ARPEJOS DE UMA VIANDANTE / O SENHOR QUE GUARDA (2)
HELENA LANGROUVA (PINTURA E TEXTOS)
11-07-2003 triplov.com

laus

Ouve-me, Musa-Apolo- Senhor,
Ensina-me a sentir
Em cada instante
O esvoaçar de uma ave
O sopro da palavra
O rio da seiva
Que tudo converte em vida
Procuro o gesto exacto transparente
O traço da linha
Do pensamento sem medusas
O brilho de uma secta
Que atravessa as trevas da morte
Acolhe cascatas de luz

Sombra sara brava vaga
Lume luz na antena escura
Dura sorte pura duna
Dias ondulam
na laguna

Dança duna
Nua praia
Concha asa
Cheira a nardo
No perfume pardo
Da praia rasa
Roda fria flui
Na aurora dos templos
Milhafres matam Atahuallpa
Dormem rios de sangue
Esperam ecos de incas
Maias astecas
Mordaças de lenços
Sufocam promessas
Caem do alto os pássaros
No manto vermelho
Do índio suspenso

Danças rodas de cristal
No bailar das índias
Na linha lisa dos pescoços
Saltam risos
Brilham brincos
De ouro e vidro