E DARWIN TINHA RAZÃO

A história do Homem como ser da criação remonta aos primórdios da Terra mas a sua história mais recente, como hominídeo, começa há meia dúzia de milhões de anos, quando os seus primitivos antepassados se separaram de um tronco comum que partilhámos com os chimpanzés e os gorilas. Quando, no século passado, Darwin referiu esta ascendência muitas foram as vozes viradas contra uma tal heresia. Hoje, o aprofundamento do estudo do ADN e dos genes dão-lhe razão.

Os primeiros hominídeos conhecidos, os Australopithecus, viveram no continente africano há 4,4 milhões de anos. Eram pequenos, com pouco mais de um metro de altura e caminhavam erectos como provam as suas pegadas deixadas em cinzas vulcânicas hoje endurecidas pelo tempo. Como utensílios serviam-se de paus e pedras à semelhança dos seus “primos” antropóides.

Muito mais tarde, há uns 2,5 a 2 milhões de anos, surge o género Homo com capacidade para produzir utensílios de pedra, com os quais facilitavam as suas tarefas de sobrevivência. Uma tal capacidade distância-os dos Australopithecus. O volume do cérebro era maior e os maxilares alargaram-se-lhes, preparando-lhes as condições necessárias à fala. O seu nome genérico reflecte esta nova condição. As primeiras espécies de Homo viveram em África, de onde passaram à Ásia e à Europa.

Na continuidade desta caminhada está o Homem de Neanderthal (Homo sapiens neanderthalensis) que fez a sua aparição há cerca de 200 mil anos e se extinguiu há uns 30 000.

Foi nesta altura que um outro Homo aqui nos chegou, vindo de África, com uma, ainda maior capacidade cerebral. Chamou-se-lhe Homo sapiens sapiens, também conhecido por Homem de Cro-Magnon, nome da localidade francesa onde foi descoberto. Este nosso mais próximo antepassado trouxe com ele maior tecnologia e uma cultura mais sofisticada, dominando e substituindo os neandertalenses, muito mais primitivos. Dos Cro-Magnons, para além dos muitos utensílios indicadores do seu modo de vida, na caça, na pesca, no vestuário, ficaram-nos as belas pinturas rupestres que documentam aspectos importantes do seu dia-a-dia e retratam os animais com que partilharam o seu espaço.


Lisboa, 11 de Dezembro 2002