-124

 









ISTA
CONVENTO E CENTRO CULTURAL DOMINICANO
R. JOÃO DE FREITAS BRANCO, 12 - 1500-359 LISBOA
CONTACTO: jam@triplov.com