Senhor que guarda Passos ritmados Na côncava nau Do silêncio exacto Fundo de água vibra ecos Voz meiga de veludo Harpa rocha céltica Aldeia à beira do rio Senhor que guarda A alma do amigo Cavalga ao vento A brisa marinha Do estio | | |
| Magia da mão arpejante No barro solto dos dias Corpo de sereia ardente Âncora cheia de mágoa no mundo de Glauco a chorar a metamorfose sua e de Cila sua amada | |
| | Recolhe o sereno pastor A noite das montanhas frias O guardador de rebanhos Demanda ovelhas errantes No presépio da serra intacta No silêncio de castelos à vista Confluem pastores e ovelhas Magia da mão exacta Do Senhor que guarda Modula a vida e o sonho |
Cisnes em leque vidrado Cabras em barro vermelho Bisontes das encruzilhadas De Mercúrio ausente Elefantes azul turquesa Ovelhas com anéis inocentes Como o manto do pastor A vós, nascidos das mãos ondulantes Do Senhor que guarda Prometo Que Ele estará sempre No instante Com sabor de eternidade Nas rias das nossas vidas Por Ele atravessadas A sua vida é a nossa vida | | |
| Jóias brilhantes vidradas Colares ocre de outono Taças do peregrino ausente Caixas de perfume da terra Moldadas no barro vermelho Na cor do vidro esmaltado Ânforas antigas leves Sulcam o rio da montanha | |
| | Do outro lado da montanha O sino toca a ausência As badaladas de Espanha Acordam o índio luso Abrem sulcos no tempo Na madrugada de outono O tio da manta queimada Cavalga a prumo na aldeia Para além de passos e ecos A cúpula do céu estrelado Luz de alga verde esmaltada |